Pensava nos riscos e ela ligou novamente - está surdo? está ignorando? estou grávida. - e como da vez anterior desligou imediatamente. Levou alguns minutos até passar a crise de ansiedade que sempre simulava um infarto ao sentir dores na região do tórax, irradiada para o braço esquerdo. Ainda trêmulo, voltou aos números contábeis.
Refletiu consigo, em voz baixa e tensa - eu sei que investimento enfrenta riscos, isso de fato é uma das verdades que mais do que se mostrou incontestável no mercado. Não há maneira de se eliminar totalmente esses riscos, mas eles são gerenciáveis. O lado bom é que há sempre a possibilidade de acompanha-los, podendo-se prever e evitar muitos deles antes que possam de fato se tornar um problema.
Enquanto riscava um papel branco com lápis HB afinado no estilete, arguia a si mesmo: Como saber se vale a pena seguir com um projeto sem para isso contar com o conceito de tentativa e erro? Há alguma forma de fazê-lo sem colocar recursos e tempo em risco?. Ela liga novamente - merda, merda, merda, fala alguma coisa, estou grávida, está comigo ou está fora?, fala qualquer coisa, murmura, briga, fala comigo - desligou imediatamente.
A crise de ansiedade retornou mais forte, sentiu o pescoço fechar as vias respiratórias, as dores torácicas aumentarem, bem como a irradiação para o braço esquerdo. Era o infarto tão ensaiado com aviso prévio. Enquanto era socorrido pela secretária, ela liga aos berros - Agenor Gonçalo de Magalhães, pelo amor de Deus, faça ou fale alguma coisa, estou indo para a porta da sua casa fazer um escândalo - ele sorriu, não era o Agenor. Agenor era um ex-amigo. concorrente desleal e poderoso. Morreu sorrindo.
É isto aí!
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