Agora preciso de tua mão,
não para que eu não tenha medo,
mas para que tu não tenhas medo.
Sei que acreditar em tudo isso será,
no começo, a tua grande solidão.
Mas chegará o instante em que me darás a mão,
não mais por solidão, mas como eu agora:
Por amor.
Fonte do poema: refletirpararefletir
Clarice Lispector - uma das maiores escritoras do século XX
O Professor Emérito de Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP , escritor e crítico literário Alfredo Bosi apresenta três características do estilo narrativo de Clarice Lispector:
1 - o uso intensivo da metáfora insólita,
2 - a entrega ao fluxo de consciência e,
3 - a ruptura com o enredo factual.
Bosi afirma que, na gênese das histórias da autora, há uma exacerbação tal do momento interior que a própria subjetividade entra em crise, fazendo com que o espírito procure um novo equilíbrio, trazido pela "recuperação do objeto", "não mais [no nível psicológico], mas na esfera da sua própria e irredutível realidade." Para Bosi, "trata-se de um salto do psicológico para o metafísico".
Bosi vê também, na escrita da autora, exemplos de três crises literárias:
1 - a crise da personagem-ego ("cujas contradições já não se resolvem no casulo intimista, mas na procura consciente do supra-individual");
2 - a crise da fala narrativa ("afetada agora por um estilo ensaístico, indagador") e,
3 - a crise da velha fundação documental da prosa de romances.
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