sábado, 7 de novembro de 2020

Cartas ao Papai Noel



Prezado Senhor Papai Noel

Corre à boca miúda nos becos, guetos, vielas, favelas e marginais que o senhor é antitético ao que está aí, daí o boicote das forças ocultas ao seu trabalho de semear esperanças neste 2020 prá lá de complexo. Também falam que o senhor é uma lenda urbana, uma invenção fértil para engabelar a choldra. Mas há registros de repressão à sua persona por passagens pelo mundo.

Visto e dito isto, estou escrevendo esta carta, apesar de acreditar que o senhor não existe. Tudo bem, milhares de pessoas céticas, crédulas, sépticas ou assépticas do mundo inteiro vão até o norte da Finlândia, na Lapônia (Korvatunturi – em filandês, que quer dizer “monte com ouvidos”)   nesta época do ano, para certificar se alguém que supostamente seria verdadeiro Papai Noel existe, com sua esposa e suas renas.

Sei também que é marketing dos bons sua roupagem vermelha, barba branca e corpo com excesso de peso. Aquela importante indústria alimentícia da área de refrigerantes, desde a década de 20 do século passado, tem investido pesado nesta marca. Só a título de curiosidade, o senhor, se existir, é vinculado a alguma agência publicitária ou é free-lancer? 

Tenho alguns pedidos para fazer, mas aquela exigência de ter feito boas ações o ano todo, caramba, Papai Noel, é uma puta falta de sacanagem. Por que não explica se se pode fazer ações que eu pontuo como boas, indiferente do que pensa a sociedade elegantemente trajada para eventos maquiavélicos pró-auto-ajuda em benefício de si, em si e por si. 

Veja bem, eu fui bom e fui mau. Eu briguei, apanhei e bati. Eu chorei, gritei e sorri. Eu tomei porre, pileque e gin, e no entanto, quando olho pelo retrovisor, não consigo achar que tive um saldo tão positivo assim de exclusividade benigna. Acho que se o senhor existisse, entenderia. Mas por via das dúvidas a carta será mandada.

Ser uma boa pessoa é relativo, não é mesmo? 
Ser paciente, amigo e sincero. Fala sério, Papai Noel.
Assistir aquele jornal na TV e acreditar que tudo ali é verdade. Isto sim é atestado de ingenuidade.
Ser honesto não seria obrigação?
Não contar mentiras - ah! Papai Noel, me poupe. Quem nunca?
Respeitar as autoridades - o que faz de uma pessoa ser autoridade? Ser autoritário não denota este sentido.

Visto isto e outras coisas censuradas que não posso escrever por que não tenho dinheiro para bancar advogados que estupram a moral das pessoas, pergunto (caso seja real):

Posso fazer minha lista de Natal?

Se sim, digite 1, 
se não digite 2, 
com ressalvas digite 3,
com censura prévia digita 4,
com habeas corpus preventivo, digite 5 

Mais uma coisa: Quantos pedidos posso fazer na mesma lista?

E se existir, aguardo sua resposta.

É isto aí!


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