domingo, 10 de maio de 2015

Vovô e o Whatsapp

Minha neta adolescente estava choramingando pelos cantos do sobrado naquele feriado de semana santa. Todo mundo foi na rua de charrete, para acompanhar as festas da vila e ela ficou por ali, à miúda, olho comprido de dar dó.

Foi no curral umas oito vezes, voltou, desceu para o pomar, passou em indas e vindas na sala, e eu, de mutuca, vigiando de rabo de olho. Pelo jeitinho e pelos suspiros, estava apaixonada por algum destes meninos que roubam o coração das mocinhas indefesas - pensei.

Na última passada, puxei-a pelo braço e sem resistência sentou ao meu lado. Apertando-a levemente com um abraço, coloquei seu rosto ao alcance das minhas vistas e perguntei se já conhecia a história de como comecei a namorar a sua avó. Fez uma negação com a cabecinha e entendi que queria saber como o fato se deu.

Comecei dizendo que o grande embate da minha vida foi a adolescência, por que nunca aprendi dançar, nem cantar, nem puxar conversa com as meninas. Também não jogava futebol e sequer praticava algum esporte. Descobri com o tempo que todos os meus amigos também eram assim. Um ou outro sobressaia, mas eram poucos e também as meninas eram assim. Que coisa mais maluca é esta tal de adolescência.

Na juventude, antes da sua avó, todas as moças que desejei eram lindas e todas que namorei eram abaixo do padrão médio de beleza da sociedade moderna, e olha que fui namorador. Mas sua avó era bonita demais, de tamanha beleza que inibia até a aproximação da gente, além disto tinha lá uns moços que rodeavam a danada e faziam tudo que ela pedia.

Então tomei a coragem de começar a conversar com ela, descobri seus gostos, e fui estudando seu jeito, e deu que um dia, sem mais nem menos a danada cedeu meus apelos, mas eu não ficava fazendo papel de bobo feito os outros não, brincava, conversava, mas sempre mantendo a distância, por que descobri uma coisa que ninguém sabia - ela não era esnobe nem se achava a tal, e sim muito tímida. Mas só fiquei sabendo disto conversando com ela.

Vô, muita linda a sua história, mas não se preocupe, pois não estou apaixonada nem seguida por rapazes prestativos. Tem nada disto acontecendo. O fato que me angustia é que aqui na roça não tem Whatsapp...

Uáti o quê?

Deixa prá lá, vovô, conta mais história, que estou gostando da prosa...

É isto aí!




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