sexta-feira, 28 de julho de 2023

Quem há de

Salvador Dali
Já dizia a mim mesmo 
desde sempre, 
em tempos outros 
mais vadios e radicais 

que Amar é livre
só que tem uma trama
é verbo transitivo direto, 
ou seja, quem há de? 

não admite preposição 
alguma, nenhuma, nada  
elimina complementos, 
e por si só faz sentido.

Se é que tem lógica
você ter uma pessoa
em tempo integral
dentro da sua mente

Sem termo de posse
sem intervalo para pensar
sem passado nem futuro
e só no ser estar.

É isto aí!

Fonte¹: todamateria

Cabeça rafaelesca arrebentada (1951) – Óleo sobre tela 43x33cm – se encontra em Edimburgo (Grã-Bretanha) no Museu Scottish National Gallery.

Essa foi a primeira vez que Salvador Dalí fragmenta a figura humana em micro-partículas, que ele designou "partículas paranóicas".

As formas fragmentadas que aparecem nesse quadro, origina-se do estudo da física nuclear por Dalí. Profundamente impressionado com as descobertas que levaram ao desenvolvimento da bomba atômica, ele abraçou a 'pintura nuclear' e o 'misticismo nuclear'.

A cabeça é como de uma Madona de Rafael, classicamente pura e serena. Ao mesmo tempo incorpora o interior do domo do Panteon em Roma, com a luz brilhando através dela. Ambas as imagens são perfeitamente claras, apesar da explosão que destruiu toda a estrutura em pequenos fragmentos na forma de chifres de rinocerontes.

Discutindo relação


Aí ela levanta a questão crucial, aquela que está engasgada, aquela que vai exigir raciocínio lógico numa cabeça quente. Você só tem uma oportunidade de selar a paz, dentre muitas possíveis e/ou impossíveis. Dentre as muitas variáveis, o Núcleo DR da Academia de Análise Comportamental do Reino da Pitangueira selecionou as cinco mais prováveis soluções a que se pode recorrer; dignas de nota.


Concordando sem hesitar, sem levantar a voz, sem queixas posteriores:

A primeira é o sim, sem ressalvas. 
Neste caso ela, possivelmente, perceberá que:
Ela está pensando certo 
e está colocando você no caminho certo

A segunda é o sim, com ressalvas positivas
Neste caso ela, possivelmente, perceberá que:
Você está pensando errado 
embora valha a pena investir num caminho certo

A terceira é o sim, com ressalvas negativas
Neste caso ela, possivelmente, perceberá que:
Ela está pensando certo
e você está na contramão do caminho errado

A quarta é a hesitação
Neste caso ela, possivelmente, perceberá que:
Você pensa muito para falar
e seu caminho pode ser melhorado (e ela está sempre certa)


Discordando sem hesitar, sem levantar a voz, sem queixas posteriores:

A primeira é o não, sem ressalvas.
Neste caso ela, possivelmente, perceberá que:
você está pensando errado
e está no caminho errado.

A segunda é o não, com ressalvas negativas
Neste caso ela, possivelmente, perceberá que:
você está pensando errado, 
está no caminho errado, mas ela está certa.

A terceira é o não, com ressalvas positivas
Neste caso ela, possivelmente, perceberá que:
você está pensando errado 
e está no caminho errado, esquece.

A quarta é o silêncio
Neste caso ela, possivelmente, perceberá que:
Você acha que está no caminho,
só que não... adeus. 

É isto aí!

quinta-feira, 27 de julho de 2023

As profecias de ocasião


Famoso vidente de fama guanabarina diz que o mar vai invadir a costa da pátria amada. Como sabem, guanabarinos são seres mitológicos feito os nefilins, que habitavam a generosa baia da Guanabara desde a saída do Éden. Meu avô, por exemplo, se achava o máximo por ser natural da Guanabara.

- Nota de roda-teto: Nefilim, no Koiné, antigo grego clássico, significa literalmente: nascido da terra.

O sub-citado acima (sub-citado?) prometeu a tragédia para 2004, depois os astros adiaram para 2012, depois com certeza seria em 2018 e agora (sic) é sério, não haverá mais adiamento - será com certeza em outubro de 2023.

Só para contextualizar, a Baia da Guanabara era, no século XIV, habitada pelos índios Temiminós, que possuíam hábitos, digamos assim, peculiares. Além de serem inimigos dos Tupinambás, praticavam o canibalismo ritual e a agricultura de subsistência baseada em queimadas. Evitarei comentários sobre pessoas - formadoras de opiniões - confessas de comer gente e queimar florestas, oriundos da Guanabara.

Bons tempos aqueles que a única preocupação vindoura era o carnaval, o sábado de aleluia e o réveillon.

É isto aí!

Créditos da imagem: Reprodução/Pexels



quarta-feira, 26 de julho de 2023

528 Hz - Ondas Alfa (Relaxing Meditation)



Fonte Youtube 528Hz - ondas alfa

Relaxing Meditation 




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terça-feira, 25 de julho de 2023

Trechos da minha autobiografia não autorizada (2)



ImagemTúnel da Mantiqueira - Divisa entre Cruzeiro-SP e Passa Quatro-MG

Capítulo 26.2 Sobre Machu Picchu 

Sei que talvez mamãe ainda acredite em mim, por que o que vou contar é a mais crível verdade, mas foge do senso comum. O fato é que ultimamente ando muito saudosista, tanto que dia destes dei conta que há alguns anos escondi minha autobiografia secreta. Lembrei vagamente que a guardara para revisão de uma fase obscura da peregrinação a Machu Picchu, pouco conhecida até mesmo por mim e que durante muitos anos permanecera protegida, esquecida e/ou oculta em algum lugar da minha indelével memória. 

Tudo começou, vejam só prezados leitores e prezadas leitoras, tudo começou em Passa Quatro, uma bucólica cidade no sul de Minas Gerais. No café da manhã, uma moça lindíssima aproximou, fiquei empolgado com aquela visão, e entregou-me um bilhete perfumado onde dizia para encaminhar-me ao ao Túnel da Mantiqueira. Ela sumiu da mesma forma que aparecera. Saí do hotel e segui em direção ao destino proposto, empolgado com tanta beleza. 

O túnel, tem uma extensão de quase um quilômetro sob a Garganta do Embaú, entre Passa Quatro e Cruzeiro (SP). Até aí, tudo bem, até Dom Pedro andou por lá, bem como, de triste memória, a revolução fratricida de 1932. Ao chegar, um ser supostamente humana, de rara beleza e luminescência, fez sinal com o dedo indicador na direção da entrada do túnel e em seguida entrou, me chamando com a mão classicamente abrindo e fechando. Entrei no túnel, sem lanterna ou algo equivalente, veja bem, não existia celular naquela época. 

Na medida que avançava, o túnel ficava levemente claro com uma luz verde sem fonte visível. O ser desaparecera, andei uns dez minutos até avistá-la novamente. De longe percebi que eram três seres agora. Tomado de pânico e medo, segui aterrorizado, afinal aquilo poderia dar uma boa história, num futuro, talvez, se sobrevivesse. Entraram num portal à esquerda do túnel, no sentido Cruzeiro SP, e assim que cheguei, também segui  por aquela estranha rota mística. 

Atravessei um portal dourado e me vi numa corrente anti-gravitacional, adimensional, com uma luz ofuscante de várias matizes, sensações de pavor, pânico e medo alternadas com medo, pavor e pânico e quando dei por conta da minha existência, estava em Aiuruoca, no alto do Pico do Papagaio, que reconheci imediatamente por que já estivera ali antes em dois ou três sonhos premonitórios. Desmaiei e acordei três dias depois numa cabana com aquela moça do café.

Cansei, para não ficar muito longo, descansarei um pouco e amanhã, se tiver autorização galáctica, publico o Capítulo 26.3

Autor do Vídeo - Pino Rossi
Fonte Youtube  -  Túnel da Mantiqueira - Divisa entre Cruzeiro-SP e Passa Quatro-MG




É isto aí!


segunda-feira, 24 de julho de 2023

Samuel Rosa e Paulinho Moska - "Resposta" | Zoombido


Fonte da imagem: Pseudo Plutão

Zoombido é um programa exibido no Canal Brasil e na Lumen FM, que é apresentado pelo músico Paulinho Moska e dirigida pelo uruguaio Pablo Casacuberta. O programa estreou em 2006.

A ideia principal do programa é desvendar os processos por trás da composição musical. De acordo com o apresentador, o Zoombido serve para que ninguém mais possa ouvir uma canção sem pensar em como ela foi feita. Para isso, Moska traz um convidado para cada programa e eles conversam e tocam algumas músicas compostas pelo convidado. Em um clima descontraído, de bate-papo, os compositores revelam os segredos da composição, como cada música é construída, as influências, as histórias por trás de cada canção e como ela se transforma ao chegar ao público.

Abaixo o fantástico encontro de Paulinho Moska com Samuel Rosa, em 2020, no Zoombido:



Música: Resposta
Fonte: Musixmatch
Compositores: Samuel Rosa De Alvarenga / Jose Fernando Gomes Reis (Nando Reis)
Letra de Resposta © Warner/chappell Edicoes Musicais Ltda, Sam Music Edicoes Musicais Ltd

Assista aqui abaixo, no Youtube, Samuel Rosa explicando como fez essa canção - Resposta


No vídeo ele conta a história da composição de  "Resposta", música que fez em parceria com o querido amigo Nando Reis e que foi precursora de uma vertente musical diferente do que o Skank já tinha feito.

Acompanhe Samuel Rosa nas redes sociais:


Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou pra trás também o que nos juntou
Ainda lembro o que eu estava lendo
Só pra saber o que você achou
Dos versos que eu fiz
E ainda espero resposta

Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar que ninguém mais pisou
Você está vendo o que está acontecendo
Nesse caderno sei que ainda estão...

Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite
Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante

Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou pra trás também o que nos juntou
Ainda lembro o que eu estava lendo
Só pra saber o que você achou...
Dos versos seus

Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite
Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante
Em paz
Eu digo que eu sou

O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante

Desfaz o vento
O que há por dentro

Desse lugar que ninguém mais pisou
Você está vendo o que está acontecendo
Nesse caderno sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite

Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante

Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante

Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante

Sem mais
Eu fico onde estou
Prefiro continuar distante

Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante

Sem mais
Eu fico onde estou
Prefiro continuar distante

Fonte: Musixmatch
Compositores: Samuel Rosa De Alvarenga / Jose Fernando Gomes Reis
Letra de Resposta © Warner/chappell Edicoes Musicais Ltda, Sam Music Edicoes Musicais Ltd

Abaixo, Nando Reis conta a história da letra da música:
Fonte: Nando Reis





quinta-feira, 20 de julho de 2023

Padre Antônio Pinto - Urucânia- MG


Fonte²: PUCSP 


Padre Antônio Ribeiro Pinto, filho de uma escrava,  nasceu em 2 de abril de 1879 em Rio Piracicaba-MG, localidade próxima à futura capital Belo Horizonte, a qual, no período, ainda era o arraial de Curral del Rei. nascendo livre em função da Lei de 1871. 

Foi criado com a ajuda dos tios, que o levaram, aos seis anos de idade, juntamente com a mãe, para Abre Campo-MG, na Zona da Mata, onde estudou. Não foram encontradas referências sobre a forma como a sua mãe pode mudar para a localidade: Pode ter sido por compra da alforria ou fuga ou venda para algum proprietário de Abre Campo-MG.

Permaneceu nesta região durante toda a sua vida. Aos vinte e um anos, o jovem Antônio se mudou para Alvinópolis-MG a fim de ingressar no seminário, onde se ordenou, em 9 de abril de 1912, voltando a Abre Campo-MG para celebrar a sua primeira missa como padre.

Tornou-se vigário no município vizinho de Santo Antônio do Grama-MG, onde atuou por vinte e seis anos, até se mudar para Urucânia-MG, em 11 de fevereiro de 1947, então já com 67 anos de idade, a pedido do Padre José Henrique de Souza Carvalho, onde faleceu em 22 de julho de 1963.

Em 2009, um grupo de devotos iniciou a mobilização em prol da abertura do Processo de Beatificação do Padre Antônio Ribeiro Pinto, reunindo, juntamente com a coleta de assinaturas e as provas de seus milagres, um material sobre a vida e a obra do sacerdote.

O Padre Antônio Ribeiro Pinto era devoto de Nossa Senhora das Graças e fiel ao dogma da Imaculada Conceição, tratando logo de propagar o culto mariano e se empenhando na construção do santuário. Ainda hoje as Medalhas Milagrosas são distribuídas no santuário de Nossa Senhora das Graças, que recebe, segundo informação da Prefeitura Municipal, disponível na rede mundial de computadores, cerca de 40 mil visitantes por ano, inclusive de
outros países, destacando-se mexicanos, canadenses, franceses e ingleses. Estes, além do santuário, encontram no local o Museu Padre Antônio Ribeiro Pinto e a Casa dos Milagres, onde tem acesso aos objetos pessoais e correspondências do sacerdote, assim como os ex-votos deixados pelos romeiros.

Dessa forma, a religiosidade permanece como um forte dado cultural do município de Urucânia-MG, onde se celebra a Festa de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em 11 de outubro; a Festa de Nossa Senhora das Graças, em 27 de novembro; e a Páscoa com grandes encenações. Em homenagem ao Padre Antônio Ribeiro Pinto, a data de 22 de julho foi escolhida como o Dia da Cidade, comemorado com um feriado municipal.



Postado em 30 de out. de 2008 por João Mattos
Vídeo histórico que mostra os milagres do Padre Antônio Pinto junto à Nossa Senhora das Graças em Urucânia - MG.


Fonte Youtube: João Mattos


quarta-feira, 19 de julho de 2023

Declare a vitória de Deus (Cadu Isnard)


Eu sou de Deus,
quem como Deus?
Vou com Deus
e Ele é quem determina tudo na minha vida.

Eu sou guerreiro, eu posso.
Porque o Senhor está comigo
e Ele fará as minhas vitórias

e eu andarei com o Senhor 
por longos dias
porque o Senhor assim o quer.



O Rato roeu a roupa do raio que o parta

Um rato 
roeu a roupa 
do rei de Roma 
e morreu de repente.

Outro rato
roeu a roupa
do rei da Romênia
e ralou no ralo

Um rato
roeu a roupa 
do rei de Ruanda
e riscou a porta

Outro rato
roeu a roupa 
do rei da Rússia
e flertou a porca

Um rato
roeu a roupa
do Rei da Romênia
e arranhou o jarro

Aí um rato
roubou a coroa
do rei de Roma
e rumou à rua

Este rato
roeu a roupa
do raio
que o parta


É isto aí!




segunda-feira, 17 de julho de 2023

Dona Rosinha


Acordou assustado, olhou no relógio, levantou depressa para compensar o tempo do atraso. Dormiu uma hora além do despertador. Como pode ter acontecido? Olhou para a esposa e pensou em acordá-la para brigar com ela, caso tenha ouvido e voltado a dormir também. Resolveu não incomodá-la, pois ela tinha naquela manhã um semblante que lembrava muito Dona Rosinha.

Vestiu  a roupa que estava na cadeira, passou  a mão na barba, percebeu que dava para mais um dia, escovou rapidamente os dentes e desceu para a copa, onde beliscou um pedaço de pão e saiu rápido em direção à garagem. Entrou no carro e ao tentar ligar, percebeu que estava sem as chaves, todas, inclusive as do escritório. Voltou pela porta dos fundos, procurou na copa, na cozinha, na sala, e só então lembrou que estava na estante da sala, onde sempre fica.

Refez o trajeto, sentou no carro, deu a partida, deu uma conferida no painel, que achou embaçado. Levou a mão aos olhos e percebeu que estava sem os óculos. Respirou fundo, pediu calma ao seu eu interior e buscou mentalmente onde estavam os óculos. 

Riu do fato de lembrar outra vez da Dona Rosinha, professora do ensino fundamental, cujo corpo  deliciava seus pensamentos pecaminosos da pré-adolescência, perdoados várias vezes nas confissões. Recordou dela quando falava, com uma boca deliciosamente articulada, sobre o pluralia tantum para explicar a pluralidade dos óculos. Suspirou mais uma vez pelas pernas e pela boca da professora.

Enquanto fazia seu ato de contrição, lembrou que os óculos estavam no banheiro do corredor, onde sempre deixava previamente obras clássicas da literatura universal, muito em função da influência da Dona Rosinha. Voltou à casa, pegou os óculos e retornou, agora oficialmente atrasado, para trabalhar. Sentou, verificou se não estava esquecendo mais nada, quando deu por falta da carteira. Bateu a mão em todos os bolsos, olhou no porta-luvas, no porta-trecos. 

Começou a rir. Lembrou mais uma vez de Dona Rosinha, a professora mais linda do mundo, escrevendo no quadro sobre  “flexão de número”, e explicando com aquela voz sedosa que em substantivos compostos, vão para o plural, apenas as palavras que forem substantivo ou adjetivo. Despertou do transe e mergulhou na lembrança do corpo da Dona Rosinha, que desde aquela aula passou a referi-lo como o modelo clássico dos substantivos compostos  e só então lembrou que a carteira estava na primeira gaveta da cômoda da sala. 

Desta vez voltou sorrindo, acalmou e suspirou em gratidão à Dona Rosinha, a melhor e mais linda professora do mundo ...


Fonte da Imagem: Pinterest


É isto aí!

Ilusão do fim da história (David Robson, BBC)


Alto lá
Este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Fonte Texto: BBC 
Como 'ilusão do fim da história' afeta nossas escolhas sociais e profissionais

David Robson
Role,BBC Future
15 julho 2023

* David Robson é escritor de ciências e autor do livro O efeito da expectativa: como o seu pensamento pode transformar sua vida (em tradução livre do inglês), publicado no Reino Unido pela editora Canongate e, nos EUA, pela Henry Holt. Sua conta no Twitter é @d_a_robson.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.



Se você examinar sua história de vida, provavelmente irá identificar uma série de transformações que fizeram com que você se tornasse a pessoa que você é hoje.

Você pode ter sido tímido na infância e encontrado mais confiança no ambiente de trabalho. Ou talvez você fosse uma criança rebelde que acabou encontrando a paz interior. Muitas pessoas descrevem estes processos como sua jornada pessoal.

Agora, se você olhar para o futuro, certamente poderá visualizar eventos importantes na sua trajetória, mas pode ser difícil imaginar as transformações futuras das suas principais características.

É como se o seu sentido de si próprio tivesse chegado ao seu destino. Você considera que irá manter as mesmas características, valores e interesses que você tem hoje.

“Nós reconhecemos nossa evolução de quem éramos no passado para quem somos hoje, mas não conseguimos observar que iremos continuar a mudar no futuro”, observa o psicólogo Hal Hershfield, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, e autor do novo livro Your Future Self (“O seu ‘eu’ futuro”, em tradução livre).

Este viés é conhecido como a “ilusão do fim da história” e pode trazer consequências infelizes para a nossa vida pessoal e profissional.

O estudo científico da ilusão de fim da história começou com o programa de TV Leurs Secrets du Bonheur (“Seus segredos da felicidade”, em tradução livre). Como seu nome sugere, o programa lidava com a ciência do bem-estar e os telespectadores eram frequentemente convidados a participar de estudos pelo website do programa.

Usando esta oportunidade de atingir grande audiência, o professor Jordi Quoidbach (atualmente, na Universidade Esade Ramon Llull, na Espanha) e seus colegas prepararam uma série de questionários, pedindo aos participantes que refletissem sobre o seu passado, presente e futuro. Eles publicaram os resultados da pesquisa na revista Science.

O primeiro estudo concentrou-se na personalidade. Os voluntários avaliaram a si próprios em relação a uma série de características.

Em uma escala de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente), eles precisaram responder, por exemplo, se consideravam a si próprios:

  • extrovertidos, entusiasmados
  • críticos, briguentos
  • confiáveis, autodisciplinados
  • ansiosos, facilmente perturbados
  • abertos para novas experiências, complexos

Em seguida, os pesquisadores pediram à metade dos participantes que respondesse à mesma pergunta 10 anos no passado e, à outra metade, 10 anos no futuro.

Mais de 7,5 mil participantes responderam, com idades variando de 18 a 68 anos. Isso permitiu que Quoidbach e seus colegas avaliassem o quanto as pessoas percebem sua trajetória de mudanças pessoais em muitos estágios de vida diferentes.

Em seguida, os pesquisadores pediram à metade dos participantes que respondesse à mesma pergunta 10 anos no passado e, à outra metade, 10 anos no futuro.

Mais de 7,5 mil participantes responderam, com idades variando de 18 a 68 anos. Isso permitiu que Quoidbach e seus colegas avaliassem o quanto as pessoas percebem sua trajetória de mudanças pessoais em muitos estágios de vida diferentes.

Faria sentido que um recém-formado, que acabou de entrar na vida adulta, considerasse sua jornada de vida de forma muito diferente de alguém que está chegando à idade de se aposentar. Mas, de forma geral, a idade dos participantes fez pouca diferença.

Embora a média dos participantes observasse mudanças consideráveis de personalidade no passado, eles previram que iriam vivenciar poucas alterações no futuro. Eles pareciam pensar que sua personalidade permaneceria congelada na forma atual pelo resto das suas vidas.

Para testar se a ilusão do fim da história se estenderia aos valores pessoais de cada um, os pesquisadores recrutaram uma nova amostra de 2,7 mil participantes. Eles pediram que os participantes indicassem a importância de conceitos como hedonismo, realização e tradição nas suas vidas. E, em seguida, deveriam imaginar quais seriam suas respostas 10 anos no passado ou 10 anos no futuro.

A conclusão foi que a ilusão do fim da história estava a pleno vapor – as pessoas reconheciam como seus valores mudaram no passado, mas foram incapazes de prever as mudanças futuras.

Mudanças e incertezas

Se você já tiver feito uma tatuagem com um desenho do qual depois se arrependeu, não ficará surpreso ao saber que a ilusão do fim da história também se aplica aos nossos gostos pessoais.

Podemos facilmente reconhecer como nossas preferências musicais evoluíram ao longo das últimas décadas, por exemplo, mas consideramos que nossas músicas preferidas atuais irão manter seu lugar especial nos nossos corações para sempre.

“Tanto os avós quanto os adolescentes parecem acreditar que a velocidade das suas mudanças diminuiu muito e que eles recentemente se tornaram as pessoas que irão permanecer”, concluíram os pesquisadores no seu estudo original. “Parece que a história está sempre terminando hoje.”

No seu novo livro sobre o conceito de si mesmo, Hershfield relaciona a ilusão do fim da história às pesquisas sobre a confiança excessiva em geral.

“A maioria das pessoas gosta de si própria, acreditando que suas personalidades são atraentes para os demais e que seus valores devem ser admirados”, escreve ele. “Pode ser assustador pensar que, se fôssemos mudar, estaríamos abandonando esta posição de nobreza e, por isso, tentamos nos fixar a quem somos agora.”

Hershfield propõe que a ilusão do fim da história também pode reduzir as sensações problemáticas causadas pela incerteza.

“Gostamos de pensar que nos conhecemos bem e a noção de que nossas personalidades, valores e preferências podem vir a mudar talvez produza certa ansiedade existencial. Se não sabemos como podemos ser diferentes no futuro, como sabemos realmente quem nós somos hoje?”, questiona o autor.

Mas o conforto psicológico que isso oferece, às vezes, pode ter um custo, se prejudicar o nosso julgamento em decisões importantes da vida. Hershfield sugere que a ilusão do fim da história pode nos levar a postergar experiências agradáveis até não as querermos mais.

Se você anseia viajar, por exemplo, poderá postergar constantemente seus planos até que tenha economizado dinheiro suficiente para pagar por uma viagem de luxo. Mas, quando você conseguir o dinheiro, pode já ter perdido o anseio de explorar novos locais – porque aquele momento já passou. Talvez tivesse sido melhor aproveitar um dia de cada vez.

O mais importante é que a ilusão do fim da história pode nos colocar em caminhos profissionais que não nos ofereçam realização a longo prazo.

Um dia, você pode ter considerado que o alto salário era mais importante que o seu interesse inerente pelo trabalho que você faz – o que pode muito bem ter sido verdade naquela época.

Mas, quando você chega à casa dos 30 anos de idade, esses valores podem ter mudado e, agora, você talvez anseie por paixão e não por um holerite com altos valores.

“Aqui está o problema: quando nos deparamos com novos rumos na carreira ou perspectivas de emprego, se cometermos erros levando em conta o que achamos que terá importância, podemos decidir seguir (ou não) caminhos de que nos arrependeremos mais tarde”, escreve Hershfield.

Por isso, embora certamente não haja nada de errado em celebrar nossa “jornada”, todos nós faríamos bem em examinar um pouco mais de perto todos os possíveis caminhos à nossa frente.

As mudanças podem ser inevitáveis e, se nos esforçarmos mais para tentar reconhecer este fato, poderemos aproveitar ao máximo nossa incrível capacidade de crescimento.

domingo, 16 de julho de 2023

Uma Oração (Jorge Luís Borges)


Alto lá
Esta crônica não é minha
Confesso que copiei e colei
Título: Uma Oração
Autor: Jorge Luís Borges
Fonte: Marcia P Fleger
Caricatura: Kyriakos Mavridis

Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada. 

Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. 

O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. 

Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta. 

A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. 

Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. 

Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados.

Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo.

[Borges, Jorge Luis – Elogio da Sombra – Uma oração – Obras Completas, Tomo II, Editora Globo Rio de Janeiro, 1999, página 416]

sábado, 15 de julho de 2023

As colisões inelásticas


- Querida, tomei um decisão drástica, radical, decisiva e enérgica.

- Que bom! Posso saber do que se trata, querido? 

- Não, querida.

- Como assim? Não pode ou não quer, querido?

- Até que posso, mas prometi que era segredo de mim para comigo, querida.

- Isto quer dizer que eu não sou sua amiga, querido?

- Sim, você é minha amiga, mas isto é questão pessoal, querida.

- Você está se tornando um homem mau, querido. Isto não se faz.

- Nunca prometi ser um homem integralmente bom, querida.

- Ah! A questão aqui é acima da lei e da ordem natural das coisas. É de foro íntimo, querido?

-  Sim, mas meu foro íntimo é o tribunal da minha consciência, de maneira que não confunda com o da lei constitucional, nem com sua opinião, querida.

- Ok, tudo bem, fica aí com seu foro íntimo, que vou dar uma volta no shopping, querido.

- Como é isto, querida? Vai sair assim?

- Assim como, querido?

- Com estes trajes exclusivos da intimidade do lar, querida.

- A lei entende que estou vestida, querido - levo comigo um cartão de crédito, shortinho, topper, tiara e sandália havaiana.

- Qual lei, querida?

- A mesma que garante a você ter segredos para comigo, querido.

- Pensando melhor, vou contar a você, querida ...


É isto aí






sexta-feira, 14 de julho de 2023

Nunquam


O nosso nunca 
vem do Latim nunquam
formado por ne de negativo, 
mais umquam 

umquam significa  
“alguma vez, 
em dada ocasião”.

Nunca, alguma vez
em nenhuma ocasião
esqueci de lembrar
que não esqueço você.


É isto aí!

quinta-feira, 13 de julho de 2023

O proeiro dos jeribás

Estava apressado, açodado pela saudade. A tardinha ia lenta, modificando o aspecto imponente do dia, desalinhando as obrigações não cumpridas, as promessas quebradas, desfeitas; a angústia a avolumar-se em remorsos perenes e desonestos, Seguia a passos lépidos, numa agilidade suficiente para manter-se em equilíbrio.

Andava pela estreita calçada que da apertada ruazinha que dava na Praça da Matriz, que tem outro nome homenageando um destes famosos anônimos que pela vaidade o dinheiro mantém nas placas. Aquilo não importava, pois agora e desde sempre era a Praça da Matriz e pronto. 

A Matriz era um símbolo de cidadania aos direitos dos amores correspondidos e eternizados. Foi neste ambiente idílico que seus avós maternos e paternos foram apresentados, cresceram e casaram-se, bem como seus pais, e no fundo da alma sabia que sua cara-metade também cederia aos seus sinceros desejos.   

Todos os casais de enamorados, obrigatoriamente, davam voltas longas pelos seus belos jardins e sentavam nos bancos ao longo das passarelas, flertando com a natureza do amor. Ali havia solidez e perpetuidade da vida, pensava enquanto desviava de meninos gritando e correndo, idosos lentos e ciclistas mentecaptos. 

O frontispício da matriz, construída num elevado de cerca de seis metros acima do nível da praça,  volta-se aos doze Jeribás, de cerca de 20 metros de altura, imponentes palmeiras nativas, carregadas de frutos, plantadas pelo seu bisavô materno. Neste instante para diante da visão majestosa do sol esmaecido, olha para o relógio da Matriz e escuta o primeiro toque do carrilhão a avisar que chegou o momento místico e passional das dezoito horas. 

Coração acelera, suor desce pela face e em pé, trêmulo, parado e tenso, exatamente no mesmo lugar de sempre, ao lado da carrocinha de pipoca, tal qual um proeiro, que é aquele marinheiro que vigia e manobra na proa das embarcações; vigia a aproximação do ônibus que vinha do distrito para o centro trazendo as professoras e servidoras da escola municipal. Correu os olhos por todo o interior do coletivo e não a viu. Era a segunda vez que aquilo ocorria na semana. 

Embalou pela descida íngreme da Rua dos Macacos, nome popular da rua fulano de tal, a tempo de vê-la nos braços de um fidalgo qualquer, sem estirpe, sem linhagem familiar histórica; sem origem local, sem linha de ascendência com certo grau positivo de excelência e sobretudo sem categoria e qualidade para tocar aquela pele de seda.

Partiu dali arrasado e no dia seguinte, quem sabe a sorte lhe sorri, aguardava às dezoito horas ao lado da carrocinha de pipoca tal qual um proeiro.

É isto aí!


quarta-feira, 12 de julho de 2023

Afinal, Carl Gustav Jung, o que querem as mulheres?



O que responderia Carl Gustav Jung se lhe fosse perguntado:

Afinal, Carl Jung, o que querem as mulheres?

É importante ressaltar que essa é apenas uma das possíveis respostas, baseada nas teorias de Jung, mas ele próprio reconhecia a diversidade da psique humana e a singularidade de cada indivíduo. Assim, as aspirações e desejos das mulheres podem variar amplamente, dependendo de sua própria história pessoal, contexto social e cultural, e outros fatores individuais.

Carl Jung,  psiquiatra e psicoterapeuta suíço, fundador da psicologia analítica, provavelmente responderia à pergunta sobre o desejo das mulheres com base em sua teoria do inconsciente coletivo e dos arquétipos. Embora não possamos ter uma resposta direta de Jung sobre esse assunto específico, podemos considerar uma perspectiva possível com base em suas teorias:

Argumentaria que o desejo das mulheres está intimamente relacionado à busca pela integração e harmonia entre os princípios masculinos e femininos dentro de si mesmos. Ele via a psique humana como composta por polaridades complementares, e o arquétipo feminino (anima) e masculino (animus) são partes essenciais da psique de cada indivíduo, independentemente do gênero.

Jung acreditava que o processo de individuação, que é o desenvolvimento pleno e integrado do self, envolve a integração dessas polaridades internas. No caso das mulheres, isso implicaria em abraçar e integrar aspectos do animus masculino, como assertividade, lógica e poder, sem perder a conexão com sua própria natureza feminina.

Além disso, Jung considerou que as mulheres também podem buscar a realização de papéis sociais tradicionais, como ser mãe e cuidadora, caso esses papéis estejam em harmonia com sua própria individualidade e desejo.


Afinal, Simone de Beauvoir, o que querem as mulheres?


O que, provavelmente, responderia Simone de Beauvoir se lhe fosse perguntado:

Afinal, Simone de Beauvoir, o que querem as mulheres?

É importante ressaltar que este é apenas um ensaio das possíveis respostas, baseado nas teorias de Simone de Beauvoir.

Simone de Beauvoir, uma das mais importantes filósofas existencialistas e ativista feminista do século XX, provavelmente argumentaria que as mulheres não são um grupo homogêneo com desejos e aspirações indiferentes. Ela destacaria a diversidade das experiências e subjetividades das mulheres, ressaltando que cada uma é um ser individual com suas próprias necessidades, desejos e objetivos.

Beauvoir enfatizava a importância de reconhecer as mulheres como autônomas, capazes de determinar seus próprios desejos e criar suas próprias vidas. Ela rejeitou a ideia de que as mulheres têm um "essencial" ou uma "natureza feminina" fixa e universal.

Em vez disso, Beauvoir argumentaria que as mulheres querem liberdade, igualdade de oportunidades e o direito de tomar decisões sobre suas próprias vidas. Ela lutou contra as opressões e as estruturas patriarcais que limitam as possibilidades das mulheres, defendendo a importância da autonomia e da autodeterminação feminina.

Em suma, Simone de Beauvoir responderia que as mulheres querem ser livres para buscar seus próprios desejos e aspirações, sem restrições ou restrições impostas pelo gênero ou pelas normas sociais. Ela defendeu a importância de lutar por uma sociedade que reconheça e respeite plenamente a igualdade e a diversidade das mulheres.

Afinal, Félix Guattari, o que querem as mulheres?


Félix Guattari, psiquiatra, filósofo e psicanalista francês - que colaborou com Gilles Deleuze (notavelmente em O Anti-Édipo (1972) e Mil platôs (1980), os dois volumes que formam a coleção Capitalismo e esquizofrenia) - ofereceu perspectivas sobre o desejo feminino. Guattari criticou a visão tradicional da psicanálise, incluindo a teoria de Lacan, argumentando que ela perpetua estruturas patriarcais e limita a compreensão da subjetividade feminina.

É importante ressaltar que esse é apenas um ensaio das possíveis respostas, baseado nas teorias de Guattari.  

Segundo Guattari, o desejo das mulheres não pode ser reduzido a uma única explicação universal, pois as mulheres são singulares com desejos e necessidades diversas. Ele enfatizou a importância de levar em consideração os contextos sociais, políticos e históricos específicos em que as mulheres vivem.

Guattari defendeu a ideia de que o desejo das mulheres é influenciado por uma multiplicidade de fatores, como sua relação com o corpo, sua posição na sociedade e as relações de poder que as cercam. Ele acreditava que o desejo feminino é moldado pelas forças sociais e culturais, bem como pela capacidade das mulheres se libertarem das opressões e construções normativas.

Além disso, Guattari enfatizou a importância da solidariedade e do apoio mútuo entre as mulheres, encorajando a formação de vínculos coletivos e a busca por uma transformação social que desafie as estruturas opressivas.

Em suma, a perspectiva de Guattari enfatiza a singularidade das experiências e dos desejos das mulheres, bem como a necessidade de considerar os fatores sociais, políticos e históricos que moldam esses desejos. Ele coloca ênfase na resistência e na transformação coletiva como parte do processo de busca por uma maior autonomia e liberdade para as mulheres.

terça-feira, 4 de julho de 2023

Carminha e Armandinho - o dom do emaranhamento quântico

- Armandinho, Armandinho ... acorda pelamordedeus

- Ahn, hummm, o que?

- Fala baixo. Tem alguém dentro de casa.

- Tem nada, vai dormir.

- Armandinho, pelamordejesuscristinho, levanta e vai ver.

- Carminha, que chatice. Vou acender a luz e verificar.

- Não!! Não acenda a luz.

- Tudo bem, vou sair no escuro ...

Ao abrir a porta Armandinho viu-se envolvido por uma luz meio amarela, meio branca, achou que o prédio estava em chamas, levou a mão para reabri-la e não mais a encontrou. Voltou os olhos para o sentido de fuga rumo à cozinha e seguiu intuitivamente uma estranha trilha tênue de luz azul no chão. Do outro lado do ambiente deparou com um imenso portal de bronze, tendo ao terço médio superior uma assustadora aldrava.

Com certo esforço, bateu com a pesada argola de metal sobre o bronze, com o intuito de chamar a atenção de quem estava do lado de dentro. Lentamente a porta abriu e deparou com um anjo, da altura dela ou talvez um pouco mais alto, a fitá-lo com ares interrogativos.

- Você é um anjo? - perguntou.

- Sim, sou um anjo.

- Mas você não tem asas, nem rosto redondo, nem ares pueris.

- Vai querer saber se tenho sexo também?

- Não, melhor que não. Estou perdido. Você pode em ajudar? 

- Entre e aguarde na fila dos Resultados Finais, se tiver sido aprovado, entre na fila das colações.

- Fila dos Resultados Finais?

- Isto, entre e siga a linha amarela até a última fila da direita.

- Não vou, mas não vou mesmo. Olha o tamanho daquela fila.

- Então fique bem, adeus e fechou a porta.

Ao bater a porta, todo o ambiente voltou ao padrão original. Refez-se do susto, correu até o quarto chamando pela esposa - Carminha, Carminha ... até e dar conta que não sabia quem era Carminha. Por algum efeito físico fora arremessado para outro mundo. Havia uma mulher deitada, belíssima, desconhecida, de olhos abertos e amendoados, voltados para ele.

- Finalmente você outra vez, afirmou a mulher, tranquilamente.

- Como assim outra vez? respondeu em pânico.

- Não lembra, não é? Vou explicar. Você tem o dom do emaranhamento quântico ...

- Dom? Eu? Como assim?

- Caramba, sempre as mesmas expressões. Vamos lá. Este emaranhamento nada mais é que um fenômeno da mecânica quântica que permite que dois ou mais objetos/pessoas/seres.  estejam de alguma forma tão ligados que um objeto/pessoa não possa ser corretamente descrito sem que a sua contraparte seja mencionada e acionada- mesmo que os objetos/pessoas estejam espacialmente separados por milhões de anos-luz. 

- Isso quer dizer???

- Quer dizer que isso leva a correlações muito fortes entre as propriedades físicas observáveis das diversas partículas subatômicas desde mesmo ser/objeto. Você tem esta capacidade de estar em bi locação quântica. Por mistérios universais , cada vez que você atinge um estágio secreto no seu sono, que não deveria existir, a dimensão onde se encontra seu outro ser transcodifica você de volta para seu ninho de amor original, que sou euzinha.

- Uau. E consigo atender sua expectativas?

- Demorou ...

- Acorda, Armandinho, acorda.

- Carminha????

- Quem você queria?

- Então retornei.

- Retornou? Ficou aí gemendo a noite toda e de manhã ficou com aqueles ares de vencedor de maratona, com um sorriso de glória e de deboche. Agora terá que em contar, senão apanha - qual era a vadia do seu sonho? Por que com esta cara é de quem teve sonho com bandida.


É isto aí.

Fonte da imagem: Aldrava no Palazzo Pandolfini, em Florença - Itália




segunda-feira, 3 de julho de 2023

Medicina (Olavo Bilac)


Alto lá
Este poema não é meu
Confesso que copiei e colei
Fonte: Olavo Bilac/Melhores Poemas/Seleção: Marisa Lajolo
Edição: 1ª edição digital / São Paulo / 2012
Editora: Editora Global


Medicina


Rita Rosa, camponesa,
Tendo no dedo um tumor,
Foi consultar, com tristeza,
Padre Jacinto Prior.

O Padre, com a gravidade
De um verdadeiro doutor,
Diz: “A sua enfermidade
Tem um remédio: o calor...

Traga o dedo sempre quente...
Sempre com muito calor...
E há de ver que, finalmente,
Rebentará o tumor!”

Passa um dia. Volta a Rita,
Bela e cheia de rubor...
E, na alegria que a agita,
Cai aos pés do confessor:

“Meu padre! estou tão contente...
Que grande coisa, o calor!
Pus o dedo em lugar quente
E rebentou o tumor!”

E o padre: “É feliz, menina!
Eu também tenho um tumor...
Tão grande que me alucina...
Que me alucina de dor... ”

“Ó padre! mostre o seu dedo,
(Diz a Rita), por favor!
Mostre! porque há de ter medo
De lhe aplicar o calor?

Deixe ver! eu sou tão quente!
Que dedo grande! que horror!
Ai... padre... vá... lentamente...
Vá... gozando... do calor...

Parabéns... padre Jacinto!
Eu... logo... vi... que o calor...
Parabéns, padre... Já sinto
Que... rebentou o tumor... ”

Hábitos que promovem o sucesso



Veja os dez hábitos das pessoas de sucesso, segundo o Investopedia

*Investopedia é um site de mídia financeira com sede na cidade de Nova York. Fundada em 1999, a Investopedia fornece dicionários de investimento, conselhos, análises, classificações e comparações de produtos financeiros, como contas de títulos.

01 - Organização

Frequentemente listada como um dos principais hábitos, a organização deve ser presente na vida dos bem-sucedidos.

As pessoas devem fazer todas as noites antes de dormir uma lista de “tarefas a se fazer”, na forma de compromisso, do tipo ligar para Fulana, agendar reunião, marcar férias, almoçar com Fulano, etc.

02 - Relaxamento

Técnicas de relaxamento podem incluir prática de meditação e respiração

Logicamente, é mais fácil estar relaxado se o primeiro ponto da lista estiver em dia, ou seja, a organização como mãe do relaxamento.

03 - Tomada de ação

Não adianta planejar e organizar se não tiver contraparte de agir. É muito importante organizar-se, planejar e enumerar prioridades mas, sem a ação de fato, um plano é somente um desejo.

04 - Cuidado pessoal

Autoestima é muito importante para se sentir bem e ter sucesso. Os indivíduos de sucesso se preocupam com seu corpo, em relação exercícios, higiene e dieta, lembrando a máxima “corpo são, mente sã”.

05 - Atitude positiva

Pensar positivo sempre ajuda nos melhores e piores momentos. Pessoas bem-sucedidas tem uma atitude positiva em relação a vida não somente à consequência do sucesso, mas sim à raiz da existência do mesmo.

Além disso, não basta somente expressar gratidão e positividade: deve-se também ter uma postura internalizada em relação às duas atitudes.

06 - Networking

Pessoas de sucesso gastam ao menos 5 horas por mês com networking. Indivíduos de sucesso sabem o valor de compartilhar ideias com as outras pessoas através da promoção do network, além de entenderem o valor da colaboração e do teamwork.

Em adição, as pessoas bem-sucedidas sabem a importância de se cercearem de indivíduos também de sucesso. 79% das pessoas de alta renda despendem ao menos cinco horas por mês com network.

07 - Frugalidade

Ser consciente nos gastos é passo importante para sucesso financeiro. 

A frugalidade, atitude de ser moderado, não pode ser confundida com mesquinharia. A ideia de ser frugaz é promover o hábito de ser parcimonioso com dinheiro e recursos, ou seja, evitar desperdícios. Pessoas ricas e de sucesso evitam gastar muito dinheiro. Ao invés da gastança desenfreada, preferem negociar e comparar antes de realizar uma compra. Como resultado, poupam mais dinheiro do que gastam.

08 - Acordar cedo

Hábito de acordar cedo é compartilhado por pessoas de sucesso. Quanto mais tempo você gasta para ser bem-sucedido, maior a probabilidade de sucesso no resultado. Os indivíduos prósperos geralmente estão acostumados a acordar cedo, e este hábito é comum entre as pessoas que querem se dar bem na vida.

09 - Compartilhamento

Ajudar sempre o próximo é um dos hábitos das pessoas bem-sucedidas, seja via doações para caridade ou pelo compartilhamento de ideias, as pessoas de sucesso sempre possuem o ato de se doarem. Tais indivíduos sabem o valor de compartilhar e a maioria acredita que o sucesso é mais do que o acúmulo de riqueza para si próprios.

Vale lembrar que a falta de recursos financeiros não é um fator restritivo ao ato de se doar: o trabalho voluntário em uma comunidade local não custa nada.

10 - Leitura

Leitura é maneira mais rápida de transmissão do conhecimento. É importante destacar que pessoas bem-sucedidas leem constantemente, seja pelo simples prazer de ler, ou pela absorção de conhecimento.





sábado, 1 de julho de 2023

Sorria, você só está um pouco triste.


Por que tem dia que estou triste, tem dia que sou triste e tem dia que fico triste. Parece esquisito isto daí, mas nunca conheci a felicidade, nem nunca estive próximo dela. Segundo o dicionário, felicidade é o estado de quem é feliz, um sentimento de bem-estar e contentamento. Vamos e convenhamos, dicionário é conflitante neste tema.

Retirei de uma crônica publicada em 2022 pelo  Dr Isaac Roitman professor emérito da Universidade de Brasília e membro titular de Academia Brasileira de Ciências, algumas exposições que posto nos próximos três parágrafos: 

Para Immanuel Kant, a felicidade é a condição do ser racional no mundo, para quem, ao longo da vida, tudo acontece de acordo com o seu desejo e vontade. Para Friedrich Nietzsche a felicidade é frágil e volátil. E complementava, a melhor maneira de começar o dia é, ao acordar, imaginar se nesse dia não podemos dar alegria a pelo menos uma pessoa.

Segundo Albert Einstein, uma vida calma e modesta traz mais felicidade do que a busca do sucesso combinada com uma constante inquietação. Por outro lado, Hannah Arendt introduziu o conceito de felicidade pública com a participação pública nas questões políticas, da possibilidade de reunião, da alegria do discurso, da possibilidade de persuadir e ser persuadido, a liberdade pública de agir em conjunto.

Os filósofos associam a felicidade com o prazer, com os sentimentos e emoções. Segundo Aristóteles, a felicidade seria o equilíbrio e harmonia, e a prática do bem. Para Epicuro, a felicidade ocorre através da satisfação dos desejos. Para Pirro de Élia, a felicidade acontecia através da tranquilidade. Para o filósofo indiano Mahavira, a não violência era um importante aliado para atingir a felicidade plena. Para o filósofo chinês Lao Tsé, a felicidade poderia ser atingida tendo como modelo a natureza. Já Confúcio acreditava na felicidade devido a harmonia entre as pessoas. No budismo, a felicidade ocorre através da liberação do sofrimento e pela superação do desejo, através do treinamento mental.

Também li que Sigmund Freud defendia que todo indivíduo é movido pela busca da felicidade, mas essa busca seria uma coisa utópica, uma vez que para ela existir, não poderia depender do mundo real, onde a pessoa pode ter experiências como o fracasso, portanto, o máximo que o ser humano poderia conseguir, seria uma felicidade parcial. Freud também escreveu que a felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.

Léon Tolstoi, no romance Anna Karenina afirma: Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.

Sorria, você só está um pouco triste.

É isto aí!