Não é fácil morrer de amor, pensou e não teve a coragem de dizer. Apenas a admirou ao longe, partindo em viagem única, sem adeus ou algo assim. Devia ter dito tudo, deveria tê-la beijado mais, abraçado mais, brigado mais, mas não fez nada além do que se faz quando se ama. A dor da ausência inclui esta solidão com sensação perpétua do vácuo, refletiu.
Voltou para a casa deserta e imensa, onde ecoavam soluços e lamentos. Não lembra como entrou, mas logo a viu e ela estava como uma coisa triste desmanchada no sofá. Aquilo era o que era - uma coisa triste, infinitamente triste. Esperou-a adormecer e também adormeceu ao seu lado, sentado ao chão, exausto e confuso.
Acordou sozinho, o dia já avançava. Dois anjos o espreitavam com a plácida ternura angelical. Saltou lépido e no súbito pôs-se em pé. Sentiu que deveria partir, mas seu coração, ah! seu coração. Olhou em lágrimas ao redor e seus olhos somente testemunharam a dor do vazio. Ao lado dos seres celestiais abriu-se um portal e nele apareceu o inesperado. Era ela e estava mais linda ainda, fazendo sinal para que se apressasse. Caminhou cambaleante pela luz e tomou-a pela eternidade.
É isto aí!
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