Dormiu por apenas três horas, acordou estranhamente descansado. Sonhou que estava num velório que foi muito tenso e durou a noite toda. Sentou na beirada da cama, fez suas orações pequenas e funcionais, como sempre dizia a Deus - olha, sei que o Senhor é muito ocupado, então vou direto e objetivo. Ria sozinho toda manhã ao repetir esta fala.
Achou o quarto um pouco estranho, talvez a luz que incidia pela janela, o som de pássaros, água, vento leve, farfalhar das folhas - engraçado, nunca percebera este som vindo das árvores. Levantou, tomou um banho, vestiu a roupa e saiu para ... não, espera, acreditou que estava doido - abriu aporta do banheiro e estou de frente para uma imensa praça.
Isto, após o banho, deparou com uma realidade diferente. A sair do banheiro estava numa praça lindíssima, perfumada e colorida por flores as mais diversas. Tentou voltar para o banheiro e ao abrir a porta, entrou numa imensa sala, vazia, destas salas acústicas, totalmente isentas de som.
A sala não tinha móveis, nem janela, nem lâmpadas aparentes. Era oval, e havia nela uma condensação de luz. Se pudesse explicar nesta nossa realidade, diria que estava dentro de uma piscina de luz. Ao acostumar-se com aquela frequência luminosa, percebeu um anjo de mais de dois metros de altura, encostado na parede, com os braços cruzados, olhar sereno e confiável, com a perna esquerda fletida de tal forma que seu pé esquerdo apoiava-se na parede. Era um anjo, mas não via suas asas. Riu desta percepção.
O anjo apontou para o fundo da sala, onde havia um pequeno palco, encaixado na ponta ovalada, de cerca de 50 cm de altura por uns 2 X 3m, medida baseada na abertura dos seus braços. Sentiu-se impelido de ajoelhar e assim o fez. Abaixou a cabeça e percebeu que o Anjo se aproximara e parou atrás do seu lado direito. Ficou ali em oração não sabe por quanto tempo.
Ouviu um barulho de porta se abrindo. Não sentiu a necessidade de levantar a cabeça ou sequer abrir os olhos. No silêncio absoluto, percebeu dois pés calçados por uma sandália simples, de couro curtido e tiras que cruzavam até o tornozelo, em laço. Pés masculinos finos, unhas aparadas, calos e uma cicatriz oriunda de lesão no dorso dos pés. Conseguiu levantar os olhos até a barra da túnica, de algodão grosso, tingida de uma marrom clara, que tinha om comprimento até uns 10 cm abaixo dos joelhos., terminando em franjas muito bem tecidas, com três nós em cada uma delas.
Experimentou uma paz até então desconhecida e chorou como se estivesse acabado de nascer. à medida que chorava, seu peso sobre os joelhos ia diminuindo de tal maneira a não perceber mais o peso do seu corpo. Quando parou de chorar, o homem da túnica de franjas e sandálias rústicas não estava mais à sua frente. O anjo tocou-lhe levemente o ombro direito e fez sinal para segui-lo. Abriu a porta e sentiu um mergulho no vácuo. Acordou numa cama de hospital desejando voltar.
É isto aí!
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