quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Do dia que vim ao mundo (Paulo Abreu)



Conheci o terror ali
logo quando concebido
nas mãos de um anjo,
abduzido do paraíso.

Sentia a expansão tesa  
sumiram as luzes dos astros
desconhecia as vozes ao longe
e tive medo de morrer

Estranho retumbar surdo
batia sobre a existência
uma voz grave gritava
e o mundo jazia em prantos

Na solidão, choro miúdo, 
voz embargada e tato firme
pressionando meu ser
com canções de acalanto

Ouvi grito desesperado
algo rompeu de súbito,
entranhas me empurravam
tragédia, dor, medo

Que loucura o mundo pensei,
fazendo de mim sua parte nova 
franzi a testa, enchi-me do éter
e assustado chorei a liberdade.



É isto aí!





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