sexta-feira, 5 de junho de 2015

Um dia de cada vez



Acordou exausto, ao lado uma mulher nua, das mais lindas mulheres que já ousou pensar. Ligou o celular e viu umas quarenta chamadas, umas do escritório, outras da esposa, outras dezoito de um número estranho e desconhecido. Olhou as horas - vinte e trinta, pensou e falou alto e bem assustado - caramba, oito e meia da noite.

Entrou rápido no banho, e enquanto a cabeça esfriava começou a se indagar onde estava, com quem estava e como chegou ali. Puxa vida, será que tive uma amnésia. deixa eu ver - meu nome é João, meu pai Juca, minha mãe Marinalva, moro da rua da Angústia, 117. Não... não perdi a memória. Mas como vim parar aqui? Será que esta mulher me drogou? Mas como fez isto? refez mentalmente umas dúzias de vezes o percurso rotineiro e nada de lembrar de algo. Saiu do banheiro com mais perguntas do que quando entrou.

Ao parar de esfregar a toalha no cabelo, percebeu que a desconhecida não estava mais na cama, mas haviam dois homens, destes com sobretudo marrom e chapéu panamá, sentados aguardando perceptivelmente a sua disponibilidade. Olhou desconfiado e cumprimentou com uma saudação simples, sem nenhuma resposta. Um terceiro com jeito de chefe entrou, olhou para a dupla, fez sinal discreto com a cabeça, levantaram, o algemaram sem violência e o conduziram ao lado externo.

Era uma casa de madeira, muito bonita, de dois andares, no meio de uma floresta densa, com um jardim deslumbrante em toda a sua volta. Só havia um carro, onde o colocaram e seguiram em total silêncio os quatro passando por uma vila em estilo germânico, com placas e cartazes supostamente em alemão ou polonês. Mas o que significa isto? Perguntou. O suposto agente ao se lado falou alguma coisa parecida com alemão em tom tão áspero que entendeu ser um cala a boca.

Numa estrada vicinal, de súbito, dois furgões fecharam a passagem, saltaram três pessoas de cada, com armas potentes, atirando contra o automóvel, que imediatamente parou. Algemaram os homens em torno de um tronco de árvore, pelas mãos e pelos pés, e atearam fogo ao veículo. Foi jogado com violência no carro. Aí não viu mais nada, quando uma injeção foi aplicada sem nenhum cuidado na sua coxa esquerda. Abriu os olhos bem confuso e não sabia quanto tempo havia passado Ao lado, a mesma mulher nua, das mais lindas mulheres que já ousou pensar. Estava sem o celular.

Olhou nos olhos dela, sorriram e beijou-a sem medo do amanhã. Desligou de todos os problemas e refletiu - quer saber? Um dia de cada vez!


É isto aí!

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