terça-feira, 16 de abril de 2024

Cartas de Amor LXXXV



Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul


Querida, vamos pra lá de Marrakesh


Calma, meu bem, olha a pressão, olha a glicemia, olha as ..., pensando bem, vamos voltar ao ponto de onde fugiremos, pra lá de Marrakesh. Sei como você fica aflita, as mãozinhas suadas, os olhos embaçados de lágrimas precoces, mas como para tudo há de haver uma explicação,  nesta não será diferente. Claro, ir além do que já está longínquo é coisa de pensamento dos enamorados.

Falando nisto, sei que você preferiria, muito mais vezes, que eu pudesse tangenciar seus desejos nos seus pontos críticos de conforto, gozo e glória e que preferencialmente a conduzisse à Casablanca, este hino do amor pequeno burguês revolucionário onde eu seria o anti-herói Rick Blaine, personificado por Humphrey Bogart, e você, tão linda, tal e qual a eterna musa dos meus sonhos, Ilsa Lund Laszlo, personificada pela incomparável Ingrid Bergman. 

Ao fundo um piano soaria  As Time Goes By. Tudo muito bonito, tudo muito apaixonante, só que esta música é o marco do abismo entre dois mundos, e pela dor abissal, digamos assim, de Rick Blaine, que segue solitário por sua jornada. Não, querida, por isto nunca falo de Casablanca. Ilsa diz - Play it Sam, Play As Time Goes By and singing, Sam. E o tempo que cuide de cicatrizar e consertar tudo.

Não, querida, não posso falar de Casablanca. Prefiro ir além de Marrakesh, e claro, antes de partir creio que ainda posso permitir-me sonhar com você ao meu lado no centenário La Mamounia Hotel, em dias imperdíveis e inesquecíveis. 

Neste ponto em diante, nos sonhos profundos e até nos lúcidos, sigo sozinho Saara a dentro, no rumo leste, sob o céu como testemunha e as areias sem rastros por entre as dunas dos desafios na vida. Na cabeça fico escutando sua voz trêmula pedindo a nossa música proibida em Casablanca e o tempo passa lentamente. Somos nossas emoções, querida, é isto que somos. Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

P.S. Se der ou se for possível, mandarei notícias de Timbuktu.

Saudades

É isto aí!








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