sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Histórias para aquecer o coração - Você é um amor de pessoa



Reencontraram-se depois de anos. Na despedida, na falta do que dizer, para não dizer o óbvio, disse que ela era um amor de pessoa. Cerrou os lábios, olhou para o chão, cruzou a perna esquerda sobre a direita, coçou o tornozelo, procurou a saída lateral e saiu dali com o coração em desalinho.

Na saída, porta estreita em mão dupla, foi barrado pela entrada de um bando de mulheres falantes, conversando entre si e pelo celular, tudo junto e misturado, olhou para trás, os olhos deram-se as mãos, e denunciaram o amor impedido pelas circunstâncias. Ah! Meu olhos sempre foram fieis, pensou, mas desta vez descuidaram pelo capricho do destino.

Voltou, não que quisesse, mas suas pernas se moveram como se uma força de atração às colocassem em marcha. Primeiro a frase, depois o coração em desalinho, depois o olhar e agora os membros inferiores. Estava novamente no ponto de origem. Ela sorria com os olhos brilhando em festa e ele não sentia mais o corpo e nem ouvia a todos os sons do ambiente.

Eu sou realmente um amor de pessoa? - perguntou. Sim, respondeu sem conseguir esconder a emoção. Ela sorria tão lindamente, seus olhos amendoados e outrora tristes, seus cabelos lisos, sedosos, seu corpo, sua boca, tudo nela tão lindamente sensual, mantinham a magia do encantamento através dos olhares atrelados, indissolúveis. 

Levou a mão direita ao encontro da sua face - outra ação involuntária. Ela inclinou a cabeça ao afago. Rodou o polegar, estava em êxtase - e quase sussurrando permitiu que as palavras proibidas saíssem - você é o amor em pessoa, o meu amor, a única mulher que eu amo desde sempre.

Saíram, cada um para seu lado. Na ausência do abandono mútuo, cada qual escreveu um livro diferente do que estava predestinado para os dois, então aquele momento foi o melhor presente que poderiam ganhar em toda a sua vida, desde quando erraram por não se perdoarem. 

Naquele dia fatídico, ela disse - eu te amo, e ele apenas acenou negativamente, de uma forma tão idiota e tão burra que sequer falou que a amava. Nunca mais se perdoou. Se soubessem o quanto aquele dia doeria, se soubessem o quanto um nasceu para ser do outro, se amariam e seriam felizes para sempre.

É isto aí!




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