Alto lá!
Este texto não é meu
Copiei e Colei
De quem? Max
O artigo de Wikipédia acerca da Síria é uma pequena
obra-prima e vale a pena analisa-lo.
Envolvimento estrangeiro - Apoio a oposição.
Guerra Civil Síria (às vezes referida como Revolta Síria ou
ainda Revolução Síria) é um conflito interno em andamento na Síria, que começou
como uma série de grandes protestos populares em 26 de janeiro de 2011 e
progrediu para uma violenta revolta armada em 15 de março de 2011, influenciados
por outros protestos simultâneos no mundo árabe.
As manifestações populares por mudanças no governo foram
descritas como "sem precedentes". Enquanto a oposição alega estar
lutando para destituir o presidente Bashar al-Assad do poder para posteriormente
instalar uma nova liderança mais democrática no país, o governo sírio diz estar
apenas combatendo "terroristas armados que visam desestabilizar o
país".
Primeira conclusão: na Síria há um conflito interno
("Guerra Civil") desencadeado pelos cidadãos ("grandes protestos
populares") que querem "mudanças no governo" na óptica
democrática ("uma nova liderança mais democrática"). Nada mal como
começo.
Um salto para frente e vamos ler o que estiver escrito sob a
voz "Envolvimento estrangeiro":
O conflito sírio é interpretado como parte de uma
"guerra por procuração" entre Estados sunitas, como a Arábia Saudita,
Turquia e Catar, apoiando a oposição de maioria sunita, e outros países como
Irã e o movimento político do Hezbollah no Líbano, que apoiam o governo alauita
sírio.
É impressão minha ou falta alguém? O Leitor consegue ler
"Estados Unidos" ou "Israel"? Não? Curioso.
O governo da Turquia é o que fornece maior apoio direto aos
dissidentes sírios, sendo que boa parte dos mais de 500 mil refugiados gerados
pelo conflito encontraram refúgio no território turco. Muitos opositores sírios
usaram a cidade de Istambul como centro para comandar a luta pela mudança de
regime no seu país, e a Turquia também refugiou o líder do Exército Livre da
Síria, o coronel Riad al-Asaad.
O governo turco, durante o conflito, aumentou
sistematicamente a hostilidade contra o governo de Assad. Em maio de 2012,
combatentes da oposição começaram a ser treinados pela Agência de Inteligência
Turca. Os turcos, e vários países árabes e ocidentais, vem auxiliando os
rebeldes com armamento pesado desde o início da guerra.
São os Turcos, são eles que odeiam o governo de Assad e
querem uma Síria mais democrática. Os Turcos são os novos defensores da
Democracia no Médio Oriente. Sem Wikipédia, ninguém teria suspeitado isso.
Segue uma breve lista de outros Países que não gostam de Assad:
Alguns países cortaram relações com o governo de Bashar
al-Assad logo no começo das hostilidades, como os Estados do Golfo, a Líbia,
Tunísia, Reino Unido, Espanha, Turquia, Estados Unidos e Bélgica.
Espertos os gajos da Wikipédia: na breve lista aparecem
antes os Países Árabes, tais como a Arábia ("Estados do Golfo"),
Líbia, Tunísia. É importante: isso transmite a ideia de que em primeiro lugar
são os mesmos islâmicos que desejam uma mudança na Síria. Só depois aparecem os
Países ocidentais, entre os quais é possível encontrar os EUA ao lado da
Bélgica (a Bélgica???).
Suspeita: mas não será que estes Países, pelo facto de não
gostarem da Assad, participam activamente na "guerra civil"? Exemplar
a forma como a simpática Wikipédia resolve o assunto:
De acordo com um homem ligado a Bashar al-Assad em uma
entrevista uma agência de noticias Anna da Abecásia, antigos membro do Exército
de Libertação do Kosovo estão lutando na Síria ao lado dos opositores. Ele
disse que o Exército Sírio de Assad matou 400 rebeldes no país, incluindo
kosovos.
Sim, de fato há vozes que denunciam
"infiltrações" estrangeiras no seio dos rebeldes. Mas de quem são
estas vozes? Dum homem "ligado a Bashar al -Assad", portanto um indivíduo
de parte, não dá confiança, é uma pessoa que falou numa entrevista a um agência
de notícias ("Anna") da qual ninguém alguma vez ouviu falar.
Resumindo: sim, há vozes, mas valem o que valem...
E mais:
Grupos terroristas como a al-Qaeda também contribuem para a
luta em nome da oposição armada. Oficiais americanos acreditam que membros da
Al-Qaeda no Iraque tem conduzido ataques a bomba contra alvos do governo sírio,
e que o líder da organização, Ayman al-Zawahiri, condenou o governo de Assad.
Militantes islâmicos jihadista, vindos de diversos países, também foram a Síria
para lutar pela oposição.
A lógica teria pedido que o nome de Al-Qaeda tivesse
aparecido após a lista dos Países que não gostam do governo sírio. Mas não,
aparece depois das declarações suspeitas do "homem ligado a Bashar
al-Assad": desta forma é mantida uma distância entre os terroristas e os
Países democráticos (os EUA, a Bélgica) e ao mesmo tempo aproxima-lo das
declarações do homem de Assad. Isto obriga a uma associação mental, uma técnica
velha mas que funciona sempre.
A propósito: nesta altura o Leitor mais atento poderia fazer
2 + 2 = 4. Isto é:
EUA e Bélgica contra Assad
+
Al Qaeda contra Assad
=
EUA, Bélgica e Al Qaeda do mesmo lado da barricada.
Então é aqui que aprendemos como "oficiais americanos
acreditam que membros da Al-Qaeda...": nada de dúvidas, não há nenhuma
colaboração, os americanos simplesmente suspeitam que haja Al-Qaeda atrás das
bombas que matam civis ("alvos do governo sírio"). Pelo que: é
Al-Qaeda que continua com o estilo de sempre, as bombas e o terror, não os
Países que não gostam de Assad. Nem os americanos, nem a Bélgica.
Continua o artigo:
Em agosto de 2012, a missão da ONU na Síria constatou que os
rebeldes combatiam o governo com tanques e armas pesadas em Alepo, considerada
a batalha decisiva. Turquia e os Estados Unidos supostamente estudaram
estabelecer zonas de exclusão aérea na Síria, com o objetivo de ajudar os
grupos rebeldes sírios em áreas que estes alegavam está em seu controle.
Donde vinham os tanques dos rebeldes? Do céu, só pode ter
sido. Provavelmente os rebeldes acordaram uma manhã e no quintal de casa
encontraram alguns tanques, cada um com uma fita cor de rosa, prenda de Allah.
Porque do ocidente não eram com certeza: os turcos e os americanos limitaram-se
a estudar uma zona de exclusão aérea, ora essa, não é tal o estilo ocidental.
Qual o estilo ocidental? Este:
Em 11 de novembro de 2012, em meio a escalada de violência,
em Doha, o chamado Conselho Nacional e outros grupos de oposição se juntaram
para formar a "Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças
Revolucionárias", unificando assim a maioria dos grupos anti-Assad. Nos
dias que se passaram, muitos Estados árabes do golfo e várias potências
ocidentais reconheceram a nova coalizão como legítimos representantes do povo
sírio.
Legalidade, este é o estilo das forças ocidentais. No
máximo, os EUA podem reconhecer uma coligação "legítimo
representantes" (nota: "coalizão" é singular, "legítimo
representantes" é plural. Mas quem escreve na Wikjipedia portuguesa, um
italiano?).
Esperem lá: mas porque raio os EUA reconhecem uma coligação,
não é uma forma de ingerência?
Entre os delegados que compõem o novo conselho, estão
mulheres e representantes de minorias étnicas e religiosas, como os alauitas.
Já o conselho militar é formado por lideranças do Exército Livre da Síria. Em
25 de março de 2013, a Coalizão Nacional Síria ganhou oficialmente um assento
no plenário da Liga Árabe, organização que apoia os rebeldes sírios desde o
início do conflito.
Não, não é, na coligação há "mulheres" e
"minorias étnicas e religiosas": a coligação é boa por definição!
Dúvidas? Então que tal a "liderança do Exército Livre da Síria"? Se
for "livre", como pode ser mau? Até ganhou um assento no plenário da
Liga Árabe, boa e democrática por definição (Iraque, Arábia Saudita, Líbia,
Kuwait, Bahrein, Qatar, Omã, Emirados Árabes Unidos são bons e democráticos,
desde sempre. Ou, pelo menos, desde que vendam o petróleo ao Ocidente).
Continuemos:
No começo de 2013, uma nova onda de armas teria sido enviada
as forças rebeldes através da parte sul da fronteira jordaniana. Estes
armamentos incluiriam fuzis de assalto, armas antitanque M-79, rifles e
canhões, como o modelo M-60.
Donde chegaram estas armas? Ah, pois, as prendas de Allah,
sempre ele...
Anteriormente, o fluxo do tráfico de armas para a Síria era
feito pela fronteira norte da Turquia. Contudo, muita dessas armas acabavam
parando em mãos de rebeldes islamitas.
Aqui Wikipedia torna-se hilariante: não consegue encontrar uma
declaração decente dum representante do governo oficial, não faz ideia nenhuma
de quem envie armas para a Síria, mas sabe que os "fuzis de assalto, armas
antitanque M-79, rifles e canhões" da Turquia acabaram nas mãos dos
rebeldes islamistas. Não dos rebeldes "legais", que são bons por
definição (são reconhecidos pelos Estados Unidos), apenas dos islamistas. Que
são brutos e ferozes, como todos os islamistas.
Agora sim, esta é a altura certa para tomar uma grande
decisão:
Em 6 de março de 2013, a Liga Árabe deu aos seus países
membros o "sinal verde" para armar rebeldes sírios. Reino Unido e
França também anunciaram que poderiam tomar atitude similar, fornecendo
armamento pesado para a oposição, apesar do embargo de armas da União Europeia
contra a Síria.
Tem que ser: não podemos deixar que apenas os islamistas
fiquem com as armas, não é justo e pode ser muito perigoso. Em qualquer caso,
antes são outros árabes que decidem enviar armas para os rebeldes (de
islamistas para islamistas, de brutos mas democráticos para brutos mas
democráticos), só depois (e com evidente sofrimento interior) são Reino Unido e
França (a civilização no seu melhor) que não enviam mas anunciam "que
poderiam tomar atitude similar".
Começa aqui a segunda parte do artigo de Wikipedia:
Apoio ao governo Assad
Em janeiro de 2012, a Human Rights Watch criticou a Rússia,
principal apoiadora de Bashar al-Assad, por "repetir os mesmos erros dos
países ocidentais" ao apoiar "disfarçadamente" o lado que
simpatiza. A Anistia Internacional, notando que o governo sírio utiliza armas
pesadas e até aeronaves de combate para atacar opositores, criticou os russos
por ter "um desleixo arbitrário pela humanidade."
É só nesta altura que aprendemos como Human Right Watch
denuncie "erros dos países ocidentais" (sem nomes, ora essa): uma
pequena concessão que bem vale a pena, pois descobrimos que a Rússia é nada
mais nada menos de que a "principal apoiadora de Bashar al-Assad".
Malandros!
E se isso não fosse suficiente, eis Anistia Internacional
que revela como o governo sírio utilize armas pesadas. Pergunta do cerebrinho:
"mas quem fornece à Síria as armas pesadas?". Wikipédia não
esclarece, mas a associação Rússia-Síria-armas pesadas está aí, nem é preciso
esforçar-se muito. Reforço: a Rússia tem um "desleixo arbitrário pela
humanidade". Assim fica mais claro.
Claro? Sim, mas melhor repetir: afinal duas vezes o mesmo
conceito ajuda a formar uma certeza:
Novamente, a Human Rights Watch alertou que a companhia
russa de armas, a Rosoboronexport, "enviar armas a Síria enquanto crimes
de guerra são cometidos pode ser interpretado como cumplicismo destes
crimes", e convocou empresas internacionais a cortar relações com empresas
russas envolvidas com o conflito.
Se duas vezes for bom, que tal três vezes? Talvez com uma
explicação geopolítica, que fornece uma camada de lógica:
Um dos principais interesses da Rússia no conflito é a
manutenção da base naval no porto de Tartus, que Moscou considera essencial
para a manutenção da influência do país no mediterrâneo. Em apoio ao regime
sírio, o governo russo teria enviado enormes quantidades de armas pesadas e até
helicópteros de combate para suprir as forças do ditador Bashar al-Assad.
Por isso: a Rússia é má. A propósito: haverá na região
alguém ainda pior? Claro que há:
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, abertamente anunciou
apoio ao governo sírio. O jornal britânico The Guardian reportou que o governo
iraniano apoiou Assad com equipamentos e informações. O The Economist disse que
o Irã, em fevereiro de 2012, enviou a Síria US$9 bilhões de dólares para ajudar
o país a suportar o impacto da sanções econômicas do ocidente. O país também
enviou combustível a Síria e mandou dois navios de guerra para a região para
demonstrar apoio militar ao regime de al-Assad.
Rússia e Irã ao lado do brutal governo sírio, contra a
"livre" coligação que defende democracia, mulheres e minorias
étnicas. É esta a altura certa para a intervenção do paladino da Liberdade.
Quem? E quem poderia ser? Alguém que até agora nem tinha sido nomeado:
O presidente americano, Barack Obama, e o embaixador dos
Estados Unidos na ONU, Susan Rice, acusaram o Irã de secretamente apoiar Assad
militarmente em sua busca para esmagar os protestos e também houve relatos de
combatentes iranianos lutando na Síria.
E, para concluir, várias e eventuais do eixo do Mal:
O controle da cidade de Zabadani provou-se vital para Assad
e para o Irã, ao menos em junho de 2011, já que a cidade servia como centro de
apoio de logística do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica ao
Hezbollah. De acordo com oficiais da ONU, o governo iraniano vendeu quantidades
significativas de armas a Síria antes do conflito, em violação as restrições de
exportações de armas da República Islâmica a outras nações. Também durante a
guerra, armamentos pesados foram contrabandeados pelos iranianos para dentro do
território sírio afim de ajudar as forças do governo de Bashar al-Assad. De
acordo com informações vindas do Irã, o grupo Hezbollah, dito como terrorista
pelos governos ocidentais, apoia militarmente a luta do governo Assad contra
opositores em Damasco e em Zabadani.
Acabou? Não, ainda não, porque não pode haver dúvidas:
Em 31 de agosto de 2012, o autoproclamado "Movimento
dos Países Não Alinhados" declarou que recusava a ideia de uma intervenção
armada estrangeira no país e alguns países, como Equador e Irã, voltaram a
declarar o seu apoio à posição do governo de al-Assad Eles também pediram o fim
da violência e a retomada das negociações de paz. O ex-líder cubano, Fidel
Castro, enviou mensagens ao presidente Assad declarando seu apoio.
O "autoproclamado". Pode pensar o sagaz Leitor:
também o Exército Livre da Síria e a Coalizão Nacional Síria são
"autoproclamados". Sim, mas há uma diferença: estes foram
reconhecidos e até ganharam um assento no plenário da Liga Árabe. Onde é que o
Movimento dos Países Não Alinhados ganhou um assento? Em lado nenhum? Então,
fica "autoproclamado". E vale o que vale.
Digno final: o apoio de Fidel Castro.
Atingimos o fundo do poço.
Ipse dixit.
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