segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Cartas Avulsas XXIV



Reino da Pitangueira,
06 de Janeiro de 2025
6.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 359 dias para acabar o ano.
Dia do Reis Magos e Dia da Gratidão.
Por do Sol às 18h34 min
Lua Quarto Crescente às 20h56
Estação Verão

Cartas à Milena.

As cartas de Franz Kafka para Milena Jesenská são um testemunho profundo de amor, angústia e desejo. Milena, uma escritora e tradutora tcheca, foi, provavelmente, o grande amor da vida de Kafka. Sua relação, em grande parte platônica, aconteceu entre 1920 e 1923, enquanto Kafka lidava com problemas de saúde e dificuldades emocionais.

Conheceram-se em 1920, quando ela começou a traduzir seus textos para o tcheco e trocaram cartas durante alguns anos, com o relacionamento limitado pela distância além de serem casados e infelizes nos seus respectivos matrimônios.

Essas cartas são conhecidas por sua intensidade emocional e pela habilidade de Kafka em expressar sentimentos de maneira profundamente introspectiva e poética. As cartas cessaram em 1923, pouco antes da morte de Kafka, em 1924. Ele estava gravemente doente e a relação, embora profundamente significativa para ambos, nunca foi plenamente concretizada devido às barreiras sociais e emocionais.

São também um testemunho da complexidade e da intensidade do amor. Elas revelam não só o carinho e desejo, mas também suas inseguranças e a luta constante entre o desejo de estar com ela e a impossibilidade de viver esse amor da maneira que ele desejava. A profundidade emocional e a honestidade dessas cartas fazem algumas das mais intensas e admiradas expressões de amor da literatura.


"Querida Milena,

Eu te amo, e o que posso fazer com isso, senão escrever? Eu não tenho palavras para te dizer o quanto te amo, mas estas palavras vêm de um lugar profundo de onde só as palavras podem surgir. Se me faltam gestos, eu tento expressar tudo com o que posso — com as palavras que, talvez, falhem, mas ainda são minha única forma de te alcançar.

Em você vejo algo que não pode ser tocado, algo distante e ao mesmo tempo tão perto. Tento te amar, mas às vezes me sinto como se estivesse amando um reflexo, algo que é ao mesmo tempo real e irreal. A dor de te amar não é só minha, mas também tua, pois sei que nos fazemos mal, de algum modo, pela impossibilidade de um amor pleno.

Não há mais sentido em fugir disso, Milena. Em você encontro o que não encontro em mais ninguém. Mas ao mesmo tempo, minha dor é tão grande quanto meu amor. Não consigo imaginar sem você, mas tenho medo que o nosso amor possa ser algo que nunca se concretiza, mas sempre se estende, indefinidamente.

Com todo o meu amor e desespero, Franz"

É isto aí!

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