Noticiamos o falecimento da dignidade do trabalhador da Pátria Tupiniquim. Morreu numa tarde de inverno, assassinado sem luta, sem tiros, sem punhais ou espadas.
Evoluiu ao óbito pela covardia de uma classe ergonomicamente curvada aos interesses do capital contra as necessidades básicas humanas. Foi a covardia, o cinismo, a hipocrisia e sobretudo a soberba, os agentes letais da sua morte.
O Serviço Funerário informa que não houve ódio no ato, nem agressões sexuais, nem perversões, nem mutilação de órgãos, nem decepação, nem constrangimento, nem rancor, nem remorso, nem nada. Não houve nada, por que de onde veio a ordem, de onde veio a determinação, vem junto o mal, não um mal qualquer, mas o mal no que se refere ao que ele realmente é. E este mal determinou que não se pode dividir este país com um povo mestiço, mulato, negro, quase negro, quase branco, pardo, índio, meio índio. O mal determinou que aqui agora é de domínio de uma classe superior, branca, perfumada e drogada.
O Serviço Funerário informa que o féretro será enterrado em urna lacrada junto aos seus pertences, tais como fundo de garantia, décimo terceiro, piso salarial, dissídio coletivo, justiça trabalhista, hora extra, assédio moral, assédio sexual, educação pública e outros de menor valor de estimação.
Comunicamos que por questões de ordem pública não haverá orações, nem rezas, nem despedidas, nem discursos, nem direito ao adeus, nem cortejo, nem cantorias, nem velas, nem carpideiras, nem padres, nem pastores, nem amigos, nada. Só o sarcasmo está autorizado a se manifestar.
Enfim, este dia está marcado para sempre como o dia mais triste de todos os dias tristes da história do trabalhador honesto deste país.
É isto aí!
Minas Gerais, fatídico 11 de julho de 2017
ResponderExcluirCaro Paulo,
o mais triste deste falecimento (que já era há muito anunciado e, mesmo assim, não foi evitado) será o choro tardio pelo assassinado hoje. Um dia saberão dele, sentirão saudades, alguns o conhecerão de nome ou nos livros de história e não sei se poderá ser feito muita coisa, além do pesar. Triste dia.
Uma pena um texto bom destes ser tão nosso, tão real e latente ainda.
Abraços,
Amanda Machado
Amanda,
ExcluirO ódio foi semeado em terreno fértil, dentro das nossas casas, nos círculos de amizade, até nos relacionamentos passionais. Tudo bem planejado para que este dai chegasse assim, morto. Um dia morto.
A classe golpista não tem ódio, é um sentimento que não perdem tempo com ele - ódio inibe o raciocínio lógico, então deve ser disseminado e nunca cultivado.
Em função do projeto A Ponte do Futuro (para a elite rica e branca), não é mais projeto - prevê o fim do Estado como promotor do desenvolvimento. Isto acarreta no fim de todas as legislações sociais que tendem a minimizar o disparate entre ricos e pobres.
A elite funciona bem sem o Estado, continuará indo a Aspen, continuará financiando deputados e senadores de estimação, etc, e o pobre, bem, o pobre que se vire, de preferencia uns contra os outros.