segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Cartas ao Passado.

sad-farewell

Prezado Passado,

Tudo bem, você me trouxe até aqui, neste instante que chamamos de presente, que não passa de um átimo entre você e o futuro. Tudo bem, tivemos obstáculos, falhas, atropelos, solavancos, lágrimas, raivas, medos, tristezas, revoltas, decepções, frustrações, indignações, hostilidades e melancolias.

Claro, teve também na bagagem da vida a timidez, o constrangimento, a vergonha, o não-merecimento, a ansiedade, a insegurança e até a insensatez. Além disto, rolou uma depressão trazendo consigo ondas enormes de nostalgia, pânico e desespero.

No caminho entre serras, atalhos e abismos profundos, tivemos, eu e a saudade, a ilusão nos visitando e, reconheço, ocorreram spots de felicidade, sabe, deparei com recursos de superação criados com vários módulos estereofônicos, visuais e sensoriais, que juntos ou separados, faziam a parte do bálsamo delirante que aliviava o percurso.

Tudo bem, Passado. Cheguei até aqui, e olhando do alto, tudo isto que tenho, agora é seu. Claro, havia a resistência de abrir mão da única vez que fui feliz em tempo integral, sim, existiu este tempo, mas agora é irrecuperável. Fizemos o improvável - abrimos mão da nossa alegria excepcional. Havia a esperança que um movimento reparador fosse capaz de apagar todos os rastros de dor se eu a resgatasse neste átimo de tempo, mas é tarde demais para reviver e também para esquecer.

Desta forma, hoje, eu renuncio. Renuncio ao sonho a dois que não fluiu, renuncio à esperança de que há esperança; renuncio ao que me prende à memória que funde muita alegria, tristeza, muita mágoa, solidão, amizade e abandono. Esta memória não me serve mais para seguir em frente. Não tenho como negar meu sentimento, mas estou mudando o curso da minha história. Gratidão, gratidão, gratidão por ter me conduzido até aqui, Passado, e de hoje em diante eu decido ser feliz.

É isto aí!


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Gratidão!