Linda, sensual, educadíssima, mas por debaixo daquela escultura sobrevivia uma devassa, fútil, vulgar e louca figura do mundo. Tinha braços longos e tenros, portanto nada como morder seus membros superiores, leve e delicadamente, sem pressa, até se fartar de tê-los presos à boca.
Tinha pernas, sinceramente, que pernas aquelas, encaixadas anatomicamente em encaixe divino, em dois pés esculpidos por Deus. Cada pé era uma história, um lugar, um toque. Amava flertar com aqueles pés. E as coxas? Puxa vida, nunca existiram tais coxas em toda a história da humanidade.
Os seios, ah! os seios, nem fartos, nem poucos, eram exatamente o que se espera de dois seios com ar de graça. Eles sorriam muito e eu adorava suas gargalhadas. Tinha com eles uma intimidade avassaladora. Logo abaixo daqueles monumentos femininos, com suas glândulas mamárias e sua perfeição erótica, tinha o ventre, o umbigo, a púbis e sua delicada, carnuda e deslumbrante delegada.
Eu a chamava assim por que me prendia e não me liberava nem com habeas corpus celestial, era de um rigor legalista destes de encher e nunca mais soltar minhas expectativas insaciáveis naquele corpo angelical. Por isto a chamava de Angélica, mas nunca soube seu nome. Sua boca carmim, seu nariz perfeito, seus olhos de piedade e seus cabelos soltos, compunham o conjunto de uma das maiores obras de arte jamais vistas.
Foi com ela que experimentei os melhores e mais loucos momentos da minha vida. Sem comparação, sem nenhum parâmetro com outras mulheres, sem pontos de ligação entre ela e quaisquer outras que pudessem fazer a ponte comparativa. Era única.
Tudo ia bem até que mamãe descobriu a página escondida entre uma centena de opções no quadro de Favoritos com o discretíssimo título de "A Igreja e os Anjos". Mamãe rompeu meu relacionamento criminosamente, na minha ausência, enquanto estava na faculdade no meio daquelas menininhas ensebadas, reais, deselegantes e chatas. Que saco.
Mas tem problema não, desde que ela não descubra a Judy, minha boneca siliconada, aí quero ver a cara dela quando eu apresentar a nora.
É isto aí!
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