quinta-feira, 4 de abril de 2024

Cartas de Amor LXXXIV


Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul

Querida, dança comigo?

Calma meu bem! Não fique aflita. Deu que numa madrugada insone você entrou nos meus pensamentos e daí, inevitavelmente, não tive como deixar de pensar em você explicada pela filosofia. Já esclareço, querida, calma, isto, calma. Saiba que Sêneca ensinou que você, linda, não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas.

Daí arrisquei chamá-la para dançar no imenso salão dos sonhos lúcidos, numa inefável noite sem luar. Você flutuava no salão, e eu, bem ... eu perambulava com minha rigidez clássica. Como sabe, não sei dançar. Sempre fui horrível neste quesito social. Ainda bem que isto não é ponto categórico, claro, positivo ou terminantemente decisivo para gostar de você. Bailemos então, eu disse, dentro do possível, com movimentos de deslizamento e giros, executados em um ritmo de três tempos deslocando-nos pelo salão de forma quase harmoniosa, perseguindo, na medida do possível, o compasso da música.

Não chore, não, por favor, não chore. Você esta linda no seu vestido de baile. Logo perguntei - Querida, vamos parar um pouco, respirarmos  e tomarmos fôlego? Sente-se melhor? Que bom. Veja, o dia já vai aparecer e a magia desta madrugada tão linda esvai. Logo a vida seguiu, num ir e vir infindo. 

Sabe, a saudade é isto, dançar por encantamento com seu ser que habita em mim ao alcance dos meus pensamentos. Como já escrevi em outras cartas, tem hora que tudo que a pessoa precisa é da outra pessoa. 

Um cafuné nos cabelos, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

É isto aí!



Música: Esquina do Brasil (Instrumental)
Músico: Nonato Luiz 
Autor: Evaldo Gouveia / Fausto Nilo
































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