Quadro da (grande) artista plástica (brasileira) Tarsila do Amaral, em 1933 - Operários
o céu entardece esmaecido
as noites adormecem tristes
as pessoas fingem com medo
e toda a natureza lacrimeja em vão
enquanto aranhas tecem
formigas marimbondos abelhas padecem
e o fogo funerário alcança a onça
a sabiá e o mico leão
chamas cretinas e assassinas
deslustram o sagrado das vidas
padecem centenas de milhares de risos,
dos cantos, dos ritos, dos desiguais
das sépalas, folhas e flores
verdes, vermelhas, brancas
azuis, amarelas, pardas
negras, multicores gerais
Em breve, muito em breve
saberemos onde vai dar este rio
que nos leva correnteza abaixo
cada um com sua cara máscara
cada qual com suas faces divididas
em dívidas financeiras ou morais,
agarrados às suas tábuas tortas
esperando uma salvação
mas aí não restarão mais margens
não teremos mais rios
nem peixes, nem desertos
nem flores, nem nada, babacas.
É isto aí!
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