Armandinho, o terapeuta quer que você vá à próxima sessão.
Qual é, Carminha? Nunca, nunquinha, sem chance, sem possibilidades, sem razão de ser.
Armandinho, mas é para o nosso próprio bem.
Que próprio bem, o cacete. Isto é coisa de boiola. Este negócio de terapeuta querer ver o marido é de uma boiolice infinda.
Você é ridículo. Suas teorias sobre uma relação conjugal saudável são frágeis, nefastas e preconceituosas.
Carminha, deixa eu te falar um negócio - você é mulher fêmea do sexo feminino duplo X, simples assim. E nasceu única e exclusivamente para dar prazer, satisfação e orgasmo em um macho alfa caçador de recompensas, no caso este belo espécime XY à sua frente.
Então, Armandinho, cadê ele?
Ele quem?
Esta macho alfa que você disse que está na minha frente. Só existem duas pessoas nesta sala, meu bem.
Quer saber, Carminha? Eu vou nesta consulta só para mostrar o quanto este cara é imbecil e o quanto ele está destruindo a sua feminilidade.
No consultório:
Então Carminha, pode dizer na frente do seu marido qual é o problema, sob o seu ponto de vista, entre os dois, no que tange ao relacionamento?
Tirando uma
lista longa e detalhada de tudo o que a incomodou durante todo os anos, começou a ler em voz alta: pouca atenção...,
Espera aí! Que merda é esta aqui? É uma pegadinha? Tem câmera secreta? Ninguém me falou nada de lista de problemas. É por isto que o mundo vai acabar - vocês querem destruir um homem do bem.
Prossiga, Carminha. Senhor, fique tranquilo, terá a oportunidade de expor seu ponto de vista.
... e assim, bem, além de todas estas situações, existe uma falta de intimidade, um vazio, solidão, sensação de não sentir-se
amada e desejada, enfim, não sou respeitada como mulher e nem tratada como amante.
Bem, é a vez sua vez, senhor Armando.
Olhando fixamente para a esposa, dentes travados e fala pausada, levanta e aproxima-se dela, toma-a com força em seus braços e pergunta: Qual é a lingerie que você está usando por debaixo deste vestidinho de puta, sua vaca?
Aquela vermelha com soutien meia taça em tule com detalhes em renda francesa que você comprou para mim no Brás, naquela viagem a São Paulo.
Sério? Uau... e a calcinha?
Sem calcinha, do jeitinho que você gosta, amor...
Ainda segurando-a com força excessiva, beijou-lhe apaixonadamente, com volúpia alucinante. Deitaram-se no divã e engalfinharam em completa loucura sexual. O analista olha para o relógio e calmamente a tudo observa. Longos e gementes minutos depois, Carminha ainda completamente fora de órbita gravitacional, descabelada e ruborizada, senta-se aturdida ao lado de um plácido cônjuge.
Então o analista se dirige novamente ao
Armandinho e lhe diz com voz pausada e ar circunspecto: - Saiba o senhor que isto não representa tudo, mas já é o começo do que Carminha necessita. Acredito que este teatro, onde vocês dois protagonizam muito bem a sua sexualidade, deveria ocorrer a partir de hoje pelo menos umas duas vezes por semana. O senhor estaria disposto a fazê-lo?
Armandinho meditou um instante e então, no mesmo tom, respondeu: - Bem, trazê-la aqui
nas segundas não tem o menor problema, mas às quartas eu tenho futebol
...
É isto aí!
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