sexta-feira, 17 de maio de 2024

Troco por nada nesta vida ...

Fonte da imagem: Pinterest


Acordou ainda sonolento, vestiu  a roupa amarrotada, fez um rápido ritual de ablução, olhou para os cabelos, passou a água fria neles, enxugou com um pano velho, que um dia foi a camisa com a qual corria as várzeas como um herói da periferia, o xerife do meio de campo do time da comunidade. 

Procurou café, acabou; procurou leite, acabou; procurou pão, acabou; fechou o punho e o encostou na boca, buscando uma solução para a necessidade imediata. Saiu no quintal, puxou um abacate do pé da vizinha, e ao puxar, caíram dois. Partiu-os ao meio cerimoniosamente, raspou com a colher e deu-se por satisfeito. 

Ao sair da casa, percebeu que estava descalço. Retornou, procurou pelas sandálias de couro cru, calçou-as, já bem gastas e manchadas, mas era o que tinha. Pegou a velha bicicleta e atravessou a trilha no meio do mato, ora morro acima, ora morro abaixo,  e com sorte, em cerca de meia hora chegaria ao trabalho.

Na volta passou na venda, comprou café, leite, pão, trigo, maisena, farinha de milho, farinha de mandioca, sal, açúcar, arroz, cachaça e fumo de rolo. Tomou um banho frio, sentou-se com a companheira de longa data, na frente da casa, espiando o por do sol. Daí filosofou em voz alta:

Vidão, hem Nenzinha!!! Troco por nada nesta vida ...


É isto aí!

  

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