Caminhava por entre as alamedas do reino rumo à Colina do Bom Senso, onde está instalado o Putoscópio, um dos maiores observatórios da Pitangueira, junto com a CIP - Central de Inteligência da Pitangueira e com o SO2B - Serviço de Observação de Bobagens e Besteiras.
Num muro, pichado, estava a frase:
"O povo está de um lado, e todos os lados estão do outro lado".
Voltei para o Palácio Imperial. Não precisava de Putoscópio. O que tem de ser visto está na cara, nas salas ricamente confortáveis, nos escritórios poderosos, nos CEOS biliardários, nos que gritam aqui e nos que gritam lá, nos que gritam fora, nos que gritam fica. Estão todos juntos e misturados. Vermelhos, verdes, amarelos, brancos e azuis estão juntos, quão juntos? O suficiente para um ato de gozo pleno.
Há um texto anônimo, atribuído ao Fernando Pessoa* (chegando inclusive a ter referência bibliográfica conflitante), que circula na imensa rede mundial há pelo menos quinze anos, pelo menos é o tempo que o conheço. Vou publicar aqui. Você, autor/autora deste texto, foi feliz na construção, e talvez seu anonimato seja a força da mensagem:
Quero tudo novo de novo.
Quero não sentir medo.
Quero me entregar mais,
me jogar mais,
amar mais.
Viajar até cansar.
Quero sair pelo mundo.
Quero fins de semana de praia.
Aproveitar os amigos
e abraçá-los mais.
Quero ver mais filmes,
ler mais.
Sair mais.
Quero não me atrasar tanto,
nem me preocupar tanto.
Quero morar sozinho,
quero ter momentos de paz.
Sorrir mais, chorar menos
e ajudar mais.
Quero ser feliz,
quero sossego.
Quero me olhar mais.
Tomar mais sol
e mais banho de chuva.
Preciso me concentrar mais,
delirar mais.
Não quero esperar mais.
Quero fazer mais,
suar mais,
cantar mais e mais.
Quero conhecer mais pessoas.
Quero olhar para frente.
Quero pedir menos desculpas,
sentir menos culpa.
Quero mais chão,
pouco vão e mais bolinhas
de sabão.
Quero ousar mais.
Experimentar mais.
Quero menos ‘mas’.
Quero não sentir tanta saudade.
Quero mais e tudo o mais.
E o resto que venha **
se vier,
ou tiver que vir,
ou não venha.
*Apenas o último verso pertence realmente ao Fernando Pessoa:
**Álvaro de Campos:
TABACARIA: http://arquivopessoa.net/textos/163
É isto aí!
**Álvaro de Campos:
TABACARIA: http://arquivopessoa.net/textos/163
É isto aí!
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