domingo, 31 de dezembro de 2023

Odete, a mítica de Brasília

 


Apareceu uma mensagem no meu potente RPC Xiaomi, desta vez enigmática, pedindo para que atendesse ao número tal, que já bloqueara pela insistência. Desbloqueei e aguardei não tão ocioso quanto deveria, até mesmo porquê o prefixo era de Brasília. Acabei de liberar e tocou em frenesi. Era Odete.

Reza a lenda que nos primórdios da nova democracia ainda engatinhando no Planalto Central, Odete ganhou a alcunha de Vitória Régia. A Vitória Régia, na mitologia amazona, representa o amor impossível, aquele que buscamos, mas que a cada dia torna-se mais difícil de encontrar. Além disso, trás na figura da mulher a vontade de mudança para agradar e ser aceita pelo ser amado. Deu que alto cacique do Plano Piloto perdeu-se tanto de amor pela musa, que empoderados deram a ela um longo exílio em Viena, com estações de verão em Málaga, sem limite de crédito, até tudo passar.

- Amore, quanta má vontade com esta amiga que te ama mais do que sala vip de aeroporto. Pelo menos um Feliz Ano Novo eu mereço.

- Odete, querida, puxa vida, nem sei o que dizer, Odete, caramba, Odete ...

- Gostei das múltiplas Odetes, amore, sinal de que estou na sua boca de maneira ímpar.

- Não tenho como resistir, querida.

- Então, amore, larga de ser bobo e vem me ter em Brasília. Tem chuva, os palácios ficam desertos e os palacianos vagueiam pela tríade Disney/Miami/Acapulco, enfim, tudo na normalidade. Ah! Vem amore, que lhe custa me ter no Eixo Monumental?

- Uau, Odete, você me deixa sem ar. Mas e aí? O que vai rolar na capital neste ano que se inicia?

- Ai, amore, nem te conto o babado, mas vem, deixa eu te contar muitos segredos bem pertinho, coladinha, juntinha, todo o babado...

- Puxa vida, Odete, já estou ... alô, alô, alô?! Odete? Caramba, caiu a ligação justo quando eu recuperava o fôlego...

É isto aí!

A anunciação do Ano Novo


Fonte da imagem: Ângelo Savelli. - Anunciação, 1944, óleo sobre papel

O que escrever sobre o ano vencido e sobre o ano vindouro? Queria dizer Feliz Ano Novo, mas que não seja enfadonho. Desejar apenas que seja feliz, por si só, é ser muito ingrato para com a alma e com o futuro. É nas dores, nos tropeços e nas quedas que deparamos com nossas limitações com a trilha errada, com a pessoa errada, com as escolhas para partilhar o caminho da vida e de muitas outras coisas que acabarão, cedo ou tarde, dando errado. É na dor que crescemos.

O que desejar a quem que já não deseja mais nada? A quem já perdeu as esperanças? A quem não acredita mais em si? Aos depressivos? Aos paranoicos? Aos limitados? Aos que sofreram agruras no ano que se encerra?

O que desejar aos que apresentaram pânico, ansiedade ou experienciaram  aflições, dissabores, escabrosidades, impedimentos, ódio, ingremidades, insatisfações, obstáculos. tristezas, tragédias, traumas, rompimentos?

Será que todas as pessoas acatarão seu desejo de que sejam felizes? Recorro a um texto da Clarice Lispector, para sua reflexão (espero que goste):

“Anunciação”, publicada em 21 de dezembro de 1968:

Tenho em casa uma pintura do italiano Savelli – depois compreendi muito bem quando soube que ele fora convidado para fazer vitrais no Vaticano.

Por mais que olhe o quadro, não me canso dele. Pelo contrário, ele me renova. Nele, Maria está sentada perto de uma janela e vê-se pelo volume de seu ventre que está grávida. O arcanjo, de pé ao seu lado, olha-a. E ela, como se mal suportasse o que lhe fora anunciado como destino seu e destino para a humanidade futura através dela, Maria aperta a garganta com a mão, em surpresa e angústia.

O anjo, que veio pela janela, é quase humano: só suas longas asas é que lembram que ele pode se transladar sem ser pelos pés. As asas são muito humanas: carnudas, e o seu rosto é o rosto de um homem.

É a mais bela e cruciante verdade do mundo.

Cada ser humano recebe a anunciação: e, grávido de alma, leva a mão à garganta em susto e angústia. Como se houvesse para cada um, em algum momento da vida, a anunciação de que há uma missão a cumprir.

A missão não é leve: cada homem é responsável pelo mundo inteiro.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Cartas de Amor LXXIX

Geraes, 28 dezembro 2023

Querida, nosso destino é a singularidade,

Calma, querida, por favor não se apavore achando que singularidade seria nosso rompimento esotérico. Muito pelo contrário, refiro-me aqui à Singularidade Cósmica, real, aquela existente no Universo, mais precisamente no cerne dos "buracos negros" espalhados pelas infinitas galáxias, num indo e vindo de massa, energia, espaço e tempo.

E esta singularidade que é nosso destino, é o ponto do universo em que as equações da física param de funcionar, por algum motivo (quem sabe o amor?). A Ciência Astrofísica não cita, por precaução, o nosso amor como causa e diz que normalmente é porque as quantidades físicas como a massa ou a densidade crescem, vão para o infinito.

Consegue imaginar isto? Um amor tão grande que se contrai, esvazia em si, gerando um só em nós dois, eu e você, a mais bela luz a brilhar na galáxia da minha vida, neste rol infinito do horizonte de eventos deste maravilhoso e fantástico cosmos. Este fenômeno (horizonte de eventos), conhecido como ponto de não retorno, é a fronteira teórica ao redor de um buraco negro a partir da qual a força da gravidade é tão forte que, nada, nem mesmo a luz, pode escapar.

Consegue ver a analogia neste ballet da física e nós? Sabe, querida. gostaria muito de saber dizer palavras destas as quais você gosta, que geram poesias, rimas ricas ou emoções, mas não sei dize-las, nem criá-las. O fato é que eu não sei não amar você. Saudades, mande notícias do planeta Terra, da Lua, das estrelas que te dei e dos grãos de areia que resistem à eternidade.

Hoje serei breve. Um beijo, um abraço em milhões de anos-luz., 

Feliz 2024, que seja o melhor ano das nossas vidas!

É isto aí!







quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Pequenas coisas para colher grandes alegrias em 2024


Estamos quase em 2024. Este ano não passou rápido, passou na velocidade dos seus desejos. 24 também não passará rápido nem lento. O Tempo é movido pela felicidade, quanto mais feliz, mais vc vê o tempo passar.

Escreva duas cartas para você. Uma para 31 janeiro e a outra para o dia do seu aniversário, desde que não seja Janeiro. Escreva nesta carta o que fará para ser feliz a partir de janeiro e na outra descreverá o presente que está concedendo a si mesma. Vá a luta, e pare de reclamar  que o Tempo passa rápido. Lembre-se sempre que somos nós que passamos por ele.

Presentes que posso dar para ser feliz:

1 perdoar. Este é um dos maiores presentes. A vantagem é que a pessoa não precisa saber. Isto é apenas entre vc e seus valores. Pare de lamentar-se do que esta pessoa fez com você, por que isto está destruindo sua alegria de viver. Se você quiser saber as técnicas de Perdão, peça aqui nos comentários. Se desejar que fique anônima/o é só solicitar que eu não publique e envie seu email para resposta

2 cuidar do corpo

3 parar de comer o que mais gosta

4 Conversar com Deus (não precisa gritar, afinal Ele é Deus). Pode pensar em silencio, só para agradecer

5 Ouvir quem sofre, sem juízo de valores

6 Olhar pelo espelho, em silencio profundo, no fundo dos seus olhos. Pela física, a imagem refletida no espelho é passado e seu inconsciente sabe disto. Olhe para os olhos do seu passado e perdoe tudo que está engasgado. Diga que vc não tem medo do seu passado, e sim amor.


É isto aí!

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Quando o Amor é peculiar


Natal 
ano novo 
janeiro vem
posto e pronto,
neste  mergulho 
ao desconhecido.

Bate papo na Praça do Reino da Pitangueira:

Coisas para se fazer em 2024?

Ainda não sei bem o que fazer.

Coisas para não se fazer?

Ser besta, burro e repetente nestas qualidades citadas.

Planos mirabolantes? 

Ser rico anônimo.

Planos prioritários?

Ser rico e ser anônimo, não necessariamente nesta ordem.

O que você faria de novo?

Dezenas de cartas de amor.

O que você não faria de novo?

Dezenas de cartas de amor.

Poderia explicar este antagonismo peculiar?

Como poderei explicar de uma maneira clara ... Olha só, eu penso, quer dizer, eu acredito, tipo assim como as Cartas de Amor começam com explicações e motivos, não há outro modo para escrever algo desta natureza sem tentar explicar, esmiuçar, explicitar ou dar motivos.

Poderia ser mais explícito? Não entendi a sua colocação.

Veja bem, o amor guarda consigo uma peculiaridade em cada ato. É isso, eu acho, quer dizer, pode ser. É mais ou menos por aí.


É isto aí!




quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

A Noite escura da alma (São João da Cruz)


A Noite escura da alma (em castelhano La noche oscura del alma) é um poema escrito no século XVI pelo poeta espanhol e místico cristão São João da Cruz e de um tratado por ele escrito posteriormente que consiste num comentário ao poema. (Wikipédia)

O poema de São João da Cruz narra a jornada da alma desde a sua morada carnal até a união com Deus. A jornada é referida como “Noite Escura”, pois a escuridão representa as dificuldades da alma em desapegar-se do mundo e atingir a luz da união com o Criador. Há vários níveis nesta escuridão atados em sucessivos estágios. A ideia principal do poema pode ser vista como sendo a dolorosa experiência que as pessoas têm de suportar ao buscar crescimento espiritual e a união com Deus.

A obra é dividida em dois livros que referem-se a dois estágios da escuridão da noite. O primeiro é a purificação dos sentidos. O Segundo e o mais intenso de ambos é o da purificação do espírito, que é também o mais difícil de ser atingido. A “Noite Escura da Alma” ainda descreve os dez níveis na progressão em direção ao amor místico, tal como fora descrito por São Tomás de Aquino e, em parte, por Aristóteles. O poema foi escrito no período em que João da Cruz esteve preso devido a seus irmãos carmelitas não aceitarem suas reformas na Ordem do Carmo. O tratado foi escrito posteriormente e consiste em um comentário teológico sobre o poema, explicando cada um dos níveis mencionados em seus versos.

Em uma noite escura
De amor em vivas ânsias inflamada
Oh! Ditosa aventura!
Saí sem ser notada,
Estando já minha casa sossegada.

Na escuridão, segura,
Pela secreta escada, disfarçada,
Oh! Ditosa aventura!
Na escuridão, velada,
Estando já minha casa sossegada.

Em noite tão ditosa,
E num segredo em que ninguém me via,
Nem eu olhava coisa alguma,
Sem outra luz nem guia
Além da que no coração me ardia.

Essa luz me guiava,
Com mais clareza que a do meio-dia
Aonde me esperava
Quem eu bem conhecia,
Em lugar onde ninguém aparecia.

Oh! noite, que me guiaste,
Oh! noite, amável mais do que a alvorada
Oh! noite, que juntaste
Amado com amada,
Amada, já no amado transformada!

Em meu peito florido
Que, inteiro, para ele só guardava,
Quedou-se adormecido,
E eu, terna o regalava,
E dos cedros o leque o refrescava.

Da ameia a brisa amena,
Quando eu os seus cabelos afagava,
Com sua mão serena
Em meu colo soprava,
E meus sentidos todos transportava.

Esquecida, quedei-me,
O rosto reclinado sobre o Amado;
Tudo cessou. Deixei-me,
Largando meu cuidado,
Por entre as açucenas olvidado.

Poema e Tratado de São João da Cruz 
(Wikipédia)


segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

A minha mentira

Créditos da Imagem: Flickr


Preciso encontrar 
uma mentira,
de qualquer tamanho 
ou volume,

malversada, maledicente, 
doente
e que mareje sem fim 
avassaladora.

Uma farsante história 
inventada
e depois tomada 
como convicção.

Que seja suave 
na sonoridade
e amarga nas garras 
do olhar.

Maldita, fraudulenta, 
cafajeste.
incolor, insípida, 
eloquente.  

Séria, palatável, 
só minha
será a minha mentira 
secreta.

Guardada para sempre,
secreta,
discreta, insidiosa
e oculta.

É isto aí!

Sobre a imagem: O casal inglês Tim Noble e Sue Webster criaram arte com ajuda de projetores de luz e lixo. As imagens feitas de sombras são oriundas da iluminação correta em esculturas de lixo aparentemente abstratas.



domingo, 17 de dezembro de 2023

Papo de esquina - Minha lista de Natal

Como sabem, se não sabem compreendo plenamente, que é pela boa causa pessoal que faço anualmente a minha tradicional lista excludente de Natal. A questão é evitar a surpresa de ser agraciado por alguma embrulho ao pé da Pitangueira no dia 25 pela manhã com objetos os quais não coaduno simpatia. Então, neste ano, seguindo a tradição que não esqueço, vou postar uma relação de dez presentes e similares que jamais desejo ganhar:

01 - Bola de futebol, de basquete, de vôlei, handebol ou pingue-pongue, etc.

02 - Tênis para caminhada, para correr, para atividades desportivas. 

03 - Roupa social, camisa de malha neon, bermuda e sandália havaiana.

04 - Óculos de sol "alternativo", caneco, chaveiro, imã, etc. escrito "lembrei de você". 

05 - Livros de auto ajuda e similares

06 - Uma corrente de oração, livro das profecias pra 24, preces, simpatias, etc. 

07 - Vinho suave, doce ou sem álcool (sim, existe)

08 - Um vídeo da família de 19etc...

09 - Um convite para o baile de réveillon no clube, com a orquestra da cidade. 

10 - Um clip de Feliz Natal de famosos desconhecidos. 


É isto aí!


quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Amapola


De amor en los hierros de tu reja
De amor escuché la triste queja
De amor que sonó en mi corazón
Diciéndome así
Con su dulce canción

Amapola, lindísima Amapola
Será siempre mi alma, tuya sola
Yo te quiero, amada niña mía
Igual que ama la flor la luz del día

Amapola, lindísima Amapola
No seas tan ingrata y ámame
Amapola, Amapola
¿Cómo puedes tú vivir tan sola?

Amapola, lindísima Amapola
Será siempre mi alma tuya sola
Yo te quiero, amada niña mía
Igual que ama la flor la luz del día

Amapola, lindísima Amapola
No seas tan ingrata y ámame
Amapola, Amapola
¿Cómo puedes tú vivir tan sola? 

Fonte: Musixmatch
Compositor: Joseph Lacallel
Letra de Amapola © Edward B Marks Music Company, Marks Edward B. Music Corp., Edward B. Marks Music Co., Eleven East Corporation, Edward B.marks Music Corp.




Fonte Youtube: Gaby Moreno Amapola

Música: Amapola
Compositor: Joseph Lacalle
Cantora: Gaby Moreno

"Amapola" é uma canção de 1920 do compositor hispano-americano José María Lacalle García (mais tarde Joseph Lacalle), que também escreveu a letra original em espanhol.

Após a morte de Lacalle em 1937, as letras em língua inglesa foram escritas por Albert Gamse. Na década de 1930, a música se tornou um padrão do repertório de rumba, passando posteriormente para as paradas de música pop.

Fonte Youtube: Gabpriel Priel

O menino passarinho


Tinha certeza 

que era passarinho 

e quando perguntavam 

por que não voava, 

a resposta estava pronta

- não vou de voo 

porque não quero.


É isto aí

sábado, 9 de dezembro de 2023

Poema do Olhar (Evaldo Gouveia/Jair Amorim)


Poema do Olhar (Evaldo Gouveia/Jair Amorim)

Em teu olhar
Busquei perdão
Busquei sorriso e luz

Achei meu sol
Vivi meu céu
Meu céu em teu olhar

Olhando a ti
Eu me perdi
Pelos caminhos

Quem me chamar
Vai me encontrar
Nos teus olhinhos

Em teu olhar
Estranho olhar
Meu sonho um dia se acabou

Nos olhos teus, 
existe amor
Existe adeus

Jair Amorim era secretário e diretor da UBC - União Brasileira de Compositores - quando conheceu Evaldo Gouveia, que tentava se filiar à associação em 58. Alguns elogios e rasgação de seda por parte de Evaldo Gouveia a Jair Amorim, naquela mesma noite se iniciou uma das parcerias mais famosas da MPB.
A primeira de uma lista de 150 composições (na maioria sambas-canções abolerados) foi o samba-canção "Conversa", gravada por Alaíde Costa em 1959, no primeiro LP da cantora.

A partir de 1962 conta-se o primeiro grande sucesso da dupla Jair & Evaldo: "Alguém me Disse", gravada por Anísio Silva. Incontáveis sucessos na voz de Miltinho, com "Poema do Olhar" e Morgana com "E a Vida Continua", mais tarde regravada com sucesso por Agnaldo Rayol. Moacyr Franco também vendeu muitos discos com o bolero "Ninguém Chora por Mim".

Da fase de 63, o mais famoso intérprete foi Altemar Dutra com "Tudo de Mim" "Que Queres Tu de Mim", "Somos Iguais", "Sentimental Demais", "Brigas", "Serenata da Chuva" e as marchas-rancho "O Trovador" e "Bloco da Solidão". Cauby Peixoto foi sucesso com "Ave Maria dos Namorados", lançada por Anísio Silva pouco antes.

Em 65 Wilson Simonal fez sucesso com a bossa nova "Garota Moderna".

Em 1969 o samba voltou a se impor com "O Conde", gravado por Jair Rodrigues.

À dupla Evaldo Gouveia-Jair Amorim também é creditado o sucesso do samba-enredo da Portela, "O Mundo Melhor de Pixinguinha", em 1973.

Entre os grandes intérpretes que gravaram a dupla Evaldo Gouveia & Jair Amorim estão Ângela Maria, Maysa, Dalva de Oliveira, Gal Costa, Maria Bethânia, Zizi Possi, Emílio Santiago, o espanhol Julio Iglesias. Mais recentemente, Cris Braun releu "Brigas", em 1998, e Ana Carolina, "Alguém me Disse", em 99, mesmo ano em que Milton Nascimento regravou "Se Alguém Telefonar". Em 2000, Simone repescou "Sentimental Demais" e "Que Queres Tu de Mim", e Fafá de Belém, "Ninguém Chora por Mim".

Acusados de comercializar excessivamente a música brasileira, a dupla respondia compondo nos mais variados ritmos, desde o bolero, samba-canção, valsa, marcha-rancho, balada, até o samba-iê-iê-iê (a onda da música jovem de 65), sempre inteiramente entrosada no momento musical.

Evaldo Gouveia apostava em sua inspiração e harmonia. Jair Amorim, o letrista para quem não havia mistério, fazia música para ser cantada pelo povo.

Jair Amorim faleceu em 1993, deixando um fantástico legado musical.

Reveja agora mais esse grande sucesso, aqui na interpretação do conjunto vocal TROVADORES URBANOS.


Uma frase perfeita


Queria saber escrever 
algo transformador
uma frase perfeita
um parágrafo definido

sem os medos de uma 
conjunção adversativa,
num futuro do pretérito
onde não haveria você.

É isto aí!



quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

A felicidade não mora perto


É dezembro de um ano estranho, com guerras e ações nefastas para com a natureza, com a vida, com os que herdarão tudo o que foi plantado nos últimos setenta anos. Estou em crescente ceticismo sobre o que vem de bom por aí, neste próximo e temerário 2024. 

Queria poder dizer Paz na Terra aos homens, mulheres e crianças de boa vontade, mas a paz, a paZ a pAZ a PAZ não há de haver.

Neste período sabático de reflexão sobre onde estou, de onde vim e para onde irei, não assenti a nem uma escolha sequer, nenhum caminho. Fiquei mais descrente sobre as possibilidades de um feliz ano novo. Sinto muito e sinto nada ao mesmo tempo. A felicidade não mora perto.

É isto aí!



quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

A natureza das coisas (Accioly Neto)

Com Diogo Felipe







A Natureza Das Coisas
Em 2007, a composição “A natureza das coisas” de Accioly Neto foi gravada por Elba Ramalho no CD “Qual o assunto que mais lhe interessa”, lançado pelo selo Ramax, de propriedade da cantora. Depois disto disparou como sucesso com Flávio José.

Letra e Música: Accioly Neto
Cantor/Artista: Diogo Felipe
Fonte da Letra: Letras


Ô chá, lá, lá, lá, lá
Ô chá, lá, lá, lá, lá

Se avexe não...
Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada.

Se avexe não...
A lagarta rasteja
Até o dia em que cria asas.

Se avexe não...
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa.

Se avexe não...
Amanhã ela para
Na porta da tua casa

Se avexe não...
Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá...

Se avexe não...
Observe quem vai
Subindo a ladeira
Seja princesa, seja lavadeira...
Pra ir mais alto
Vai ter que suar.

Ô coisa boa é namorar,
Ô coisa boa é namorar.

Composição: Accioly Neto

terça-feira, 24 de outubro de 2023

N'algum lugar do presente seu nome é ausência.


Esqueci meu rosto, 
e das suas memórias 
n'algum lugar do presente, 
onde vivo desde sempre, 

Entre as desventuras, 
descobri seu corpo
suave gravado n'alma. 
Estava descalça e sorria. 

Não abstraí as partes, 
estão guardadas, acredito 
não sei onde abrigá-las-ia
n'alguma parte da história. 

Estava frágil e confusa
num corredor de sinapses.
De repente irrompe o tato
Senti sua mão afagar-me.

Foi quando estupidamente  
saltei bem do alto do nada,
e o tempo da queda livre
virou permanentemente dor 

Quando percebi incauto
uma contínua rotação
repetindo pensamentos 
com infindáveis voltas 

Num átimo da existência 
em relance de lucidez,
seu nome é ausência.
Neste instante acordo.

Ainda a mesma música, 
não, não sei dançar, desculpe,
ou não desculpe, me abrace
ou desenlace esta memória

É isto aí!

sábado, 21 de outubro de 2023

O Analista da Pitangueira e os abusos e absurdos do outro


- Sabe, doutor, desconfio que existe um outro eu que habita em mim  e que não gosta muito de quem eu sou. Às vezes me faz realizar coisas estranhas, dizer palavras fora da minha linguagem, atrasar para encontros, detonar meu relacionamento etc. etc. etc.

Quer falar sobre isto hoje?

- Não sei se consigo. Neste momento ele está me bloqueando na rede social presencial e também na virtual.

Entendo. Saiba que ao olhar para si, não encontrará você mesmo, mas o Outro que erigiu um ideal em sua história.

- Então eu é quem sou o outro que habita dentro de mim, ou sou parte deste todo como se fôssemos personalidades distintas num mesmo envelopamento humano?

Do ponto de vista da linha psicanalítica que sigo, como membro da Escola Real da Pitangueira de Análises, o outro que habita em você é o resultado das influências das relações que você estabeleceu com as pessoas ao longo da sua vida, especialmente na infância. Esse outro pode ser fonte de conflitos, traumas, desejos e angústias, mas também pode ajudar a se conhecer melhor e a curar as suas feridas. 

- E tem outras formas de entender este outro? A igreja, como ela vê isto?

Bem, há uma linha tênue e tensa, quando falamos sobre isto, entrando no campo  religioso. Existem as variáveis orientais, as variáveis do oriente médio e as que coabitam o ocidente, que é aquela que aceita tudo junto e misturado, com ilhas de excelência aqui e ali. Vou fazer um apanhado muito, mas muito superficial, sem entrar no mérito desta ou daquela doutrina, do campo ocidental, que de maneira geral diz mais ou menos assim: O outro que habita em você seria o pecado, que o afasta da vontade de Deus e o leva a fazer o mal que não quer. Esse outro é uma consequência da queda da humanidade e da sua natureza carnal, que precisa ser vencida pela graça de Deus e pela fé em Jesus Cristo. 

- O senhor acredita nisto?

É você o analisado aqui, retorno a pergunta a você.

- Perdoe-me doutor, data venia, em assim sendo, como tudo que eu disser poderá constituir elemento para a formação do convencimento de juízo sobre mim, rogo meu direito de permanecer calado. E, se me permite,  transfiro a pauta para uma pergunta que mais atende meus interesses neste momento: - há ou haveria uma terceira possibilidade mais, digamos assim, mais parecida comigo?

Bem, há a linha filosófica Existencialista, que não entro muito, pois temos divergência históricas,  onde o outro que habita em você é o reflexo da sua liberdade e da sua responsabilidade diante da sua existência. Esse outro é uma parte essencial do seu ser, que permite escolher quem você quer ser e como quer viver. Esse outro também o confronta com os limites e as possibilidades da sua condição humana, que é marcada pela angústia, pela solidão e pela morte. 

- Não teria uma forma mais fácil de coexistir com este outro eu em mim?

Veja bem, não há uma resposta única ou fácil para essa questão, pois coexistir com o outro em si mesmo envolve um processo de autoconhecimento, aceitação e transformação.

- E isto dói?

Muito, dói muito, mas só até achar o caminho que o conecte com sua essência, com seu propósito e com o sentido da sua existência. Estamos encerrando, posso agendar a próxima sessão?

- Pensando bem, até estou gostando do sujeito. Eu não virei, já me dei por satisfeito. 

Você é quem decide.

- Por favor, doutor, não seja ingênuo, não fui eu quem disse. Pode agendar e não se preocupe por que eu virei, e vou mostrar quem manda aqui.


É isto aí!


sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Sobre tudo que não falei naquele dia



Acabei de escrever
palavras ridículas
sobre você sorrir

Terminei o livro
que jamais li
sobre ser feliz

perdi a fé
agonizante
no amor plural.

a esperança 
com cliché
sempre acaba.

desaba tardia
num vazio
num nada

não indaga
não afaga,
dói luzidia.



É isto aí!







O velório e as conversas paralelas.

Fonte da imagem: LetsDraw.it

Não gosto de velórios, disse ele repetidas vezes, quase para si mesmo, enquanto caminhava por um tortuoso e ascendente percurso que só os arquitetos veem necessidade, da entrada do cemitério até a Capela Velório. Pensava initerruptamente a mesma ladainha - Não gosto, acho difícil ver a viúva ali chorando, os filhos cabisbaixos, pessoas tristes e o que me irrita é ver cerca de 80% dos presentes na parte externa do salão onde está o féretro, conversando sobre coisas outras, piadas, moda, política, futebol e outras obviedades da vida.

Chegou à praça de conversas atualizantes, atravessou todo o tumultuado território dos que fazem a visita social de cumprimento do dever cívico do velório ao morto. Duas mulheres falavam da viúva, outros falavam do jogo de ontem, outros riam de algo, outros eram mudos e alguns poucos com ares de pesar. Entrou no salão, praticamente vazio. Logo avistou a viúva, e enquanto se dirigia a ela, foi interrompido por uma desconhecida moça muito simpática, que o cumprimentou pelo nome. Sorriu, permitiu-se ser abraçado e seguiu até a viúva.

Ela ali praticamente só naquele lado do esquife. Cumprimentou-a, deu suas condolências sinceras. Não se falaram, eram anos de amizade, sabia o quanto ele significava para ela. Havia ali uma grande história de amor. Deu a volta na urna, e despediu-se do amigo com palavras amenas, de forma rápida e discreta. Percebeu que duas moças, muito bonitas, olhavam para ele de forma insistente. 

A mais bela aproximou-se, e ele ali começando a se empolgar. Ela não parava de sorrir. Apenas quarentas anos o separavam, refletiu, coisa pouca e irrelevante, pensou. Até que ela chegou perto, e ainda sorrindo, perguntou: 

- você lembra de mim?  

A experiência da vida o ensinou a sempre negar quando esta pergunta é feita. 

- Não, não lembro.  

Entreolharam-se as duas e disseram em uníssono:

- puxa vida, meu pai era seu grande amigo.

A experiência da vida o ensinou a nunca perguntar como está quem você não sabe quem é.

- Olha, sinto muito, mas não lembro de vocês.

O sorriso despareceu e saíram do alcance do diálogo. Deu de ombros e partiu, já cumprira sua missão social e admirado com a beleza das moças, mas vai ver que sei lá, vai ver nada.


É isto aí!


quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Mais alguma coisa, senhor?

Lembro que falei olhando nos olhos dela, mas acho que fechei os olhos quando ocultei meus reais sentimentos. Sempre fechei os olhos para todas as coisas que engoli a seco, como lágrimas e sentimentos angustiantes. Tem coisas que devemos falar e tem coisas que nunca devemos dizer. Fechei os olhos para sempre. 

Agora estou aqui nesta sala, sozinho, aguardando virem buscar o corpo. Olho para o corpo e me reconheço como uma pessoa boa, mas ao mesmo tempo, desconheço bondade feita por mim para fins próprios. Reconheço que não conheço um ato sequer que fiz a meu favor. A sala é fria, a mesa de aço inox é fria, as memórias efervescem, agora sou tudo ao mesmo tempo, e entrei num túnel imenso, que surgiu à minha frente.. 

Será que morri? Perguntei a uma moça que caminhava ao meu lado. Ela respondeu numa língua estranha, que por incrível que pareça entendi e soube exatamente o que disse - é claro, estúpido. Vi que ela também não conhecia minha língua, mas mesmo assim nos entendemos. Não sei quanto tempo andamos neste lugar claro, mas sem luzes. A sensação é que fizemos um trecho longo, com subidas íngremes e planos retos muito extensos. 

Passamos a andar de mãos dadas. Ela sorriu quando segurei sua mão. Eu senti uma emoção inigualável. Era uma energia incompreensível. 

Sentamos numa pedra dentre muitas existentes no caminho, não para descansar, mas pela ansiedade de chegarmos a algum lugar que não sabíamos o que significaria ou mesmo como é. Esperava anjos alados com faces redondas, mas por enquanto só esta moça com língua bárbara a não desistir de mim. Dormimos abraçados. Sonhei com ela, o mesmo olhar, o mesmo jeito, a mesma silhueta, a mesma moça que vi há duas semanas no restaurante.

Acordei no restaurante, ela em pé anotando meu pedido. Mais alguma coisa, senhor? 

- Sim, respondi, quero casar com você. Ela riu e respondeu na língua bárbara - é claro, estúpido!

É isto aí!


terça-feira, 17 de outubro de 2023

Verdades ocultas

 

Fonte da imagem: magazine - hd


Confesso

que apaixonei

pela Emilia Clarke.


O que mais

esperar das coisas 

mortais, efêmeras?


Agora, sei,

só resta, merecida,

a eternidade


Emilia Clarke

eu amo você

somos almas gêmeas.



Cena do filme Last Christmas (No Brasil - Uma Segunda Chance para Amar)
© 2019 Universal Studios. All Rights Reserved.
Cast: Emilia Clarke, Henry Golding, Michelle Yeoh, Emma Thompson
Produced By: Emma Thompson, Paul Feig, David Livingstone, Jessie Henderson
Directed By: Paul Feig

Fonte do vídeo: Emilia Clarke Last Christmas

Last Christmas (letra e música de George Michael)

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special

Once bitten and twice shy
I keep my distance, but you still catch my eye
Tell me baby, do you recognize me?
Well, it's been a year, it doesn't surprise me

Happy Christmas, I wrapped it up and sent it
With a note saying "I love you", I meant it
Now I know what a fool I've been
But if you kissed me now, I know you'd fool me again

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special

Ooh
Oh, oh, baby

A crowded room, friends with tired eyes
I'm hiding from you and your soul of ice
My God, I thought you were someone to rely on
Me? I guess I was a shoulder to cry on

A face on a lover with a fire in his heart
A man under cover, but you tore me apart
Oh, oh now I've found a real love
You'll never fool me again

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special, special

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special
Special
A face on a lover with a fire in his heart (I gave you mine)
A man under cover but you tore him apart
Maybe next year I'll give it to someone
I'll give it to someone special

Special

So long

Fonte: Musixmatch
Compositores: George Michael
Letra de Last Christmas © Wham Music Limited (gb 2), Rydim Music Ltd., Rydim Music Ltd




Sobre o dia de amanhã



Quero envelhecer 
teu.
ateu,
pagão, 
cristão, 
fariseu
ou isso
ou aquilo
eternamente
no teu abraço 

É isto aí!

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Este receio de um poema (Ulla Hahn)


Esta saudade

de te chamar pelo nome

Este receio

de te chamar pelo nome


Esta saudade 

de manter a palavra

Este receio

de apenas manter a palavra


esta saudade de uma vida 

que não dê um poema 

este receio de um poema 

que antecipe a vida.


Autora: Ulla Hahn 

Tradução: Mundo dos Poemas 

Ulla Hahn (Brachthausen, 1945) é uma poetisa e escritora alemã. Estudou literatura, história e sociologia na Universidade de Colónia, e depois de trabalhar durante dois anos como jornalista, retomou os seus estudos, obtendo o doutoramento em literatura em 1975 na Universidade de Hamburgo. Após ter leccionado nas Universidades de Hamburgo, Bremen e Oldenburg, deixou a academia em 1979 para trabalhar como editora cultural na Rádio Bremen.  Tem tido um sucesso público robusto desde a sua colecção de poesia de estreia, Herz über Kopf ("The Heart Above the Head", 1981)] O seu estilo, lírico, tradicional e elegante, tem sido descrito como "rococó pós-revolucionário".

Nostalgia do Presente (Jorge Luis Borges)


Naquele preciso momento o homem disse:

«O que eu daria pela felicidade

de estar ao teu lado na Islândia

sob o grande dia imóvel

e de repartir o agora

como se reparte a música

ou o sabor de um fruto.»

Naquele preciso momento

o homem estava junto dela na Islândia.


Jorge Luis Borges, in "A Cifra"

Tradução de Fernando Pinto do Amaral

sábado, 14 de outubro de 2023

Tecnologias do fim do amor (Emanuel Aragão)



Fonte da Imagem: Medium . com
Autor do Vídeo: Emanuel Aragão
Data da publicação: 14 de out. de 2023

Emanuel Aragão: "Este é um vídeo sobre o Instagram e o fim da nossa possibilidade ser feliz. Ou o fim da nossa felicidade possível. De forma que ele é um vídeo também sobre o narcisismo. 


Para tornar-se Membro do Percurso da AUTOESCRITA: @emanuelaragaoautoescrita  

Para entrar em contato: emanuelaragaoreal@gmail.com

O link do canal da autoescrita no telegram: https://t.me/joinchat/UVM4KBzOWy15PzAW

O link do grupo no telegram: https://t.me/joinchat/F2HEx3GWL0JhiVT3

O site da associação de neuropsicanálise: NPSA  (português)


ÍNDICE DO VÍDEO:

00:00  APRESENTAÇÃO 
01:18  TECNOLOGIAS DO FIM DO AMOR 
01:45  O INSTAGRAM 
02:41  O QUE VOCÊS FAZEM NO INSTAGRAM? 
03:38  SURGIMENTO DO APP 
04:09  A VIDA TESTEMUNHADA 
05:05  ENGAJAMENTO 
05:57  EU SOU VISTO 
06:36  FOFOCA 
09:46  FRATURA NARCÍSICA 
11:42  ILUSÃO DE CENTRALIDADE 
13:04  IDEALIZAÇÃO DA VIDA 
16:22  O OLHAR DO OUTRO 
18:33  A MINHA OPINIÃO IMPORTA 
20:55  SELO AZUL 
22:36  UMA SATISFAÇÃO POSSÍVEL 
23:51  A MINHA RELAÇÃO COM O INSTAGRAM 
26:08  FILTROS 
27:15  O LIVRO 


Os vídeos que são citados:




02 - Sobre os afetos e necessidades emocionais
Manual mínimo do afetos:  • O MANUAL MÍNIMO DOS AFETOS | EMANUEL ...  


03 - Os sete afetos fundamentais:  • OS SETE AFETOS FUNDAMENTAIS  






06 - Sobre homeostase e alostase:  • EXPLICANDO  A DESESPERANÇA POR A + B ...  
      
       Homeostase e Alostase         :  • VOCÊ PERSEGUE A SUA PRÓPRIA SOLIDÃO? ...  









Textos importantes

Solms

Panksepp, sobre neurociência afetiva

Friston, sobre inferência ativa

Andy Clark, sobre processamento preditivo



VÍDEOS FUNDAMENTAIS DESTE CANAL:


A AUTOESCRITA   


Sobre os afetos / Manual mínimo do afetos: 


Os sete afetos fundamentais: 


Os princípios fundamentais da autoescrita: 


A devolução do Amor


Alto lá, este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Autor: Thiago Holanda Dantas
Fonte: Medium . com 
Data Publicação: 9 de agosto de 2018

Thiago é Teólogo, professor, licenciado em filosofia, missão e escritor de blog.
Contato: instagram.com/vanitasblog 

A revolução trazida pela internet e os aplicativos para namoro modificaram completamente o que se tinha como amor romântico. Essa mudança passa pelos antigos mitos e estórias de amor, culminando, na época atual, sendo desconstruído pela tecnologia. A época contemporânea é fortemente influenciada pelo advento de novas tecnologias, como os computadores, a internet e os smartphones . Essas novas mídias transformaram o ser humano em sua forma de demonstrar afeto e buscar o amor, o que acredita poder encontrar um par ideal através de um deslizar de dedos. Com essa facilidade e desprendimento, as relações amorosas, que antes foram iniciadas através da proximidade geográfica, amizade ou parentes, hoje têm sido ultrapassadas pelo uso da internet.

Tomando como exemplo o Tinder , um dos mais famosos aplicativos para namoro, que atingiu a impressionante marca de 20 bilhões de matches , ou transferências de casais, fazendo cerca de 26 milhões de transferências por dia, dos seus 50 milhões de usuários[1]. Com esses dados, será que o que se chama de amor romântico foi impactado?

Para Justin Garcia, pesquisador do Instituto de Pesquisa em Sexo, Gênero e Reprodução , da Universidade de Indiana, uma mudança nunca vista esta em curso:

Houve duas grandes transições no acasalamento heterossexual “nos últimos quatro milhões de anos”, diz ele. “primeiro foi em cerca de 10.000 a 15.000 anos atrás, na revolução agrícola, quando se tornou menos migratório e mais estável”, levando ao estabelecimento de casamento como um contrato cultural. “E a segunda grande transição é com o surgimento da Internet. [2]

Com a variedade de opções trazidas pela internet e os aplicativos para namoro online, acredita-se que há milhões de parceiros disponíveis para poder se relacionar, fazendo com que não tenha nenhum outro ser como prioridade ou peso para que possa estar “amarrado”, isso se traduz em relacionamentos de curto prazo, de acordo com David Buss:

Aplicativos como Tinder e OkCupid dão às pessoas a impressão de que existem milhares ou milhões de potenciais companheiros lá fora,(…) Uma dimensão disto é o impacto que tem sobre a psicologia dos homens. Quando há um excesso de mulheres, ou um excesso percebido de mulheres, todo o sistema de acasalamento tende a mudar na direção dos namoros de curto prazo. Os casamentos foram instáveis. Divórcios aumentam. Os homens não têm de se comprometer, então eles perseguem uma estratégia de acasalamento de curto prazo. Os homens estão fazendo essa mudança, e as mulheres são forçadas a ir junto com eles, a fim de combinar em tudo. [3]


SCOTT POLLACK: AMOR E TECNOLOGIA - 2011

Essa suposta ilusão de ter parceiro(a)s quase infinitos, tem tornado os relacionamentos amorosos complementares, não sendo necessária uma troca de conversa “física” para que se tenha algum tipo de intimidação sexual. Os seres se conectam e desconectam com a mesma facilidade de seus “pares” eletrônicos, assim revela a página oficial do Tinder dizendo: “Deslizar. Combinar. Conversar. Encontrar. Usar o Tinder é fácil e divertido — deslize para a direita para gostar de alguém, deslize para a esquerda para passar. Se alguém gosta de você de volta, é um match !”[4]. O site de namoro, coloca a combinação entre casais, como match , que tem o duplo significado na língua inglesa de combinação e uma partida ou jogo. Então, a dinâmica do aplicativo de namoro é ao mesmo tempo, realizando um encontro romântico e também um jogo amoroso.

Outra questão surge: será que a busca pelo par perfeito se transformará em apenas um jogo, simples como deslizar para a esquerda para rejeitar alguém e para a direita para aceitar? A descrição do aplicativo continua:

Inventamos o double opt-in para que duas pessoas somente combinem quando houver interesse mútuo. Sem estresse. Nenhuma incluída. Basta deslizar, combinar e conversar online com seus pares, depois sair do seu celular, encontrar-se no mundo real e lançar-se em algo novo.[5]

Além de ter transformado o encontro amoroso em um jogo, aplicativos de namoro como o Tinder , prometem o melhor dos mundos para os seres contemporâneos, encontros sem estresse ou isolados, sem qualquer tipo de comprometimento ou algo que frustrará o indivíduo. Ele promete resolver o problema de intimidade, sem intimidade. Toda a dinâmica ocorre no mundo virtual, para, se houver interesse de ambas as partes, esse “relacionamento” parte para o mundo real. Gerando alguns problemas que tentaremos observar.

Existem opiniões contrárias em relação a essa influência, por exemplo, a socióloga Eva Illouz, autora de Why Love Hurts (Por que o amor fere, sem publicação no Brasil), que aborda o tema do amor na pós-modernidade, e da influência da internet e do capitalismo no relacionamento afirmou em entrevista ao jornal britânico The Guardian , que,

Nossa cultura capitalista consumista mudou face aos nossos relacionamentos, tornando-os irreconhecíveis. A crescente opção de namoro na Internet encoraja as pessoas a agirem como “compradoras”, exigindo, comparando alternativas, tentando constantemente conseguir um negócio melhor e matar o instinto visceral e o acaso que sempre ajudaram os seres humanos a encontrar um(a) parceiro(a) ). Os homens adquiriram fobia a compromissos porque a ascensão do capitalismo os incentivou a ser independentes e egocêntricos.[6]

Segundo a autora, esses relacionamentos marcados pelo consumo capitalista, pela internet e principalmente a noção de diversas opções de parceiros, apresentam sofrimento, ao invés de felicidade. É esse modelo da sociedade tecno-capitalista de consumo, que faz com que aplicativos como o Tinder e outros sejam tão populares atualmente.

Por outro lado, o filósofo Byung-Chul Han, tem uma ideia diferente de Illouz:

Nos últimos tempos tem-se propagado o fim do amor. Hoje, o amor estaria desaparecendo por causa da infinita liberdade de escolha, da multiplicidade de opções e da coerção de otimização. Num mundo de possibilidades ilimitadas, o amor não tem vez. Acusa-se também o exaustor da paixão. Cuja causa, segundo Eva Illouz, em seu livro Warum Liebe weh tut (Por que o amor machuca), reside na racionalização do amor e na ampliação da tecnologia da escolha. Mas essas teorias sociológicas do amor não percebem que, hoje, está em curso algo que sufoca essencialmente o amor, bem mais do que a liberdade infinda ou as possibilidades ilimitadas. Não é apenas a oferta de outros outros que contribui para a crise do amor, mas a erosão do Outro, que por ora ocorre em todos os âmbitos da vida e caminha cada vez mais de mãos dadas com a narcisificação do si-mesmo.[7 ]

Para Han, não são as tecnologias que fizeram com que o amor romântico desaparecesse, mas sim, o desaparecimento do outro, tornando-se uma espécie de mercadorias. Há para Han um personagem narcísico, que está “engolindo” o outro ser, constituindo um relacionamento consigo mesmo. Não mais como um atópico, pois, o lugar que se dá o amor é o não-lugar, lá é onde o amor surge, onde o outro é mistério: ”Sócrates enquanto amante, chama-a de atopos. O outro que eu desejo (begehre) e me fascina é sem-lugar.”[8] É na negatividade do outro que o amor pode revelar-se e não na sua superexposição. Quando isso ocorre, ao invés de amor romântico, o amor torna-se pornográfico, pois: “O capitalismo acentua a pornografização da sociedade, expondo tudo como mercadorias e votando-o à hipervisibilidade. O que se busca é a otimização do valor expositivo, sendo que o capitalismo não conhece nenhum outro uso da sexualidade”[9]. A instantaneidade do outro e sua exposição, não se torna romântico, mas sim, pornográfico, uma relação “desejo-olho”, objetiva, sem espaço para que o outro seja distinto do ser narcisista.

Desta maneira, tanto de pontos de vista psicológico, filosófico, tecnológico ou até pelo consumo capitalista, o que se observa é um enfraquecimento do amor romântico na contemporaneidade, acarretando uma banalização das relações, tornando-se mero troca e descarte cada vez mais de forma acelerada e descomprometida.


BIOGRAFIA:


[1] Cf. Estatísticas do aplicativo Tinder . Disponível Em: < http://expandedramblings.com/index.php/tinder-statistics/> acesso em 6 jun. 18


[2] VENDAS, Nancy Jo. Tinder e o alvorecer do “Apocalipse do namoro .<http://www.vanityfair.com/culture/2015/08/tinder-hook-up-culture-end-of-dating> Acesso em 9 atrás. 2018


[3] Ibid.


[4] <https://www.help.tinder.com/hc/en-us/articles/115004647686-What-is-Tinder-> acesso em 6 jun.18


[5] Ibid.


[6] <https://www.cartacapital.com.br/cultura/o-amor-fere-mais-que-nunca-culpe-a-internet-eo-capitalismo> acesso em: 07 jun.18


[7] HAN, Byung-Chul. Agonia do Eros . Petrópolis: Vozes, 2017, pp.7–8


[8] HAN, 2017.p.8


[9] HAN, Byung-Chul. Sociedade da Transparência . Petrópolis: Vozes, 2015.p.59

Je ne regrette rien

 Je ne regrette rien

Non, je ne regrette rien é uma canção composta em 1956, com letra de Michel Vaucaire e melodia de Charles Dumont. Foi gravada pela primeira vez por Édith Piaf em 10 de novembro de 1960.

Piaf dedicou a sua gravação à Legião Estrangeira, que atuava, na época, na Guerra da Argélia (1956-1962).


Fonte Youtube: Flavia Penereiro                                                                                                            Data publicação:  5 de dez. de 2021


Non, rien de rien                            
Non, je ne regrette rien                    
Ni le bien qu'on m'a fait, 
ni le mal  
Tout ça m'est bien égal                   

Non, rien de rien                             
Non, je ne regrette rien                   
C'est payé, balayé, oublié               
Je me fous du passé

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux

Balayés mes amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro

Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal
Tout ça m'est bien égal

Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Car ma vie
Car mes joies
Aujourd'hui
Ça commence avec toi


Edith Piaf - Non, Je Ne Regrette Rien (Legendado) 19/12/2015.
Fonte Youtube: Arlete Embacher