segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Discutindo a relação - Vai ser carinhoso?













- Para , Beto, pode parar.

Espera Claudinha, está quase lá.

- Para, Beto. Tem alguma coisa errada aqui, e precisamos conversar.

Caramba, conversar agora, Claudinha?

- É Beto, conversar agora.

Pronto, parei, o que você quer conversar?

- É sobre você, Beto, e sobre nós.

Sei, sobre nossa vida e nosso relacionamento.

- Sim e não, olha Beto, eu sei que você tem outra, e não mente pra mim.

Claudia, de onde você tira estas ideias? Outra! Que outra?

- Outra mulher, uma amante, uma vadia, uma putinha vulgar, e não se faça de desentendido.

Você está louca.

- Isto mesmo, louca para acabar com esta farsa.

Tem provas disto? De onde tirou esta piração?

- Tenho evidências, Beto, e elas podem me levar aos fatos. Mas prefiro ouvir de você.

Tudo bem, cita aí estas tais de evidências.

- O seu celular, por exemplo. De uns meses para cá só fica no silencioso. Como explica isto? Com certeza não deve ser para que eu ouça quando a galinha te liga.

O Celular só passou a ficar no silencioso por que você danou a reclamar que não tinha mais sossego em casa ao meu lado. Só por isto.

- Será Beto? Será mesmo? E o computador? Hem? E o computador que você passou a deletar o histórico dele toda vez que usa? Explica esta agora, hem!?!? dr. Explicadinho.

Como nosso computador é antigo, com pouca memória, e estava travando muito, passei a deletar os históricos para eliminar cookies, e pode ver que melhorou.

- Tem desculpa para tudo mesmo, hem? E o carro, Beto, o carro nunca foi lavado nestes três anos que estamos juntos, nem antes. Nem o carro do seu pai você lavava.

E daí?

- E daí que de uns tempos para cá só anda limpo e com aquele perfumezinho barato de rodoviária que você pendura no painel. Está limpando para que? Hem? Para esconder o perfume da piranha?

Você está doida, isto não está acontecendo. Como sabe passei a dar carona para um casal que trabalha no escritório e moram aqui ao lado, O Francklin e a Rosália. Daí achei que pegava mal ficar dando desculpa o tempo todo da sujeira do carro, até mesmo  por que eles bancam a gasolina.

- Doida, é? E quer saber mais? E a missa, Beto? Você nunca foi à igreja para nada, desde quando a gente só ficava. De repente vira beato de carteirinha. 

Isto quer dizer apenas que encontrei minha fé.

- Encontrou o cacete. Ela deve ir também. Olha só, vê estas fotos da missa? Eu tirei escondida de você, mas nunca está ao lado de uma piriguete suspeita. Você sabia que eu iria investigar.

Claudinha, você está tomando alguma coisa diferente?

- Diferente é a sua cara de pau. E as quarta-feiras? O que está acontecendo nas quarta-feiras?

Nada, ué! Eu tive uma distensão e parei de jogar bola com a turma, foi só isto.

- Só isto, Beto? Tem a coragem de dizer que é só isto? Você e os meninos jogam bola juntos desde a adolescência, no mesmo horário, toda maldita quarta-feira. Sabe o que isto significa?

Não significa nada. Pois estou cedo em casa toda quarta-feira, se você não percebeu.

- Percebi, claro que percebi, não sou burra. É por que você e a cachorra saem na quarta-feira e aí como passou a atrasar para o jogo, inventou este estiramento aí.

Claudinha, pelo amor de Deus, pára com isto. Não tem nada disto.

- É, Beto? Não tem nada disto? É sério? E as suas taras, ou melhor sua intenção de taras?

Que tem isto agora?

- Desde que começamos a ter uma vida sexual ativa, você, com suas taras primitivas e seu jeito troglodita sempre forçou a barra para eu ceder seu desejosinho idiota de me possuir por completo, meu bem. Esqueceu disto? Tem seis meses que nem na minha bundinha você toca, Beto.

Claudinha!?!? Taras primitivas e jeito troglodita? Tem nada disto - eu cheguei à conclusão que insistir não levaria a lugar algum. Cansei de insistir. Preferi deixar que o tempo resolvesse isto e passei a respeitar seus princípios.

- Passou a respeitar o cacete. Você fazia de tudo para que eu cedesse, e quando eu até que comecei a achar que talvez isto poderia - talvez, hem!? - ser útil em nossa relação, você abandona o processo sem sequer perguntar ou procurar saber se eu queria pensar em tentar, sei lá, afinal deve ser pelo menos não ruim pra ter tanta gente fazendo, mas não, parou de vez. Sabe o que eu acho? A prostituta deve estar satisfazendo esta sua tara.

Tem nada disto. Você está delirando.

- Delirando, Beto? E quando você vinha com aquela coisa pavorosa na minha direção. Eu quase vomitava, desviava, saia da situação, e você ficava rindo. Nem esta tentativa faz mais. Com certeza a vagabunda deve ser uma exímia atriz pornô. Olha, Beto, quem nasceu pra ter chifre é a vaca da sua amante. Eu tenho seios e ela, sim, é que deve ter tetas.

Claudinha, meu amor, o que você quer? Onde você quer chegar com isto?

- Eu quero ser sua, Beto, mas do meu jeito, mas querendo que você insista, mas sem nunca permitir, mas tendo o carro sujo, mas eu ficando com raiva por que está sujo, eu quero que desligue seu celular, mas que eu possa saber se está tocando, e que compre um computador novo, destes com muita memória, e que faça tudo comigo, desde que eu deixe, mas eu não quero que faça tudo e quero que você não fique com raiva. Eu quero confiar em você, Beto. Pode tocar na minha bundinha, mas com limite, pode tentar suas taras, mas sabendo que não deixo acontecer, mas ...

Só falta você contratar um detetive para vigiar minha vida.

- Não falta, Beto. E é uma detetive. Ficou um mês na sua cola, seguiu todos os seus passos e nada. Ela nunca encontrou nada de errado na sua conduta. Que ódio, todas as evidências te incriminam, mas não consegui as provas.

Você é louca. Vou embora. E vou agora. Me larga, você é mesmo uma maluca, desmiolada, doida com algum delírio predominante. Larga - já falei - solta meu braço. Não tem amor que resista a uma piração desta. Estou saindo, fui, cansei, depois de colocar uma detetive para me investigar, acabou, Cláudia...acabou.

- Você vai embora? Espera, desculpa, sei lá, foi doideira mesmo. Eu errei por amor.

- Muita doideira, mas e agora o que você vai fazer para consertar este estrago na nossa relação? Acha que vai ser fácil reconstruir uma história a dois com toda esta piração?

- Tudo... faço tudo.

Tem certeza? É o que quer?

- Não sei se é exatamente o que quero. Não, quer dizer, sim, humm, não, é ... promete ser carinhoso?

Prometo.

- Então, e se eu arrepender, Beto? E se doer? E se eu ficar doente? E se eu gritar muito? E se eu chorar, você para? E se você tiver um caso de verdade, já sei, deve ser isto, ela trabalha no escritório ao lado, e deve ter uma porta secreta entre os dois ...

- Puxa vida, Claudinha. Chega, bateu o fim.

Beto, espera, Beto ... só me responde mais uma coisa. Por favor! Por favor! Por favor!

Fala, Claudinha.

- Você tem uma amante mesmo? E você faz tudo tudo tudo com ela? Ela é maisnovamaisbonitamaisgostosaque eu? Eu conheço?

Adeus!

- Espera, volta aqui, ainda não acabamos ...

Tem certeza, Cláudia Magalhães Albuquerque Cardoso Motta?

- Tenho, Adalberto D'ávila Almeida Peixoto de Algarves

Então, antes, tenho uma pergunta, Cláudia.

- Pode perguntar, Adalberto.

Quem pagou ou bancou os custos da tal da detetive?

- Sua mãe.

Você está brincando, não é?

- Beto, eu estava desesperada, aí procurei a sua mãe e falei com ela que eu estava grávida e pedi um empréstimo para a gente começar o enxoval, aí ela deu mais do que eu pedi, então foi assim que contratei a detetive.

Vo vo vo vo cê está grávida?

- Lógico que não, Beto, e você acha que eu iria pedir a sua mãe para descobrir se você  tem outra para colocar no meu lugar? Ela ia dar gargalhada.

Você é louca varrida, Claudinha. Onde você estava com a cabeça? Nesta altura minha mãe já contou prá toda a família, até pra vovó, meu Deus, você é doida. Precisamos fazer algo a respeito, Claudinha.

- Eu sou burra mesmo (chorando). Estraguei tudo. E agora, o que eu faço?

Você fica quieta, por que você mentir não é o problema, mas minha mãe mentir não é sequer cogitado como possibilidade. E tem mais, prá prenhar comigo tem que ser no jeito troglodita, senão vai ter que pagar dobrado.

- Tá bem, mas vai ser carinhoso? 


É  isto aí! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gratidão!