quinta-feira, 14 de maio de 2015

Assunção da Virgem Maria - visões de Maria Valtorta


Visões de Maria Valtorta*

8 de dezembro 

Quantos dias se passaram? É difícil precisar. Se alguém julgasse pelas flores que formam a coroa em volta do corpo inerte, diria que se passaram apenas algumas horas. Porém se julgasse pelos ramos de oliveira sobre os quais as flores repousam, os ramos com as folhas já secas e por outras flores secas caídas como relíquias sobre a cobertura do esquife, poderia se concluir que alguns dias se passaram. 

Porém o corpo de Maria é exatamente o mesmo como se tivesse acabado de dar o último suspiro. Não há traço de morte na Sua face ou nas Suas pequeninas mãos. Não há nenhum odor desagradável no quarto. Ao contrário, um aroma indefinível como incenso, lírio, rosa, lírios do vale, ou ervas da montanha, se misturam e estão suspensos no ar. 

João, que não se sabe por quantos dias se manteve acordado, caiu no sono, vencido pelo cansaço, sentado num banquinho, seus ombros recostados à parede próxima a uma porta aberta que dá para o terraço. A luz da lamparina, que, do chão, ilumina-o, permite ver a sua face cansada, e também muito pálida, exceto a sombra avermelhada ao redor dos seus olhos, de tanto chorar. 

Já deve ser aurora, pois a luz pálida ilumina o terraço, e as oliveiras em volta da casa já são visíveis; uma luz que se torna cada vez mais forte e, penetrando pela porta, torna mais nítidos também os objetos do quarto, que, estando longe da lamparina, eram antes impossíveis de se visualizar. 

De repente, uma luz intensa enche o quarto, uma luz prateada com contorno azulado, quase fosfórica, se torna cada vez mais forte, fazendo desaparecer a aurora e a lamparina. Uma luz como aquela que inundou a Gruta em Belém, no momento da divina Natividade. Então, nesta luz paradisíaca, criaturas angelicais surgem, ainda mais brilhante, na luz já intensa que inundou o quarto. Como já acontecera quando os anjos apareceram para os pastores, uma dança de clarões de todas as matizes saem das suas asas e se movem suavemente, emitindo murmúrios harmoniosos, tão doces como se fossem tocados por uma harpa. 

As criaturas angelicais se posicionam em volta da pequena cama, se curvam diante dela, levantam o corpo imóvel e, batendo as asas mais vigorosamente, acentuando o som já existente, abrem uma passagem milagrosamente no teto, como abrira milagrosamente o Sepulcro de Jesus, e se elevam, levando o corpo da sua Rainha, o Santíssimo Corpo, é verdade, porém, ainda não glorificado, e, portanto, sujeito às leis da matéria, para as quais Cristo não era sujeito, pois Ele já estava glorificado quando ressuscitou dos mortos. O som produzido pelas asas angelicais aumenta, e agora é tão potente quanto o som de um órgão.

João, que, embora ainda adormecido, moveu-se duas ou três vezes sobre o seu banco, como se tivesse sido perturbado pela luz forte e pelo som das asas angelicais, desperta completamente por causa do som poderoso, e, também, por causa da forte corrente de ar que, descendo da abertura do teto e atravessando a porta aberta, forma um turbilhão que agita a colcha da cama, agora vazia, e a vestimenta de João, apagando a lamparina e fechando a porta com uma batida forte. 

O Apóstolo olha em volta, ainda meio sonolento, para reparar o que está acontecendo. Nota que a cama está vazia e que o teto está aberto. Entende que um acontecimento maravilhoso teve lugar. Sai para o terraço, e, como pelo instinto espiritual, ou por uma chamada celestial, levanta a sua cabeça, fazendo sombra com as mãos sobre os olhos, evitando o sol, a fim de ver, sem no entanto ser impedido de olhar para o sol nascente. 

E ele vê. Vê o corpo de Maria, ainda sem vida, como que adormecido, ascendendo cada vez mais alto, sustentado pelo grupo angelical. Como último gesto de adeus, as bainhas da manta e do véu são agitadas, provavelmente pelo vento causado pela rápida assunção e pelo movimento das asas angelicais; e algumas flores, aquelas que João colocou e renovou em volta do corpo de Maria, e que com certeza permaneceram entre as dobras do seu vestido, chovem sobre o terraço e sobre o chão do Getsêmani, enquanto a hosana potente do grupo angelical se move cada vez mais longe e se torna tênue. 

João continua a fitar aquele corpo que se eleva em direção ao Céu e, através, certamente, de um prodígio concedido a ele por Deus, para confortá-lo e compensá-lo por seu amor à sua Mãe adotiva, vê distintamente Maria, envolta agora pelos raios do sol já bem alto, aparecer da êxtase que separou a Sua alma do Seu corpo, e ressuscitar, colocar-se em pé, à medida que agora goza também dos dons típicos dos corpos já glorificados. 

João olha e vê. O milagre concedido a ele por Deus permite-lhe, contra todas as leis naturais, ver Maria como Ela é agora, enquanto ascende rapidamente ao Céu, cercada, porém agora não mais auxiliada pelos anjos que cantam hosanas. E João está extasiado pela visão da beleza que nenhuma pena do homem, a palavra humana, ou trabalho de artista poderá ser capaz de descrever ou reproduzir, porque é de uma beleza indescritível. 

João, ainda recostado contra a parede baixa do terraço, continua a fitar aquela forma brilhante e esplêndida de Deus - porque Maria pode realmente ser dita assim, formada de uma maneira única por Deus, Que desejou-A imaculada, para que Ela pudesse formar o Verbo Encarnado - enquanto ascende cada vez mais alto. E DDeus-Amor permite-lhe um último prodígio supremo para o Seu perfeito discípulo amoroso: ver o encontro da Mãe Santíssima com o Seu Filho Santíssimo, Que também esplêndido e reluzente, indescritivelmente belo, desce rapidamente do Céu, alcança a Sua Mãe, aperta-A no Seu coração e, juntos, mais brilhantes que dois astros do céu, dirigem-Se ao Céu de onde Ele veio. 

A visão de João terminou. Ele abaixa a sua cabeça. Sobre a sua face cansada, estão visíveis tanto a sua dor da perda de Maria quanto a sua alegria pelo Seu glorioso destino. Porém, agora a alegria excede a dor. 

Ele exclama: “Obrigado, Meu Deus! Obrigado! Eu previ que tudo isto ia acontecer. E queria estar acordado, a fim de não perder nenhum momento da Sua Assunção. Porém já não dormia há três dias! Sono, cansaço, junto com a dor, sobrevieram e derrotaram-me justamente quando a Sua Assunção era iminente... Porém, talvez Vós quisestes assim, ó Deus; para que eu não me afligisse naquele momento, nem que sofresse mais... Sim, Vós certamente assim desejáveis e agora, quisestes que eu visse aquilo que sem o Vosso milagre, não poderia ver. Permitistes vê-La novamente, embora já tão longe, já glorificada e gloriosa, porém, como se Ela estivesse perto de mim. E ver Jesus novamente! Oh! Visão felicíssima, inesperada e não aguardada! Ó dom dos dons de Deus-Jesus para com seu discípulo João! Graça Suprema! Ver Meu Mestre e Senhor novamente! Vê-Lo próximo à Sua Mãe! Ele como o sol, Ela como a lua, astros esplendorosos, pois estavam gloriosos e felizes por se reunirem para sempre! O que o Paraíso será agora que Vós brilhais nele, Seus maiores astros da Jerusalém celeste? Qual o júbilo dos coros angelicais e dos santos? É tal a alegria que a visão da Mãe com Seu Filho me concedeu, algo que cancela toda a dor Dele, todas as dores de Ambos, e mais, também a minha, e a paz me domina. Dos três milagres que pedi a Deus, dois se realizaram. Vi a vida retornar à Maria, e sinto a paz voltar para mim. Toda a minha angústia termina porque presenciei-Vos reunidos na glória. Obrigado por tudo isto, ó Deus. E obrigado por terdes feito tudo isto para que eu veja, mesmo para uma criatura santíssima, todavia ainda humana, aquilo que cabe aos santos, aquilo que acontecerá após o último julgamento, a ressurreição do corpo, a sua reincorporação, sua fusão com o seu espírito, que ascende ao Céu no momento da sua morte. Eu não precisava ver para crer. Pois sempre acreditei firmemente cada palavra do Mestre. Porém muitos duvidarão disto, após eras e milhares de anos, e a carne, que se tornará pó, é permitido tornar-se um corpo vivo. Serei capaz de dizer-lhes, jurando pelas coisas mais sublimes, que não apenas Cristo ressuscitou, pelo seu próprio poder divino, assim também a Sua Mãe, três dias após a Sua morte, se de morte isto pode ser chamado, ressuscitou, e com a Sua carne juntando-se à Sua alma, elevou-Se para a abóbada eterna do Céu, ao lado do Seu Filho. Serei capaz de dizer: “Creiam, ó Cristãos, nos corpos ressuscitados, no fim do tempo, e na vida eterna de almas e corpos, uma vida bem-aventurada de santos, e terrível para as pessoas culpadas, impiedosas e sem arrependimento. Creiam e vivam como santos, como viveram Jesus e Maria, a fim de adquirir o que Eles obtiveram. Vi Seus corpos ascenderem ao Céu. Posso testemunhá-los. Vivam como justos, para que um dia possam estar no mundo eterno, em corpo e alma, próximo ao Sol-Jesus, e Maria a Estrela de todas as estrelas.” Novamente obrigado ó Deus! Agora deixai-me juntar o que resta Dela. As flores caídas dos seus vestidos, os ramos da oliveira deixados na cama, e deixai-me preservá-los. Eles servirão... Sim, eles servirão para ajudar a confortar os meus irmãos, que tenho esperado em vão. Cedo ou tarde os encontrarei...” 

Ele recolhe as pétalas das flores que caíram do céu, volta ao quarto, segurando-as envoltas na sua túnica. Então olha mais cuidadosamente à abertura do teto e exclama: “Outro milagre! E outra proporção maravilhosa nos prodígios das vidas de Jesus e Maria! Ele, Deus, ascendeu por Si, e por Sua vontade deslocou a pedra da Sua Sepultura, e apenas com o seu próprio poder, ascendeu ao Céu. Por Si. Maria, a Mãe Santíssima, porém, filha de um homem, por meio do auxílio angelical, teve a sua passagem aberta para a Sua assunção para o Céu, e sempre através de auxílio angelical, foi assunta. No Cristo o espírito voltou a animar o Seu Corpo enquanto estava ainda na Terra, porque tinha de ser assim, para silenciar os Seus inimigos e para  confirmar todos os Seus seguidores na Sua Fé. Em Maria o espírito voltou ao Seu Santíssimo Corpo quando estava nos domínios do Paraíso, pois não havia outra necessidade para Ela. Poder perfeito da Sabedoria Infinita de Deus!...” 

João agora recolhe numa peça de pano, as flores e ramos que estavam ainda na pequena cama, ele adiciona a estes, o que havia recolhido fora, e coloca-os sobre a tampa do esquife. Então, abre-o e guarda o pequeno travesseiro de Maria e a colcha da pequena cama nela; desce à cozinha, junta outros utensílios usados por Ela - as agulhas, a roca para fiar, e os Seus utensílios da cozinha - e os acrescenta às outras coisas. 


Fecha  o esquife e senta-se no banquinho exclamando: “Agora tudo está consumado para mim também! Posso ir livremente onde quer que o Espírito de Deus me leve. Posso ir!  E semear a Palavra Divina que o Mestre me deu para que possa transmiti-la aos homens. E ensinar o Amor. Ensiná-lo para que eles possam crer no Amor e no seu poder. Fazê-los conhecer o que o Deus-Amor tem feito para os homens. O Seu Sacrifício e o Seu Sacramento e o Rito perpétuo, por meio do qual, até o fim dos tempos, seremos capazes de estarmos unidos ao Jesus Cristo na Eucaristia e renovar o Rito e o Sacrifício que Ele nos ordenou a levar adiante. Todos os dons do Amor perfeito! Fazê-los amar o Amor para que possam crer Nele, como nós verdadeira e sinceramente cremos. Semear o Amor para que a colheita seja abundante para o Senhor . O Amor alcança tudo, Maria disse-me na Sua última conversa comigo, aquele que Ela definiu justamente , no Colégio Apostólico como aquele que ama, aquele amoroso preeminente, o antítese de Iscariotes, que era ódio, como Pedro era impetuoso, e André brandura, os filhos de Alfeu, santidade e sabedoria combinadas à nobreza de caráter, e assim por diante. Eu, o discípulo que ama, agora que já não tenho nem o Mestre e nem a Mãe para amar na terra, sairei para espalhar o amor entre as nações. O Amor será a minha arma e a minha doutrina. E por meio dele derrotarei o demônio, o paganismo e conquistarei muitas almas. Assim continuarei o trabalho de Jesus e Maria Que eram o amor perfeito sobre a Terra.”

*  Sobre Maria Valtorta:

1.     Pe. Gabriel M. Roschini, Professor da Universidade Pontifical Laterana de Roma, Filósofo e Teólogo, um Mariologista de renome, declarou que “Maria Valtorta (1897 - 1961) de Viareggio, Itália é uma das 18 maiores personagens místicas de todos os tempos.”

2.     Monsenhor Ugo Latanzi, Diácono da Faculdade de Teologia da Universidade Pontifical Laterana, escreveu em 1951: “A autora... não poderia ter escrito tais materiais abundantes... sem estar sob influência do poder sobrenatural”.

3.     Monsenhor Alfonso Carinci, Secretário da Congregação dos Ritos Sagrados, afirmou em 1946: “Não há nada nela contrária ao Evangelho. Pelo contrário, este trabalho é um bom complemento do Evangelho, contribui para o melhor entendimento do seu significado... Os discursos do Nosso Senhor não contêm nada que seja contrária ao seu espírito.”

4.     O Papa Pio XII afirmou numa audiência particular em 1948: “Publique este trabalho como está... Quem o ler compreenderá.” (Osservatore Romano, 26 de Fev., 1948).

Maria Valtorta nasceu em Caserta no dia 14 de março de 1897, filha única de um Oficial da Cavalaria e de uma ex-professora de Frances, ambos lombardos. Criou e formou-se em várias cidades do norte (Faenza, Milão, Voghera) mostrando um caráter forte, ressaltados a capacidade humana e extraordinários dotes espirituais. Completou os seus estudos no prestigioso Colégio Bianconi de Monza.

Durante a Primeira Guerra Mundial foi enfermeira “samaritana” no Hospital Militar de Florença, cidade em que morou por muito tempo e onde foi marcada pelas provas mais duras, provocadas pela terrível mãe, que por duas vezes infligiu um seu legitimo sonho de amor, e por um subversivo, que pela rua lhe desferiu uma paulada nos rins. Recobrou-se, em parte, com umas férias de dois anos em Reggio Calábria, junto a parentes ricos e dedicados.

Em 1924 estabelecia-se com os pais em Viareggio, onde aplicou-se, na Paróquia, como delegada da cultura para os jovens de Ação Católica. No entanto, os seus sofrimentos aumentavam e a sua ascensão culminava em heróicas ofertas de si por amor a Deus e à humanidade. A sua verdadeira missão, aquela de escritora mística, amadureceu e desdobrou-se nos anos centrais da sua longa enfermidade, que a obrigou a estar de cama desde 1934 até à sua morte, ocorrida em Viareggio no dia 12 de outubro de 1961.

Em 1943, enferma há nove anos, Maria Valtorta aderiu a um pedido do confessor e escreveu a sua Autobiografia. Revelando o seu talento de escritora, preencheu, em um lance, sete cadernos para narrar sem reticências a própria vida, humana até à passionalidade, ascética até o heroísmo. Logo em seguida dava inicio a uma produção literária prodigiosa.

A maior obra de Maria Valtorta, publicada em 10 volumes, é O Evangelho como me foi revelado. Estando sentada no leito, Maria Valtorta escrevia de seu punho em cadernos comuns, de um lance, sem preparar esquemas nem corrigir. Freqüentemente alternava a versão dos episódios da obra maior com aquela de outros argumentos, que teriam depois dado corpo às obras menores. Estas últimas foram publicadas – além do volume da Autobiografia – em cinco volumes:

- três volumes de miscelânea intitulados Os cadernos (respectivamente dos anos de 1943,1944, 1945- 50);

- o volume intitulado Livro de Azaria;

- o volume das Lições sobre a Epístola de Paulo aos Romanos.
  
"O Evangelho como me foi revelado"
  
Narra o nascimento e a infância da Virgem Maria e do seu filho Jesus, os três anos da vida publica de Jesus (que constituem a parte mais ampla), a sua paixão, morte, ressurreição e ascensão, os primórdios da Igreja e a assunção de Maria. Literariamente elevada, a obra descreve paisagens, ambientes, pessoas, eventos, com a vivacidade de uma representação; apresenta carateres e situações com habilidade introspectiva; expõe alegrias e dramas com o sentimento de quem participa realmente; informa sobre características ambientais, costumes, ritos, culturas, com particulares irrepreensíveis. Através da aliciante narração da vida terrena do Redentor, especialmente com os discursos e os diálogos, a obra ilustra toda a doutrina do cristianismo segundo a ortodoxia católica. “Dons naturais e dons místicos harmoniosamente unidos – assim descreveu o Veneravel Gabriele M. Allegra, ilustre apreciador da obra valtortiana – explicam esta obra-prima da literatura religiosa italiana e talvez, deveria dizer, da literatura cristã mundial”.

Como adquirir a obra em Português:


3 comentários:

  1. Nos últimos anos, não consigo ler outros livros, já li os 10 livros (volumes) duas vezes, e por incrível que pareça, quase sempre a leitura me orientava aos fatos recém acontecidos comigo, aprimorei e fortaleci minha pequena Fé, na obediência e espera no Senhor, eu um errante na Vida, posso lhe garantir que o AMOR é a fonte da Força inesgotável, inclinando-nos naturalmente ao caminho da verdadeira Paz.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sinto-me profundamente grato e feliz com suas palavras,

      Excluir
  2. Tive a oportunidade de ler vários trechos do Evangelho segundo Maria Voltorta, e tomei conhecimento da grande humildade de Jesus e de Maria .

    ResponderExcluir

Gratidão!