sábado, 27 de março de 2021

O fato é que estou com nojo disto tudo (Paulo Abreu)




Diante de tanta comiseração humana
advém o desgosto, o enjoo e a repulsão
anexadas pela adversidade cruel e má
Semente do tédio, abalos e aflições

As agruras pelo abandono da paz plena em si
o amargor pela cumplicidade fratricida
a amargura de mortes banalizadas ao leo
serão a colheita de uma geração adormecida

Colheremos aqui e ali angústias e atribulações
choque de consciência perdida e enlouquecida
Degustaremos a futilidade da vida estúpida
embrenhada na dor até a comoção da alma 

Tardiamente à logística dos contratempos
depois do desagrado geral e pontual
o cínico consolo será hostil, perverso e feérico
como cabem às lendas da falsa consternação

Experimentaremos o desprazer magno
O dissabor do fel da amarga vitória
a dor da existência vazia de sentimentos
em completa desolação interior

insatisfação, mágoa, mal-estar
padecimento, pena, pesar
ressentimento, sofrimento, tribulação
tristeza, ânsia e asco

Eis que valerão as versões invertidas
no fastio desta luta imoral, insidiosa,
Experimentaremos náuseas pela podridão exalada
na agonia plena da repugnância pela abominação

antipatia, desamor, desprezo
estranhamento, execração, horror
ódio, ojeriza, pavor
raiva, rancor e rejeição

Não encontraremos a palavra certa
pela recusa, repúdio e enfado, já  arrependidos
pelo nosso lado ciente, prostrados em pranto
despediremos uns dos outros com lágrimas e dor.

É isto aí!

 




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