terça-feira, 2 de junho de 2015

O tempo e a rosa



Sabia muita coisa 
e também poucas coisas. 
Promovia a distinção entre o gerúndio, o particípio, 
o infinitivo pessoal e o infinitivo impessoal 
dos verbos que circulavam 
pelos egos presentes e ausentes. 
E hoje penso que a palavra 
sempre foi exatamente esta 
- ela promovia a distinção das formas, 
dos conteúdos e dos pensamentos.

Morreu de forma estranha, 
como estranhas são todas as mortes. 
Partiu sem dizer adeus, 
e como todos que se vão, 
fica a ausência, 
aquela enorme agonia 
que ocupa corações e mentes 
diuturnamente, 
como uma cadeira marcada 
esperando pelo dono do lugar. 
Eis aí um grande mistério da vida, 
este de desaparecer o corpo 
e permanecer os ensinamentos 
e o pensamento vivo 
como uma vela em chamas.

Já que citei a vela 
lembrei que um dia, 
em algum lugar do passado, indagou-me: 
Diga, como uma vida vem andando no espaço 
e tal qual uma vela acesa, 
atinge o fim do pavio 
se não somos uma tocha humana? 
Então como se dá o fim 
se não temos princípio pirotécnico?

Isto é devido ao tempo, bati de pronto. 
Ela riu muito 
- rapaz, escute o segredo da vida: 
O tempo não existe, 
ele é uma criação humana, não dos deuses. 
Ele, o tempo, é apenas uma ilusão. 
Somos todos passageiros 
deste espaço que agora ocupamos 
e assim seremos em outro espaço, 
em outro espaço e outro e outro ...
até chegarmos ao fim da viagem 
que nunca tem fim. 
Seja bom sempre, 
faça o bem sempre, 
e siga reto, 
pois assim sua vida terá mais obstáculos do que as outras, 
mas terá a sabedoria de desobstruir a estrada.

Partiu e ficaram as rosas que plantou, 
e ficaram e ficaram e ficaram...


É isto aí!

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