Na noite da festa
Armandinho, vou na casa da Gildinha.
- Da Gildinha, Carminha? Você sabe muito bem o que acontece quando você vai lá.
Mas meu bem, na semana passada fui convidada para uma reunião com as
meninas, para comemorar o aniversário da Zilda.
- E posso saber se é para buscá-la ou se devo mandar o táxi?
Mas que isto, amor. Eu volto meia-noite no máximo, amanhã tem serviço. Mas como forma de tranquilizar você, voltarei de táxi - Prometo!
- Então está bem! Beijão e juízo, hem! Vê lá o que vai fazer.
A danação é que as horas passaram rapidamente e a conversa regada a destilados estava rolando solta, até que por volta das três da
manhã, completamente bêbada, eu fui para casa. Mal entrei e fechei a porta, o relógio cuco, maldito presente da minha sogra, disparou
e cantou três vezes. Rapidamente,
percebendo que meu marido poderia acordar, sentei na cadeira e fiz "cu-co" de uma forma brilhante, mais nove vezes. Fiquei realmente
orgulhosa de mim mesma por ter uma ideia tão brilhante e rápida, evitando assim um
possível conflito conjugal desnecessário.
Na manhã seguinte:
- Carminha, eu não ouvi você chegando. A que horas você chegou da Gildinha?
Também, com este sono pesadão, nem iria saber mesmo. Cheguei meia-noite em ponto, como prometi. Dei a resposta e chequei sua expressão - não pareceu nem
um pouquinho desconfiado. Ufa! Daquela eu tinha escapado! Mas aí... mas aí, pois é, ele disse:
- Carminha, não sei como dizer isto à mamãe, mas nós precisamos de
um novo cuco!
Ficou doido, Armandinho, você sabe que sua mãe é apaixonada com este Cuco, que recebeu de herança do seu avô.Mas posso saber o porquê?
- Bom, de madrugada nosso relógio fez "cu-co" três vezes.
Depois, não sei porque, ainda com a sua tradicional voz de cuco, ele soltou um "caraaaaalhooooo!".
Mas o que é isto, Armandinho, você deve ter sonhado.
- É, eu até tinha pensado isto mesmo, mas aí ele fez "cu-co" mais quatro vezes, já um pouco desafinado e espirrou escandalosamente. Fez mais três vezes, deu uma gargalhada e fez mais duas vezes, seguido de uns soluços. Daí, tropeçou no gato, derrubou a
mesinha da sala, peidou alto, vomitou no tapete todo, até chegar ao lavabo, que entupiu ao jogar a toalha de cambraia no vaso, e quando começou a soar para o quarto de hora, parece que voltou para dentro da casinha, de onde não saiu mais desde então, talvez por que, não imagino como conseguiu, amarrou a casinha por fora com um cinto parecido com um dos seus.
Credo, Armandinho, que menino danado...
É isto aí!
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