segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O homem da memória desprogramada

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Deixou a família na praia e viajou mais 300 Km até chegar sozinho na nova cidade onde iriam morar. Chegou à rua A, 56, que constava no contrato de locação, e desde já encantou-se com a casa. - Puxa, as crianças vão amar! Na manhã seguinte apresentaria na empresa e no final de semana buscaria a família para o novo lar.

Acordou cedo, viu que dava tempo, deu uma olhada melhor na casa, tudo novo e cheiroso, e a casa mobiliada, achou aquilo interessante. Tudo certo, já na porta da garagem, mas deixa eu conferir novamente. Humm, carteira, documento de identidade, cartões com data de validade em dia, cartão do convênio médico, cartão de visitas. Isto, está tudo aqui. 

Mas falta algo. O que que falta agora? Chegou à porta do carro, bateu a mão nos bolsos, ah! a chave do carro. Voltou e pegou o molho de chaves. Chegou no carro, e pensou - o que falta agora? O que falta? Falta alguma coisa. Já sei - o documento do carro.

Voltou na casa, abriu a porta, subiu as escadas e pegou o documento no criado mudo, junto com a ... carteira. Puxa vida, quase saio sem a carteira, e ei - que cartões são estes dentro da carteira? Ah! São os válidos, então os que estão no bolso são vencidos. Na dúvida levarei todos.

Saiu da casa, entrou no carro, bateu a chave - estou esquecendo alguma coisa. Mas o que? O que? Fechar a casa. Isto, esqueci de fechar a porta. Voltou à casa, a porta aberta e viu que as janelas estavam abertas. Foi até o fundo da casa e percebeu que a porta dos fundos também estava aberta. 

Fechou a porta da cozinha, colocou uma cadeira inclinada e uma cunha segurando a porta, em seguida fechou as janelas de baixo, subiu, todas as janelas estavam abertas, fechou uma a uma. Aproveitou que sentiu uma necessidade, foi ao banheiro, e depois do serviço completo tomou uma ducha rápida,  desceu as escadas, abriu a porta, certificou-se de que a trancou e ao entrar no carro, aquela sensação - o que estou esquecendo? Ah! Esqueci a torneira da pia do banheiro aberta. 

Voltou, abriu a porta, subiu a escada, fechou a torneira da pia, quando deu conta de que o ar condicionado estava ligado. Ao desligar o ar, lembrou que ligou por que estava muito quente e como ligou o ferro de passar roupa, o ar resfriou, ah! esqueceu de desligar o ferro. Desceu as escadas, foi à cozinha e fechou a torneira.

Ao sair, certificou-se três vezes de que trancou a porta da casa e o portão da garagem. Espera, pensou, já sei - foi no Padrão de luz e desarmou a chave - ufa! Foi no Hidrômetro e fechou a água da rua. Entrou no carro, bateu a chave e ao olhar para os pedais, viu suas pernas nuas, e foi descobrindo que estava nu ... tentou abrir o portão da garagem, mas estava sem energia. Desceu, a porta do carro bateu, as chaves dentro, a casa trancada. 

Correu para a casa do novo vizinho, e a vizinha o recebeu aos berros, aos gritos e à pauladas, acudida por transeuntes que o imobilizaram até a chegada da polícia e foi assim, ao chegar na delegacia, envolto num lençol surrado é que soube que aquela não era a cidade para a qual tinha mudado.

É isto aí!

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