Mas o que é, afinal, felicidade?
A pergunta que desde a antigüidade clássica, nunca deixou de ser formulada, constitui-se em um desafio
Mas o que é, afinal, felicidade?
A pergunta que desde a antigüidade clássica, nunca deixou de ser formulada, constitui-se em um desafio
Mas mesmo assim pessoas próximas cobraram uma declaração explícita. Bem, vamos lá:
Prezados/Prezadas leitores/leitoras, estivemos fora do ar, como alguns narraram pessoalmente, e isto é uma coisa muito engraçada. Fora do ar deveria ser um vácuo, e não estivemos no vácuo, estivemos sem conseguir abrir processos saneadores de problemas. Não consigo imaginar-me fora do ar e permanecer respirando o ar que para os outros está ... confuso isto daí. Enfim, estivemos sem acesso ao conteúdo plantográfico.
Não tente corrigir o neologismo deste reino. Eu não quis dizer pantográfico, que é aquela coisa que se faz com um pantógrafo, (do grego pantos = tudo + graphein = escrever) que é um aparelho utilizado para transferir e redimensionar figuras e que pode ser regulado de modo a executar também ampliações e reduções nas proporções desejadas.
Plantográfico (do latim plantae = planta/plantar + do grego graphein = escrever) que é esta coisa que se faz ou pelo mesmo se tenta fazer aqui, ou seja - semear, adubar e florescer as palavras escritas neste reino da Pitangueira).
Para facilitar, estivemos fora do ar por motivos (marque um, dois ou todos que achar conveniente):
Helena Kolody (1912-2004), primeira mulher a escrever e publicar haikais no Brasil, este gênero de poesia de três linhas, foi uma poetisa brasileira, considerada uma das maiores representantes literárias do Estado do Paraná.
tudo em mim
Paulo Leminski
183 LEMINSKI, Toda poesia, 2013, p. 182.
Na cama, em pose sensualíssima e com lingerie erótica, descansa a esposa. Nunca havia reparado que ela era tão formosa. Jogou a toalha no chão, desligou o celular e foi aproximando da musa da sua vida. Se entregaram a um desejo há muitos anos latente. Tudo sob a lua nova e o brilho das estrelas.
Amanheceu com um grito desesperador ao seu lado. Acordou assustado, deu um salto com extrema agilidade, ainda nu, e ao olhar para a fonte do grito, deu com a vizinha estarrecida com a situação. - Eu posso explicar, disseram ambos concomitantemente. Se entreolharam - não sei como isto aconteceu, disseram novamente em uníssono. Sorriram diante da singularidade.
Vestiram-se duas horas depois, ele seguiu para sua casa e ela seguiu com a sua vida. Mudou-se naquela mesma tarde para local incerto e não sabido. Não pelo evento, a família foi na frente e ficou apenas para despachar a mudança.
É isto aí!
Olhou para a moça, ficou encantado com sua beleza, mas de repente reconheceu nela uma senhora de 90 anos, depois olhou com atenção e surgiu uma mulher com cerca de 50 anos e só então retornou à moça do vestido godê rodado. Ao virar o rosto para a dentista, ela havia desaparecido. Procurou-a com os olhos e voltou à moça, que já não se encontrava mais ali.
Colocou a mão direita na testa, fechou os olhos e tentou entender o que estava acontecendo. Ao abrir estava sentado na beira da cama, num quarto que desconhecia. O telefone, daqueles modelos antigos de mesa, toca. Atende e era a dentista confirmando o horário. Sorriu, suspirou aliviado e foi tomar um banho.
Ao abrir a porta do banheiro, deparou com a moça do vestido godê rodado, em pé, escovando os dentes. Olhou-a com ares de indagação, recuou, fechou a porta e ao dar o primeiro passo, percebeu-se nu em plena Avenida Rio Branco, na altura da Halfeld, no centro da pequena e pacata Juiz de Fora, simpática vila do interior mineiro. Reconheceu a esquina e olhou para onde deveria existir o painel "Cavalinhos", de Portinari, e lá havia o desenho da moça de vestido godê rodado.
Uma delicada mão feminina tocou no seu ombro e disse algo suave. Virou-se assustado e agora estava num imenso sofá, sendo acordado pela dentista. Abraçou-a e se pôs a chorar até a exaustão do choro. Levantou-se, recompôs a mente, os pensamentos, tomou um banho e saiu. Na rua deu-se conta que não sabia onde estava, tentou retornar ao prédio, mas não havia nenhum prédio. Em pânico, sentou-se no meio fio e uma mão suave tocou-lhe o ombro. Era a moça do vestido godê rodado.
Está preparado? - perguntou a moça.
Acho que sim, respondeu.
Deram-se as mãos, tomaram uma distância da rua até encostarem numa parede, olhando-o com carinho, ela perguntou - pronto?
Pronto.
Correram na direção da rua, saltaram do meio fio e mergulharam no infinito.
Quando voltou a si, na cadeira do consultório, a dentista, sorrindo com os olhos, perguntou - está tudo bem?
É isto aí!
Vamos falar das políticas públicas em prol do bem
Vamos falar das políticas públicas em prol
Vamos falar das políticas públicas
Vamos falar das políticas
Vamos falar
Vamos
- Tem como me transferir para um humano?
Ok! Entendi! Aguarde
Aguarde, sua ligação
Aguarde, sua ligação é muito
Aguarde, sua ligação é muito importante
Aguarde, sua ligação é muito importante para nós.
Aguarde, sua ligação é muito importante para
Aguarde, sua ligação é muito importante ...
- Vai demorar?
Ok! Entendi! No momento todos os nossos atendentes estão ocupados, por favor aguarde em breve você será atendido
No momento todos os nossos atendentes estão ocupados, por favor aguarde em breve você será atendido
No momento todos os nossos atendentes estão ocupados, por favor aguarde em breve
No momento todos os nossos atendentes estão ocupados
No momento todos os nossos atendentes estão
Aguarde! Vamos transferir sua ligação.
Aguarde! Vamos transferir
Aguarde
Atenção, Isto é uma gravação. Após o sinal, desligue. Seu número já está registrado no sistema, nos sistemas, no sistema, num sistema, noutro sistema ...
No momento nossas Políticas são exclusivamente Privadas. Políticas Públicas não é mais neste numero.
Senhor X, para sua segurança comunicamos que o senhor já foi identificado pelos nossos sistemas.
Temos todas as informações ao seu respeito e seu questionamento está gravado no nosso sistema.
Agradecemos o seu contato e a sua preocupação em prol do bem comum.
Nós somos o bem comum! Passar bem!
tum tum tum tum ...
silênciiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiioo
É isto aí!
Vou partir
e buscar o não
o impossível
o imponderável
o indivisível
o imaginário
e quando chegar
não volto mais
ao paradoxo
do seu olhar
lendo Maiakovski:
"Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos — rodopiante carnaval —
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?"
É isto aí!
Imagem: Nude gold doodle on black background
Humanos,
centenas
de milhares,
covardemente
silenciados.
Judas
vendeu-se
por
trinta
moedas
de prata.
Hoje
o custo
é apenas
um George.
É isto aí!
Fonte da imagem: Mistérios da Numismática - Moeda de Prata do século I