terça-feira, 12 de maio de 2015

Depressão não é Tristeza

A depressão não é a mesma coisa que a Tristeza. Atinge todos os seres humanos - crianças, jovens, adultos e idosos. Ricos, pobres, trabalhadores, desempregados e estudantes. Negros, brancos, mulatos, pardos, amarelos. Orientais, Ocidentais, Meridionais e Setentrionais. Famosos e anônimos. Líderes e liderados. Médicos, advogados, engenheiros, mendigos, andarilhos, atletas, artistas, farmacêuticos, professores, técnicos, industriários, comerciários, donas de casa, domésticas, costureiras, cabeleireiras, manicures, psicólogos, assistentes sociais, poetas, aposentados, etc. Católicos, evangélicos, espíritas, ateus, muçulmanos, taoistas, sufistas, umbandistas, etc. Capitalistas, marxistas, socialistas, articulistas, jornalistas, colunistas, etc. 

Sempre existiu na vida humana, e só no final do século passado foi reconhecida como uma doença. Até hoje, muitas pessoas não recebem o tratamento adequado por ignorarem os sintomas ou simplesmente não saberem identificá-los. Um estudo feito a nível global apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que, no Brasil, apenas 37% dos depressivos graves recebem algum tipo de tratamento, e que a maioria nem sabe da sua própria condição.

Existem dois tipos de depressão:

- A primeira é a reativa, que se manifesta devido a algum evento na vida do indivíduo que o deixou daquele jeito, como a perda de um ente querido ou de um emprego importante, e que eventualmente some de forma natural. 

- A segunda é a doença em si, que não tem causa aparente e não necessariamente é desencadeada por um acontecimento triste. É uma condição pré-existente no indivíduo, que se diferencia da melancolia por ser um quadro prolongado e que independe da iniciativa do paciente. O melancólico sabe que algo está errado e procura fazer alguma coisa para melhorar. A pessoa depressiva é tomada, é engolida pela doença.

A crise depressiva é um estado clínico, que vem em ondas que duram mais ou menos umas duas semanas em que a pessoa perde o interesse nas coisas que anteriormente fazia; sente-se ansioso, pode apresentar perda de apetite ou fome maior do que o normal, perda do interesse sexual que antes tinha e dificuldade com o sono, passando a acordar muito cedo. Começa a se amofinar, não consegue sair desse estado e isso o deixa angustiado e preocupado. Nos casos mais agravados, a pessoa não sai mais de casa, acorda com dificuldade, o dia para é sombrio, e o grau de angústia chega a tal ponto que ele pode chegar a desejar dar um fim em tudo.

Existem outras formas nas quais a doença pode se manifestar. Além da depressão menor e maior descritas acima, existe também a distimia, condição em que o paciente se mostra constantemente irritado, sentindo-se insatisfeito com tudo, mostra baixo rendimento no trabalho e permanece em um estado de inquietude e insatisfação. Sua autoestima fica muito baixa, pois sente que não consegue trabalhar direito, nem satisfazer a família ou os amigos, e também apresenta falta de interesse em geral. A distimia só é diagnosticada quando o paciente apresenta os sintomas por, no mínimo, dois anos.

Outra variação da doença, descrita como sendo muito grave, é o transtorno bipolar, caracterizado pela mudança abrupta de humor. Em um momento a pessoa está eufórica, falante, e no próximo cai em uma depressão profunda: não toma banho, não se cuida, não sai mais de casa e pode promover consequências mais graves para o paciente.

A depressão pode causar dores físicas, como a lombar, articulares, enxaqueca, entre outras. Nestes casos, o paciente mascara os sintomas com analgésicos e anti-inflamatórios, que com o uso contínuo tendem a agravar seu estado de saúde. Nem todos os pacientes que fazem uso contínuo de analgésicos e anti-inflamatórios são depressivos, mas todos os depressivos trilham por este caminho. Isto deve ser observado nos hábitos da pessoa, além do álcool e outras drogas legais ou ilegais que passam a fazer parte da sua rotina.

O tratamento requer uma intervenção clínica, pela psiquiatria, um suporte psicoterapêutico com psicólogo ou analista, a família e terapias ocupacionais. É importante que a psiquiatria atue, pois as drogas atuais favorecem uma resposta favorável de ressocialização a curto prazo. Um dos pontos mais importantes é que o paciente entenda o que está acontecendo e saiba com muita clareza que o tratamento será longo.

As terapias e os medicamentos antidepressivos não agem da noite para o dia. As drogas de escolha médica geralmente levam de 15 dias a um mês para fazer efeito farmacológico desejado, e os ajustes levam um tempo maior para serem realizados. Paciência é a palavra chave, principalmente para  a família.

Não existe no Depressivo uma falta de força de vontade - ele está doente. Forçá-lo a sair, ir em festas, bailes, eventos, de nada o auxiliará. Este ponto é crítico e geralmente agrava a situação. Isso só faz com que o depressivo sofra mais. Ele luta internamente para sair daquela situação, mas não consegue, e não é forçando a fazer o que não quer, que irá fazê-lo curar.

A participação da família é fundamental no diagnóstico e tratamento da doença. Pode acontecer de a pessoa negar que está doente e se recusar a buscar ajuda médica, até mesmo por que pode parecer cômodo ter aquela pessoa mais quieta, dissociada da realidade. A família deve apoiá-la e oferecer ajuda, mas nunca abandoná-la. O deprimido não pode ficar sozinho, ele tem que se sentir apoiado, assistido, isso facilita bastante a evolução da doença.

Fique atento aos sinais: 

Segundo a OMS, a pessoa que apresenta ao menos cinco dos seguintes sintomas é considerada depressiva:
Alteração do apetite
Alteração do sono
Desinteresse geral
Desinteresse sexual
Dificuldade de concentração
Baixa autoestima
Pensamentos relacionados à morte
Ansiedade com movimentos repetitivos (mexer constantemente as pernas, mãos, cabeça, etc.)
Paralisia geral (por exemplo, ficar na cama por dias)
Sentimento permanente de culpa e inutilidade
Fadiga ou perda de energia, diariamente
Alteração de peso não intencional

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria http://www.abp.org.br

2 comentários:

  1. Boa tarde, amigo escritor!
    Gostei muito da postagem, é de interesse geral.
    Todos nós estamos sujeitos a essa enfermidade, vivemos em um sistema capitalista,
    individualista e egoísta. cada vez mais precisamos nos mostrar competente e belos, nos tirando todo o tempo... de ter um encontro com amigos, família, com nós mesmos. Não conseguimos mais apreciar as coisas mais simples e belas que fazem toda a diferença ...com isso...a essa doença é um passo. e curto. Um beijo com carinho.
    veraportella

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    1. olá Verinha! Muito obrigado pelo seu comentário. A depressão é uma luta de muitas batalhas.

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Gratidão!