sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

As ruas, mamãe e a seiva de alfazema.

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Cidadãos e cidadãs, povo amado e querido, gente da minha gente, deste palanque sairá a revolução da modernidade antropológica, filosófica, psicanalítica, ectodérmica, endodérmica e mesodérmica que mudará substancialmente a história das nossas histórias.

Doravante tudo que fizermos deverá ter a mãe no meio, a mulher, a avó, a tia, as filhas, as sobrinhas, as professorinhas e até as psicólogas e assistentes sociais, depois de passarem por um crivo de questões moderadoras. Prestem atenção, por que o que vou revelar está escrito num livro que li de que feliz é o mundo depois que a mulher passa, pois seu perfume continua tão doce como seiva de alfazema.

Vejam, meus queridos eleitores - um homem, basta ter uma coisinha a mais, logo depois que morre será homenageado virando nome de rua. Está aí uma coisa que não quero. Virar nome de rua é continuar vivo, permitindo que vidas passem, repassem, e dissipem sob sua custódia. Uma morte violenta, um acidente trágico, uma cena exótica, erótica, tudo vira notícia com seu nome. Não necessariamente notícia de larga escala, mas fica comentado. 

Viu fulano? Foi traído na Rua João Esse, outro dia teve um assalto na João Esse; a idiota da minha ex tem uma irmã que mora na João Esse.

Este agravo do artigo definido destrói a honra e macula a virilidade masculina dos homens de bem, pois invariavelmente ruas, avenidas, alamedas, estradas,  passarelas, rampas, escadarias e vielas serão sempre tratadas no feminino, por mais alfa que o cidadão tenha sido no plano material. Além disto ainda temos as praças, que sofrem todos os tipos de processos civilizatórios para o bem e para o mal. - Fui na Praça Dr Jabá Kulê e perdi cem contos de réis - maldita hora que fui na Jabá ...  

Só becos serão a salvação, mas quem quer ser um beco?

Neste processo apenas as mulheres se enquadram - a avenida Maria Efe - fica muito mais harmônico. Se algum dia um antropólogo resolver estudar a relação dos logradouros públicos com os nomes, é provável que descobrirá que quanto maior o conflito entre ser alfa e estar na feminilidade, numa enorme tensão cósmica e energética, haverá de existir um aumento de fatos ruins ao lugar.

Se eleito for para representar o povo da pátria amada, para acabar com a violência, a desordem, a imoralidade e os maus costumes, levarei à plenária a proposta de que todas as  ruas, avenidas, alamedas, estradas, passarelas, rampas, escadarias e vielas sejam doravante para sempre batizadas no feminino, preferencialmente ofertando os créditos às mães. 

Mas só poderá ingressar na listas a mãe de bem, batizada, casada com homem de bem e de bens, zelosa, caprichosa, elegante, educada, prendada, religiosa e zeladora da família. As outras são as outras, mãe é mãe e o parâmetro é minha santa mamãe.

Nas justificativas do Projeto de Lei estará exposto que só a mulher, como mamãe, que é santa, gera vida em seu ventre, e uma vida é sempre renovação de esperança, e eu sou a prova viva disto. E gratidão por terem escutado. Sendo eleito farei isto e muito mais pela pátria, pela honra, pela tradição e pela família. E viva a minha santa mãezinha!!

É isto aí!





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Gratidão!