sexta-feira, 9 de julho de 2021

A singularidade do acaso antes de partir.


Marido chega em casa pela madrugada, lua nova, céu estrelado e a mente nebulosa. Entra bem devagar, tira os sapatos e caminha para o quarto. Para na porta, decide ir para o banheiro, faz as ações esperadas, resolve tomar um banho quente e demorado. Enrola na toalha, vai à cozinha e faz um lanche reforçado. Sobre a mesa uma garrafa vazia de vinho rosè e apenas uma taça. Acha estranho, mas passível de ocorrer.

Passa pelo quarto das crianças, abre a porta a fim de dar uma conferida e não vê nenhuma delas. Devem estar com a mãe, pensou. Volta ao banheiro, escova os dentes e ainda de toalha segue para o quarto. Abre a porta devagar, não acende a luz, e apenas liga o celular para iluminar um pouco o caminho. Não vê as crianças - devem ter ido dormir na casa da avó, pensou.

Na cama, em pose sensualíssima e com lingerie erótica, descansa a esposa. Nunca havia reparado que ela era tão formosa. Jogou  a toalha no chão, desligou o celular e foi aproximando da musa da sua vida. Se entregaram a um desejo há muitos anos latente. Tudo sob a lua nova e o brilho das estrelas.

Amanheceu com um grito desesperador ao seu lado. Acordou assustado, deu um salto com extrema agilidade, ainda nu, e ao olhar para a fonte do grito, deu com a vizinha estarrecida com a situação. - Eu posso explicar, disseram ambos concomitantemente. Se entreolharam - não sei como isto aconteceu, disseram novamente em uníssono. Sorriram diante da singularidade.

Vestiram-se duas horas depois, ele seguiu para sua casa e ela seguiu com a sua vida. Mudou-se naquela mesma tarde para local incerto e não sabido. Não pelo evento, a família foi na frente e ficou apenas para despachar a mudança.

É isto aí!

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