- Dia destes, navegando pela rodovia no meu bólido indefectível, incontestável, infalível, sólido, fiel e possante Uno Mille 93 modelo 94, com teto solar e farol de milha, eu avistei ...
- Já que você tocou no assunto, sem querer interromper interrompendo, por que ter um farol de milha em Pindorama, se por aqui contam-se as coisas aos metros?
- Não sei se você sabe, mas a vida quis assim - em Pindorama em se plantando, tudo se exporta, pois o importante é o que se importa e não o ... bem, já entendeu.
- Entendi mais ou menos.
- Bem, depois explico. Aí, rapaz, na hora que pedi a conta ela entrou no restaurante. Parecia uma estrela lindíssima a brilhar no céu dos meus olhos.
- Rapaz, que papo é este. Você estava na estrada como seu combalido Uno, e de onde surgiu esta mulher?
- Que mulher, rapaz? Que mulher? Esta mulher não existe, entendeu? Ela não existe. O que vi naquele tempo/espaço é que temos que ter sempre em mente que o fenômeno da Interplanetariedade extraordinária nos obriga à análise das regras de percepção normativas.
- Para com isto! Está fumando erva estragada? Bebendo destilado paraguaio? Você estava no Uno, viu uma estrela em forma de mulher e surtou? Foi isto?
- Mas que obsessão por esta mulher, hem! Salvo engano foi Lacan quem disse, logo depois do ocorrido no Paraíso, naquela coisa de comeu maçã e deu bode, numa entrevista para a descolada filha de Noé, que fazia as vezes de jornalista historiadora universal, que o desejo inconsciente se acompanha então de inconvenientes não negligenciáveis de que a Mulher não existe. É claro que ela existe, mas tem variáveis, entende?
- Entendi. Vocês não estão se falando mais.
- Ufa, que bom que você entende minha dor.
É isto aí!
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