sábado, 28 de dezembro de 2024

Não passarão!



Una mattina mi sono svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi sono svegliato,
e ho trovato l'invasor.

O partigiano, portami via,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami via,
ché mi sento di morir.

E se io muoio da partigiano,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da partigiano,
tu mi devi seppellir.

E seppellire lassù in montagna,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in montagna,
sotto l'ombra di un bel fior.

Tutte le genti che passeranno,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Tutte le genti che passeranno,
Mi diranno «Che bel fior!»
«È questo il fiore del partigiano»,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
«È questo il fiore del partigiano, morto per la libertà!»

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Cartas avulsas XXIII


Reino da Pitangueira,
23 de Dezembro de 2024
358.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 08 dias para acabar o ano.
Dia do Vizinho.
Por do Sol às 18h29 min
Lua Minguante
Estação Verão

Querida, eu devo uma satisfação a você.

Quase não venho mais aqui, cheguei a despedir da Pitangueira, mas o fato é que estou numa enorme batalha nestes últimos anos, agravada neste últimos meses. Cheguei mesmo a acreditar que sair deste Reino seria bom para todos, mas de certa forma uma parte de mim sempre faz a volta e acaba  abrindo as portas do grande salão de baile do reino. 

Não é fácil lutar contra a natureza, suas sinapses, suas conexões, suas interações, sua homeostase ... isto, achei a palavra, esta coisa de ser e estar que desequilibra, constrói e destrói diuturnamente bilhões de células, infinitos trilhões de proteínas, enzimas, hormônios, exsudatos e todos os afins cuja principal função é nos vivificar.

Esta incrível habilidade de manter o meio interno num equilíbrio quase constante, independentemente das alterações que ocorram no ambiente externo tem antagonistas e protagonistas. Mas há um lugar onde só Deus chega, que é o interior do interior da mente. Se não acredita, tente mudar um hábito, um amor, uma certeza, um sentimento, uma aurora boreal dentro de si, etc.

Neste momento minha luta se dá no campo da matéria onde os dois processos metabólicos que ocorrem no corpo, chamados ou conhecidos como anabolismo e o catabolismo, não estão conseguindo dar conta das intempéries da história de vida, ora com déficits ora com superávits vitais.

Somos nossas emoções. É  aqui dentro da caixa craniana que se dá toda a violência de conflitos internos promovendo enquanto partícipe desta realidade, as fugas ou os combates. Minhas emoções principais - alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa, nojo, ciúmes, orgulho, vergonha, admiração e culpa - somadas a dezenas de emoções secundárias serão determinantes para saber se vencerei ou me darei por vencido. 

Feliz Natal

É isto aí!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Cartas Avulsas XXII


Reino da Pitangueira,
11 de Dezembro de 2024
348.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 20 dias para acabar o ano.
Dia do Engenheiro.
Por do Sol às 18h22 min
Lua Gibosa
Estação Primavera

Querida, ainda bem que não a levei ao evento do retorno da Odete, já que rolou só filosofia e eu sei que não é a sua praia.

Saiba que a festa estava tão chata que até as baratas, moscas e pernilongos partiram do ambiente ainda no começo com uma música meio oriental, meio ritualista. Na mesa que a mocinha me colocou, estava um casal e uma senhora muda, esquálida e simpática. à frente um rapaz falante e empolgado, galã de fotonovela latina. 

Deu que virou-se para a senhora esquálida e viajou nas palavras - Olha, enrolando seu dedo gordo nas mechas da sua acompanhante - Olhando nos olhos da mulher simpática disse: Eu gosto de quebrar pedras e quanto mais ascenso ao alto da minha potência neuromuscular, mais abaixo a marreta por sobre a cunha que ali introduzi sabiamente em fase anterior, e só então sinto fluir pelos meus braços, tangenciando as mãos, um poder macro de estar fazendo um movimento antagônico aos milhões de toneladas de  magma, formado pelo derretimento das pedras do manto.

Foi então que a senhora muda, esquálida e simpática deu um grito agudíssimo, na casa dos cem decibéis, e voou no peito do galã de fotonovela venezuelana. Agarrou-lhe pelas orelhas, esbofeiteou-lhe várias vezes, até forçar um beijo onde travou sua dentadura na língua do rapazito falante e empolgado. Garçons, garçonetes e seguranças correram à mesa do conflito e  conseguiram desfazer o nó das pernas da senhora na cintura do rapaz. Com muita dificuldade removeram a dentadura dela presa na língua dele, que foi lavada com lavanda importada. 

Ainda inebriado, em completo êxtase, acariciando a face da senhora muda e simpática, disse-lhe que a sua atitude fora como uma grande quantidade de magma saindo do manto da sua volúpia abrupta e erótica, permitindo ao seu magma no cone do vulcão começar a arrefecer, sendo a pressão aumentada em cálculo exponencial. Assim, quando a pressão chegou ao ápice, as rochas que formaram o vulcão do amor voluptuoso entre os dois racharam, o magma até então guardado veio de fato cobri-los de fervorosa lava.

Saí dali atordoado e procurei uma mesa mais afastada e assim que peguei na taça de vinho, a linda mulher sentou-se ao meu lado e pediu desculpas em nome do amigo excêntrico. Perguntei se aquele episódio era comum e ela citou Platão, e disse que a alma é imortal e pertence a um mundo superior, o das ideias, onde reside a verdade eterna. Além disto falou que aquilo aconteceu por que as almas são naturalmente atraídas umas às outras por uma afinidade espiritual. 

Daí citou o "Banquete" (de Platão), onde ele discute o conceito de amor (Eros) como um desejo profundo de unir-se ao bem supremo, o que também pode ser entendido como um tipo de laço de alma. Para Platão, esses vínculos espirituais transcendem o mundo físico, pois são fundamentados na busca pela verdade e pela beleza eternas. Assim, concluiu, os laços entre os dois não apenas os conectaram entre si, como também os orientaram para uma realidade transcendente, onde a plenitude do ser e do amor pode ser encontrada.

Confesso que só acordei três dias depois na Praia do Espelho, em Curuípe/Porto Seguro/BA, sem ter a mínima noção de como ali houvera e a linda mulher, bem à minha frente, ao alcance das mãos, permanecia impávida e intrépida feito uma pitonisa, ainda falando, falando, divagando sobre essas coisas das quais não entendo nada.

Um cafuné na cabeça, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

É isto aí!


sábado, 23 de novembro de 2024

Cartas avulsas XXI




Reino da Pitangueira, 
23 de Novembro de 2024
327.º dia do ano no calendário gregoriano 
Faltam 38 dias para acabar o ano.
Dia do Combate ao Câncer Infantil.
Por do Sol às 18h12 min
Lua balsâmica
Estação Primavera

Querida, hoje só quero um vinho, seu retrato na parede da memória e escutar Dalva de Oliveira por que a vida continua, apesar de ...

Prometo que não vou falar das guerras fratricidas dentro e fora da pátria amada deitada eternamente num berço - há de convir que isto não é nada esplêndido, parece mais transliteração da mátria pela língua pátria. 

Como sabe, Mátria já era mencionada por Plutarco na Grécia Antiga, e que no século XVII era referida na língua castelhana por se derivar esta da própria terra.

Só pela revolta, só para anular a partida, resolvi escutar Dalva de Oliveira, a eterna voz do Brasil.

E a vida continua (Clique aqui  e escute)
(Evaldo Gouveia/ Jair Amorim)

Eu encontrei
Ontem na rua
O meu amor
Aquele amor
Que pôs em mim
Tanta amargura

E recordei
Estando só
A ternura de outrora
Tempo feliz
Que se resume
Em lembranças agora

Alguém te amou
E hão de te amar
Como eu te amei
Há corações que te darão
O que eu te dei

Tu passas pela rua
E a vida continua
E em mim também
Esta saudade sempre tua

Um beijo, um afago e um abraço!

É isto aí!

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Cartas de Amor LXXXIX



Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul

Querida, vamos zarpar para Osh, e dançaremos bolero no Quirguistão

Calma, meu bem, eu sei que você faz pânico do nada e isto é nada além de um exercício gerador de sonhos mais profundos. Afinal de contas não se dança bolero por lá, ya que ambos no sabemos bailar; pero eso es para otro día, todavia sabrá Dios si todavía me quieres para entonces.

Já disse dezenas de vezes que não danço além do limite do movimento dos ombros, descompassados pelo falso passo doble, sentado no fundo do salão. E como percebeu, arrasei num portunhol ridículo para chegar até aqui e jamais regressar do ponto de dizer que sinto muito, sinto tudo e também sinto todas as formas de saudade e todas as tardes vazias no ocaso do tempo em mim.

Dia destes, melhor, noite destas a vi em um sonho, mas foi tão real que já nem sei se estou em um lado ou do outro da sua presença. Como sabe, não sei escrever coisas melodiosas, em rimas ricas para dizer as coisas da maneira que gosta de ouvir. 

Viver assim é como viver numa ilha cuidando do Farol. Desta forma nunca saberei o que passa ao largo da sua existência, mas mesmo assim brilho na esperança de que atracará em porto seguro, e um dia, quem sabe ... sabrá Dios!

Sinto sua falta! Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo na boca e um abraço apertado. 

É isto aí!

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Os Cinco Anjos dos Continentes


Alto lá
Este texto não é meu
Confesso que copiei colei

Profecia do Dr. Samuel Doctorian, Diretor da Bíblia Lands Mission acerca dos tempos, intitulada ‘Os Cincos Anjos dos Continentes’, em 16 de agosto de 1998, na Ilha de Patmos. Esta mensagem foi transcrita por Ruthanne Galok, a partir de uma fita cassete recebida em Singapura, em 30 de agosto de 1998. A fita foi trazida por Wee Tiong Howe, um cristão que acabara de voltar da ilha de Patmos. onde estivera em oração com um pequeno grupo de singapureanos. Ali, Samuel Doctorian relatou-lhes a experiência.

Os Cinco Anjos dos Continentes

PRIMEIRO ANJO

O primeiro anjo disse: "Eu tenho uma mensagem para toda a Ásia". Quando ele disse isso, em uma fração de segundos pude ver toda a China, Índia, os países asiáticos como Vietnã, Laos - nunca estive nestes países. Vi as Filipinas, Japão, Singapura, Malásia e Indonésia. Então o anjo me mostrou toda Papua Nova Guiné, Irian Jaya e descendo até a Austrália e Nova Zelândia. 

"Eu sou o anjo da Ásia", ele disse. Em sua mão vi uma tremenda trombeta que ele vai soprar por toda a Ásia. Tudo o que o anjo disse vai acontecer com a trombeta do Senhor por sobre toda a Ásia. Milhões ouvirão a poderosa voz do Senhor. Então o anjo disse: "Haverá desastres, fome - muitos morrerão de fome. Ventos fortes soprarão como nunca antes. Uma grande parte será abalada e destruída. Terremotos acontecerão por toda a Ásia e o mar cobrirá a terra’”.

Vi isso em 20/06/98. Hoje á 16/08/98. Há algumas semanas ouvi a notícia de vilas completamente arrasadas e arrastadas para dentro do mar em Papua Nova Guiné. Milhares de vidas em grande caos. Isso aconteceu algumas semanas atrás, e o anjo me disse que vai acontecer por toda a Ásia. "A terra vai cair dentro do mar", ouvi o anjo dizer; "parte da Austrália será sacudida. A Austrália será dividida e grande parte ficará submersa no oceano".

Isso foi assustador - imaginei se estava ouvindo corretamente, mas o anjo disse: "Milhões morrerão na China e na Índia. Nação será contra nação, irmão contra irmão. Asiáticos lutarão uns contra os outros. Armas nucleares serão usadas, matando milhões". Duas vezes eu ouvi a palavra "Catastrófico! Catastrófico!"

Então o anjo disse: "Crise financeira chegará até a Ásia. Eu sacudirei o mundo". Estava tremendo enquanto o anjo estava falando. Então ele me olhou, sorriu e disse, "Haverá o maior avivamento espiritual - cadeias serão quebradas. Barreiras serão removidas. E por toda Ásia - China - Índia - pessoas se voltarão para Cristo. Na Austrália haverá um tremendo avivamento". 

Ouvi o anjo da Ásia dizer: "É a última colheita". Então, como se fosse o Senhor falando, ele disse: "Devo preparar Minha Igreja para o retorno de Cristo". Estava feliz com estas boas notícias depois da mensagem de juízo. Todo o tempo que os cinco anjos estiveram no meu quarto pude sentir suas presenças - foi tremendo.

SEGUNDO ANJO

Então eu vi que o segundo anjo tinha uma foice nas mãos, do tipo que é usado na ceifa. O segundo anjo disse: "É chegado o tempo da ceifa em Israel e em todos os países por todo o caminho até o Irã". Vi estes países em uma fração de segundos. "Toda a Turquia e aqueles países (inaudíveis) que recusaram minha mensagem de amor deverão odiar um ao outro e matar um ao outro". 

Vi o anjo erguer a foice e descê-la por sobre todos os países do Oriente Médio. Vi Irã, Pérsia, Armênia, Azerbaijão, toda Geórgia - Iraque, Síria, Líbano, Jordânia, Israel, toda a Ásia Menor - cheios de sangue. Vi sangue em todos esses países.

Vi fogo; armas nucleares usadas em muitos desses países. Fumaça subindo de todo lugar. Destruição súbita - homens se destruindo uns aos outros. Ouvi essas palavras: "Israel, ó Israel, o grande julgamento chegou". O anjo disse: "Os escolhidos, a Igreja, os remanescentes, deverão ser purificados. O Espírito de Deus deverá preparar Seus filhos". 

Vi fogo subindo aos céus. O anjo disse: "Esse é o julgamento final. Minha Igreja deve ser purificada, protegida e pronta para o dia final. Homens morrerão de sede. Água se tornará algo escasso por todo o Oriente Médio. Os rios secarão e homens lutarão por água nesses países".

O anjo me mostrou que as Nações Unidas deverá ser quebrada em pedaços por causa da crise no Oriente Médio. Não haverá mais Nações Unidas. O anjo com a foice deverá fazer a colheita.
 
TERCEIRO ANJO

Então um dos 3 anjos, com asas, me mostrou a Europa de uma ponta a outra - do norte descendo até Espanha e Portugal. Em suas mãos ele tinha uma escala de medida. Eu o vi voar sobre a Europa e ouvi as palavras: "Estou angustiado. Injustiça, impureza, impiedade - por toda Europa. O pecado se elevou aos céus. O Espírito Santo está angustiado". Vi os rios da Europa transbordando e cobrindo milhões de casas. Milhões de afogamentos.

Depois de ter visto isso algumas semanas atrás, li que a Tcheco-Eslováquia teve a pior enchente de todos os tempos. Também ouvi que o grande rio na China está ameaçando transbordar inundando e destruindo milhares de casas. Não sabia dessas notícias até ter tido aquela visão e ouvido as palavras que os anjos tinham para mim. De repente ouvi terremotos por toda a Europa. "Países que nunca tiveram terremotos serão abalados", disse o anjo.

E de repente, em meu espírito, vi a Torre Eiffel em Paris se dobrando e caindo. Uma grande parte da Alemanha destruída. A grande cidade de Londres - destruição por toda parte. Vi enchentes por toda a Escandinávia. Olhei para o sul e vi a Espanha e Portugal passando por fome e grande destruição.

Muitos morrerão de fome por toda a Espanha e Portugal. Estava perturbado com todas estas notícias e disse: "Senhor, e quanto a Teus filhos?" O anjo disse: "Devo prepará-los. Eles devem aguardar a volta do Senhor. Muitos clamarão por Mim nestes dias e vou salvá-los. Farei milagres poderosos por eles e mostrar-lhes-ei o Meu poder". Então, em meio a grande destruição, haverá a graça de Deus nestes países. Fiquei feliz que Deus tem Sua proteção sobre Seus filhos.

QUARTO ANJO

Agora vamos para a África. Vi o quarto anjo com asas voar sobre a África e pude ver desde a cidade do Cabo no sul até o norte do Cairo - vi todos os países lá, mais de 50 deles. O anjo da África tinha uma espada na sua mão - uma tremenda, afiada espada. 

De repente eu o ouvi dizer: Sangue inocente foi derramado. Divisões no meio do povo, gerações longe do Senhor - eles se mataram uns aos outros, milhares de pessoas. Vi meus fiéis filhos na África e recompensá-los-ei. Abençoá-los-ei abundantemente. Controlarei o clima - tormento e queimaduras do sol em algumas partes.

Grandes rios secarão e milhões morrerão de fome. Em outras partes, inundação. Fundações serão abaladas. Minha espada julgará a injustiça e a sede de sangue. Então muitos terremotos acontecerão de tal modo que rios fluirão em diferentes direções no continente, inundando muitos vilarejos".

Vi grandes pedaços caindo do céu sobre diferentes partes da África. "Haverá tremor de terra como nunca visto desde a criação. Ninguém escapará da espada do Senhor". Vi o rio Nilo secar. Ele é o deus do Egito. Peixes mortos e cheirando mal por todo o Egito. 

Uma grande parte da África central será coberta com água - milhões morrendo. "Senhor", disse, "são só más notícias. Só destruição. Nenhuma boa notícia?" O Senhor disse: "O Dia Final chegou. O Dia do Juízo está aqui. Meu amor foi recusado agora e o fim chegou". Estava sacudindo e tremendo. Pensei que não pudesse suportar isso.

QUINTO ANJO

Então vi o último anjo sobre a América do Norte e do Sul - todo o caminho desde o Polo Norte até embaixo na Argentina. Do leste dos EUA até a Califórnia vi em sua mão uma tigela. O anjo que derramaria sobre esses países os juízos que estavam na tigela. 

Então ouvi o anjo dizer: "Não há mais justiça! Nenhum direito! Nenhuma santidade! Idolatria! Materialismo! Alcoolismo! Servidão ao pecado! Derramamento de sangue inocente - milhões de bebês sendo mortos antes de nascerem. 

Famílias estão quebradas. Uma geração adúltera! Sodoma e Gomorra estão aqui! Os dias de Noé estão aqui! Falsos pregadores! Falsos profetas! Recusando meu amor! Muitos deles têm imitação de religião, mas negam o poder real”.

Quando ouvi tudo isso, implorei ao anjo: "Você não pode esperar um pouco mais? Não derrame isso. Dê uma chance para arrependimento". O anjo disse: "Muitas vezes Deus tem poupado e falado, mas eles não ouviram. Sua paciência chegou ao fim. Prepare-se, o tempo chegou. Eles amaram o dinheiro e prazer mais do que a Mim". 

Quando o anjo começou a derramar da tigela da sua mão, vi icebergs tremendos dissolverem. Quando isso ocorreu, vi inundações por todo o Canadá e América do Norte - todos os rios transbordando; destruição por toda parte. Ouvi o mercado mundial em colapso com grandes terremotos e os arranha-céus de Nova Iorque caindo - milhões morrendo. Vi navios no oceano sucumbindo.

Ouvi explosões por todo o norte do país. Vi o anjo derramando sobre o México e os 2 oceanos se juntando: o Atlântico e o Pacífico. Uma grande parte do norte do Brasil coberto com água; o rio Amazonas tornando-se um grande mar. Florestas destruídas e afundadas. As maiores cidades do Brasil destruídas; terremotos em muitos lugares. Quando o anjo derramou, grande destruição aconteceu no Chile e Argentina como nunca antes. O mundo todo estava sacudindo.

Então ouvi o anjo dizer: "Isto vai acontecer dentro de pouco tempo". Eu disse: "Você não pode adiar? Não derrame essas coisas por todo o globo". E de repente vi os cinco anjos de pé em volta do globo levantando suas mãos e suas asas para o céu e dizendo: "Toda glória ao Senhor do céu e da terra. Agora o tempo chegou e Ele glorificará Seu Filho. A terra será queimada e destruída.
Todas as coisas passarão. O novo céu e a nova terra virão. Deus destruirá o trabalho do Diabo para sempre. Mostrarei Meu Poder - como protegerei Meus filhos em meio a toda essa destruição". Esteja pronto para este dias, pois o Senhor chegou!

Meu quarto estava cheio da luz do brilho dos anjos. Então, de repente, eles ascenderam ao céu. Quando olhava para cima vi os anjos indo nas 5 direções. Sei que eles já começaram suas tarefas. Por mais de uma hora não pude me mover. Estava completamente desperto, tremendo de tempos em tempos. 

Disse: "Senhor, devo sair de Patmos agora?" Ele disse: "Não, Eu te trouxe aqui com um propósito".

Disse: "A mensagem dos anjos por todo o mundo não são boas-novas. É julgamento, punição, destruição, devastação. 

O que as pessoas vão dizer de mim? Sempre preguei sobre amor, paz e boas-novas". 

O anjo disse: "Essa é nossa mensagem. Você é o instrumento, o canal. Que privilégio Deus ter escolhido você para dar esta mensagem às nações!". 

Disse: "Senhor, seja feita a Tua vontade". A Deus seja a glória!

Referências: I Tessalonicenses 4:13-18; 5:1-11; Hebreus 12:22-29; II Pedro 3:10-13

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Cartas de Amor LXXXVIII




Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul


Querida, esta carta cumprirá seu destino etéreo

Calma meu bem, respira suavemente por suas delicadas narinas e liberte o ar - o mesmo ar que me inflama - pela sua boca que redesenha com ímpar beleza suas palavras. Agora que aplainei o caminho que conduz ao seu coração, sei que  nossa coexistência mútua segue seu destino. O destino de descer o rio da vida navegando ao som da paixão refluindo nossas vidas.

Eu sei que você sabe que tem sido frequente em meus sonhos. Às vezes, mesmo insone,  prefiro dormir do que existir só para ver você voltar ao dia que nossas mãos se entrelaçaram, mas aí seria motivo para outra carta, que não esta, que faz materializar o lírico Pablo Neruda 

Poema: Soneto XVII
Fonte: Mariana Gago Recanto da Literatura

Soneto XVII
No te amo como si fueras rosa de sal, topacio
o flecha de claveles que propagan el fuego:
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.

Te amo como la planta que no florece y lleva
dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.

Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,

sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.

Tradução para o português:

Soneto XVII 
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

 É isto aí!


sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Cartas avulsas XX

Reino da Pitangueira, 
08 de Novembro de 2024
Dia Mundial do Urbanismo
Por do Sol às 18h02 min
Lua Quarto crescente
Estação Primavera

Querida, hoje não estou nada bem. Pensamentos ora circundam ora eclipsam, escondem, excedem, fogem, desaparecem, sobrepujam, ocultam, encobrem, enfim - ofuscam sua silhueta nos meus sonhos. 

Responda-me, meu bem, qual o caminho rápido para sair da retidão da vida? Um caminho destes mágicos, ágeis feito os passos céleres do tango, como o passo ao lado (para a direita ou para a esquerda), o passo em frente (avançar) e o passo atrás (recuar). 

Não se empolgue com esta possibilidade. Saiba que graças à gravidade, sou prisioneiro da inércia frente à música. Dia destes mirei no pensamento longínquo nós dois dançando forró, melhor não saber o resultado. Até em pensamento minha desvalida arte da dança é ridícula.

Melhor pensar que sou feito barquinho de papel nas tardes chuvosas das primaveras de outrora, a sustentar-se sobre a água sem leme, sem timão, sem vela, sem nada , desço pelo pensamento na ladeira da vida, levado pela correnteza, deslizando sobre o tempo. Então deve isto a tal da idade chegando, nem tão serelepe, nem tanto buliçosa feito navegar na juventude.

Ou então feito aviãozinho de papel a planar no céu, sustentar-se com as asas estendidas, parecendo uma nave flutuando no ar graças à frágil e aerodinâmica estrutura de dobras na maleável folha de celulose sustentando a estrutura ao impulso dos ventos. Então deve isto a tal da idade da plenitude , nem tão soberba, nem tanto viçosa feito flutuar na juventude.

Sei que a sua curiosidade vai promover insônia se eu não contar qual era o forró no qual de súbito a levei ao chão batido do forrozal. Era Espumas ao vento de cantoria raiz - Espumas ao vento

Mas depois disto, em fase REM, estávamos de rosto colado, face a face, escutando um bolero e saiba que dançamos em lenta e envolvente paixão. 

autor:  Lucho Gatica

Tú me acostumbraste
A todas esas cosas
Y tú me enseñaste
Que son maravillosas

Sutil llegaste a mí
Como la tentación
Llenando de inquietud
Mi corazón

Yo no concebía
Cómo se quería
En tu mundo raro
Y por ti aprendí

Por eso me pregunto
Al ver que me olvidaste
Por qué no me enseñaste
Cómo se vive sin ti


É isto aí!

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Cartas avulsas XIX


Reino da Pitangueira, 
05 de Novembro de 2024
Dia da Cultura e da Ciência
Por do Sol às 18h01min
Lua Nova
Estação Primavera


Querida, acordei num corpo dolorido com sentimentos de pouca e insignificante existência. Estava só ao redor de milhões e milhões de personas tristes. Preferi guardar o silencio, apesar de não demonstrar-me aborrecido. Como sou burro, pensei. Um idiota completo, uma sombra desconfigurada dos meus sonhos. Divaguei sobre os mundos que conheci, das formas, das cores, das culturas e nada resgatava meu Ego, preso em algum lugar atemporal. 

Ao levantar percebi que à minha esquerda se acotovelavam, em total desconforto, uns Xis trilhões de macambúzios mal humorados, de comportamento de alma tosca e olhares estranhos, densamente sombrios, agravados pelos seus olhos imensos feito olhos de um sapo. Ri debochadamente, pois algo em mim identificava com eles.   

À minha direita, em murmúrios e lamentações irritantemente baixas e tensas,  Xis² bilhões de sorumbáticos esqueléticos, esquálidos, de cor sem definição de luz. Traziam consigo dores lancinantes, que se faziam sentir por pontadas, picadas, fisgadas internas e externas, provocando uma estranha dança ritual de excruciante e rara beleza. Essas dores justificavam minhas dores.
 
Atrás de mim, Xis³ milhões de seres estatelados, inertes, estativos, hirtos, imobilizados, imóveis, parados, paralisados em profundo e amedrontador estado de ansiedade e pânico. Seus corpos, estatelados e tesos, os mantinham afixados no que poderia chamar de chão, ou uma suposta superfície de contato com aquele mundo. Da mesma forma, me vi afixado e imobilizado pelos vieses da vida.

Descobri que não acordei e aquilo não era um sonho. Por algum motivo, permanente ou não, havia à minha frente, onde sempre esteve, aquilo que já sabia de alguma forma extra-sensorial ser o Caminho de Desejo, conforme a uma imensa árvore com folhas amareladas, frutos ressecados e gigantes raízes aparentes me transmitiu intuitivamente, alertando que só saberia que chegara ao final da caminhada, quando a reencontrasse bela, esplendorosa, jovem e frutífera.

Em letras miúdas, numa imensa placa presa ao seu tronco, estava escrito espelhado - odem e azetrec revit es agis ós; que logo entendi  e traduzi: Só siga se tiver certeza e medo 

Dei o primeiro passo e senti a vida transfigurar minha existência. Ainda estou vagando devagar rumo ao desejo, e não sei nem saberei o que falta para chegar, já que vi sentido na placa que estava apenas sobreposta sobre suas raízes tortas:  onhimac o é etnatropmi o euq erpmes es-erbmel


É isto aí!


sábado, 2 de novembro de 2024

Cartas avulsas XVIII


Reino da Pitangueira, 
02 de Novembro de 2024
Dia dos Finados
Por do Sol às 17h59min
Lua Nova
Estação Primavera

Querida, não está sendo fácil escrever-lhe esta carta hoje, mesmo sendo escrita de próprio punho num mundo onde tudo está à mercê da possibilidade de uma inteligência artificial por detrás das letras. Lembro-me sempre que a rede tem memória perpétua e graças a Deus, minha memória é humana, tem limites, emoções e dores. O que as inteligências artificiais não sabem é que esta carta chegará ate' você somente na data cabalística que a permitirá encontrá-la.

Até lá não sei se estarei vivo, se assim for minha predestinação. Se vivo, talvez mudo ou taciturno, com direito a elucubrações compostas, cogitações arquetípicas, estudos astrológicos, meditação transcendental, reflexões, inflexões e eventualmente ruminações antitéticas. Haverá de existir uma ou outra especulação fantasiosa que versa e reversa em minha mente sobre as conjecturas e considerações especulativas ou generosas sobre as curvas que a permeiam com açúcar e com afeto.

A ideia inicial fora ater-me até esta data como um ser tomado pelas tristezas, angústias vis, principalmente as de pouco valor, principalmente as insignificantes, mesquinhas, desprezíveis de maneira abjeta e/ou infame, mas nada disto importa mais, nem importou ou importará. Você esteve sempre acima destas dores do nosso mundo.

Afirmo-lhe que ao ler esta carta na data certa, de maneira correta, encontrará a chave guardada em secreto compartimento acessível somente pelo seu coração. No cofre há de encontrar guardada, em caixa lacrada, uma discreta insatisfação por todos os meus projetos naufragados em triste e melancólica existência.

Ao lado destas lamentações, dentro de um envelope azul claro, numa folha escrito com minha caligrafia horrível, poderá ler que tudo valeu a pena, mesmo as dores do mundo somatizadas em mim. Tudo valeu a pena, tudo foi merecido e acordado com o céu entre miríades de anjos como testemunhas, por que eu sempre amei você.

É isto aí!

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Palavras que rimam com você - V

 


Sonho lúcido 
corpo mente 
só nós dois, 
harmônicos 
metais nobres, 
sendo fundidos 
num cadinho 
fogo e paixão.

É isto aí!




quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Isso é amor, e desse amor se morre!


(Juiz) Senhoras e senhores, membros do Júri deste Tribunal da Consciência, hoje julgaremos o réu, aqui presente, pela acusação de ter decidido romper com seu amor eterno, buscando eliminar a saudade, a angústia de quem ama, a tristeza, a melancolia e o complexo elo com a outra parte, que segundo consta dos autos, guardou consigo toda a candura deste amor.  

Feito o introito, passo a palavra ao Promotor de Justiças Passionais:

(Promotor) Meritíssimo Juiz da Consciência, Inconsciência e afins, a Promotoria trabalha na tênue linha de que "se se morre de amor não se morre, quando é fascinação que nos surpreende" como ponderou Gonçalves Dias em legítima e explícita conjugação do verbo amar.

Concluindo este introito, ainda navegando nos ares passionais de Gonçalves Dias, assim o disse na sua autoridade poética aqui citada de forma plana, sem redondilhas, pois não se trata de um sarau:

Sentir, sem que se veja, a quem se adora; Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos; Segui-la, sem poder fitar seus olhos; Amá-la, sem ousar dizer que amamos; E, temendo roçar os seus vestidos, Arder por afogá-la em mil abraços: Isso é amor, e desse amor se morre!

(Juiz) Com a palavra o nobre advogado dativo da defesa;

(Defesa) Meritíssimo, "Para sempre" é um tempo que não existe. Aqui ouso citar o gênio da sétima arte, o grande Charles Chaplin, a quem esta frase é atribuída, apesar de controvérsias poucas, mas há. Bem, a intenção aqui é explorar a linha de raciocínio do réu, e segundo Chaplin: "Nada é para sempre neste mundo, nem mesmo os nossos problemas" .

(Promotor) Protesto, Meritíssimo. Não temos provas suficientes para garantir de que Chaplin disse isto. E se o disse, não foi, com certeza, em português.

(Juiz) Negado. Prossiga a Defesa.

(Defesa) Senhores e senhoras membros do Júri, o "Para sempre" é de tal de maneira imaterial e desalinhado com a vida, que desindentifica o amor com a real e/ou (que  se danem as redundâncias, já que não bastam a abundância de ausências) suposta saudade carregada cada vez mais dentro de si mesmo com suplício. 

Da mesma forma, deparamos nos autos com estas duas palavras simples, que de uma maneira univitelina, quando juntas, transformam-se num ato de penitência: Falo da sentença social do  "Nunca mais".

O "Nunca mais" surge nas intempéries da dor como um ato indefectível, que não falha, insidiosamente incontestável e infalível. Todos aqui sabem que quando e enquanto se ama alguém, não há o que se pode destruir. Cremos piamente, de forma intuitiva,  que pela natureza elementar e natural das coisas, o amor sempre existirá; será eterno, imutável, indestrutível, imperecível. 

(Promotor) Protesto, está generalizando os sentimentos

(Juiz) Negado. Prossiga.

(Defesa) Pergunto à consciência de cada um neste tribunal, aos membros do Júri e ao Meritíssimo Juiz

- Senhores, quem suporta uma dor assim tão intensa? É possível, no centro de um furacão de sentimentos dolorosos, focar em pensamentos positivos e atos altruístas que teriam a responsabilidade de criar uma nova realidade sem vínculos ou sequer vestígios com a atual?
  
- Senhoras, quem nunca pensou em se entregar à paixões extemporâneas, buscando uma rota de fuga sem eixo de gravidade, sem chão, sem mobilidade tangencial para fugir deste tempo de angústia profunda?

- Quão dolorosa e' a via aos que permitem entregar-se de corpo e alma às repreensões fúteis ou inúteis da sociedade, sufocadas por choros secretos e rotinas maçantes?

(Juiz) Conclua, por favor

Prezados membros do Júri, Meritíssimo, não condenem este homem duplamente pelo mesmo ato. Ele já foi julgado e condenado pela sua experiência pessoal. Deixem-no ir, pois a ausência já o condenou a ser infeliz neste continuum  de dor.

(Juiz) Culpado. Condenado ao ad aeternum da angústia dos que amam. 

É isto aí!

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Cafubira, o contador de casos



Ô Cafubira, conta aqui pra turma sobre a vez que você encarou uma onça na mão.  

Nossassenhora, essa é fantástica. Foi assim - Estava andando a horas caçando a onça. No cansaço acabei dormindo numa pedreira. Acordei assustado com o canto com ruído grave e ritmo leve de uma coruja, anunciando a morte de alguém. Passei a mão no chão e senti que estava orvalhado. Aquilo era estranho. Abri os olhos bem devagar e pela luminosidade da lua crescente não reconheci o ambiente. Havia uma sinfonia de insetos, pássaros seguidos de silêncios espasmódicos. Só pode ser um daqueles sonhos malucos que vez ou outra me visitam, pensei. Nisto, de repente... 

Credo, Cafubira, você floreia demais.

Floreio nada não, eu vivo a vida intensamente. Agora atrapalhou até a minha linha de raciocínio. Onde eu parei?

Você parou falando - de repente ...

Então, de repente, quando dei por mim, adentrei na sala da casa do Tenorinho, tio da Zeldinha, cunhada da Virgulina e dei de cara com o velório da Virgulina. Crendeuspai. Aquilo foi um baque terrível. Até na noite anterior nós dois nos amassávamos de amor apaixonante no paiol velho do Zé da Noca. Eu assustei ao ver Virgulina, a moça mais bonita do mundo, morta e minguadinha, coitada. Aquela tripinha lerda estirada num esquife de pinus, cheio de brocas e manchas de sebo. Quando aproximei do corpo, a danada arregalou os olhos, segurou apertando minha mão e falou sussurrando - Cafubira, guardei o bilhete premiado da loteria atrás da ... e acabou remorrendo de novo, travando minha mão na dela, e quase que me levou pelo susto.

Cafubira, para com estas histórias, onde já se fui defunta ressuscitar e remorrer?

Aí, vocês tudo pedem para eu contar a verdade e atrapalham de novo. Quer saber como termina ou não?

Está bem, Cafubira, conta aí o resto da história.

Onde que eu parei?

Disse que a sua mão estava travada com a dela.

Ah, lembrei! Estava dormindo na rede do alpendre. Aí minha mão deslizou e parou na mão dela, senti a maciez e o carinho das sua carícias. Puxei ela para o meu peito, travei seu corpinho macio nos meus braços, puxei com força mesmo e a danada veio facinha facinha. Fomos às inimagináveis loucuras de um amor atemporal, forte e contagiante. Acabamos dormindo agarradinhos, e tudo se deu com total volúpia. Fui sendo acordado com total carinho por ela, já  de manhãzinha, ainda sem sol. Quando abri os olhos, era a onça que estava matando as galinhas do quintal. Expulsei a doida a tapas, chineladas e empurrões. Voltou mais uma vezes, a danada, e depois foi sumindo aos poucos.

É isto aí




quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Papo de Esquina 16/outubro/2024


- Por qual razão existem as guerras?

- Deve ser para estarmos sempre tristes, ou angustiados, ou ansiosos, ou coléricos, ou traumatizados, ou endividados ...

- Ou depressivos, ou embriagados, ou alienados, ou submissos, ou desinformados ...

- Acho que vou para casa chorar escondido

- Eu, eu ... não sei para onde ir, eu acho, não sei, deve ser isso ...

- Eu vou ali, mas antes vou tomar alguma coisa ...

É isto aí!


terça-feira, 15 de outubro de 2024

Cartas de Amor LXXXVII


Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul


Querida, somos feitos de orações coordenadas.

Calma meu bem, sei que sua ansiedade a corrói feito uma saudade dolorida, por isto peço que inspire lentamente pelo nariz e expire com naturalidade pela boca, acompanhando o movimento da minha mão direita. Inspire ... expire .. inspire... expire .. não pire ... vai, isso, muito bem, adoro seus olhinhos brilhando na minha memória.

Sei que ao ler o enunciado desta carta, pensará que me refiro às infinitas e extensas  ladainhas e orações coordenadas pelas suas tias Belinha e Estelinha, para purificação da mente e do corpo, em saudosos tempos infanto-juvenis. De certa forma, poderia ser este o caminho para propósitos salvíficos pessoais, mas em outra época e de outra forma adentraremos no mérito desta ação de cunho celestial.

Hoje prefiro falar-lhe no âmbito da sintaxe. Creio que somos orações coordenadas, no sentido gramatical, ora sindéticas ora assindéticas. Nossas ações, nossos verbos, nossos versos, olhares, afagos e saudades são misteriosamente  independentes entre si quando não precisam de outras orações para serem completamente compreensíveis. Nosso amor, mesmo que apareça junto de outra oração, pode ser entendido na sua existência, sem ela.

Queria que esta carta fosse um beijo, então que seja, pronto, é o beijo que o beija-flor há de dar em você ao lê-la. Somos nossas orações coordenadas, querida, é isto que somos. Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

Lembre-se sempre, meu bem, que nossas orações não estão, necessariamente, ligadas por conjunções, mas justapostas, ou seja, uma ao lado da outra, feito nosso destino.

P.S. Se der ou se for possível, mandarei notícias do mundo vindouro.

Saudades

É isto aí!


segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Cartas Avulsas XVI

 


Reino da Pitangueira, 
14 de Outubro de 2024
Por do Sol às 17h52min
Lua na fase Crescente
Estação Primavera


Apesar de, resolvi escrever esta carta. Nada de especial nela, a não ser o rompimento do silêncio.

Sou do tempo em que as cartas eram o que de melhor existia para cobrir distâncias com informes sobre tudo e todos. Receber uma carta era mais do que receber uma visita para o café. Era assunto para ser analisado nas formas, no candor; na análise do quão de  sinceridade e franqueza exteriorizavam no texto. Afora isto, sem recursos maiores do que os livros que atravessavam pelo menos duas gerações, cabia ainda estabelecer relações de sentido e de dependência entre palavras e orações.

Dito assim, não sei como as cartas caíram no desuso de maneira tão abrupta. Ler uma carta exigia dar o máximo de sinapses no Hemisfério esquerdo, que é responsável pela linguagem, raciocínio lógico, cálculos matemáticos, escrita e leitura, enquanto o Hemisfério direito, responsável pela criatividade, emoções, percepção de sons musicais, trazia no campo visionário da saudade o reconhecimento da face vinculando-o ao pensamento intuitivo.

Desta forma, o contorno da alma do/da remetente ia sendo aos poucos materializado e sensorialmente metabolizando um tempo único e privativo, numa outra frequência, numa outra dimensão, numa outra vida destas muitas que habitam em nós, eliminando as distâncias e as intempéries entre um problema  e outro. Enfim, espero ter superado as correntezas do rio de problemas que atravessam o nosso caminho e que se recusa a evitar já à jusante a inundação dos sonhos. 

É isto aí!




sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Indo e voltando ao lado do lado

 

Não sei como será ainda 

o formato deste espaço 

onde reina a Pitangueira. 

Muitas águas passaram 

e eu ainda do lado da ponte, 

que é o lado de cá 

vendo o mundo ao largo 

onde não há certo nem errado, 

só há.


Bem vindo! Não posso prometer flores nem água gelada.

É isto aí!


sábado, 1 de junho de 2024

Cartas avulsas XV (Para tudo há um tempo)


Reino da Pitangueira, 01 de Junho de 2024
Outono

O Blog agradece todo o carinho  e paciência, sou grato a todos os muitos leitores e leitoras nestes 14 anos anos de existência (Ao pé da Pitangueira nasceu em 2010 e os dois primeiros anos não estão mais publicados). 

Estou entrando num tempo de reflexão. Valeu, tudo valeu a pena.                                                      Gratidão, Gratidão, Gratidão! 

É isto aí!


01.Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu:

02.tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou.

03.Tempo de matar e tempo de curar; tempo de demolir e tempo de construir.

04.Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de gemer e tempo de dançar.

05.Tempo de atirar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de apartar-se.

06.Tempo de procurar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de jogar fora.

07.Tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar.

08.Tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.

09.Que proveito tira o trabalhador de sua obra?

10.Vi o trabalho que Deus impôs aos homens, para que nele se ocupassem.

11.As coisas que Deus fez são boas a seu tempo. Ele pôs, além disso, no seu coração, a duração inteira, sem que ninguém possa compreender a obra divina de um extremo ao outro.

12.Assim, concluí que nada é melhor para o homem do que alegrar-se e procurar o bem-estar durante sua vida.

13.Igualmente é dom de Deus que todos possam comer, beber e gozar do fruto de seu trabalho.

14.Reconheci que tudo o que Deus faz dura para sempre, sem que se possa ajuntar nada, nem nada suprimir. Deus procede dessa maneira para ser temido.

15.Aquilo que é, já existia, e aquilo que há de ser, já existiu; Deus chama de novo o que passou.

16.Debaixo do sol, observei ainda o seguinte: a injustiça ocupa o lugar do direito, e a iniquidade toma o lugar da justiça.

17.Então, disse comigo mesmo: “Deus julgará o justo e o ímpio, porque há um tempo para cada coisa e um tempo para cada obra”.

18.Eu disse comigo mesmo a respeito dos homens: “Deus quer prová-los e mostrar-lhes que, quanto a eles, são semelhantes aos animais”.

19.Porque o destino dos filhos dos homens e o destino dos animais é o mesmo, um mesmo fim os espera. Tanto morre um como o outro. A ambos foi dado o mesmo sopro. A vantagem do homem sobre o animal é nula, porque tudo é vão.

20.Todos caminham para um mesmo lugar. Todos saem do pó e para o pó voltam.

21.Quem sabe se o sopro de vida dos filhos dos homens se eleva para o alto e o sopro de vida dos animais desce para a terra?

22.E verifiquei que nada há de melhor para o homem do que alegrar-se com o fruto de seus trabalhos. Esta é a parte que lhe toca. Pois, quem lhe dará a conhecer o que acontecerá com o volver dos anos?

terça-feira, 28 de maio de 2024

Uma viagem


Depressa, apressa, depressa 

agora agora agora

vai, vem, voa meu bem

volta, dê vagarosamente

o retorno de frenagem 

e desapressa, sem pressa

com carinho e apreço,

pousando no oceano

desta leve e astronômica

viagem à constelação

do seu bólido desejo.


É isto aí!


sábado, 25 de maio de 2024

Cartas avulsas XIV



Reino da Pitangueira, 25 de maio de 2024
Outono

Bem antes de você existir no meu sistema vital, processando todas as informações sensoriais à minha racionalidade e à espiritualidade, preciso dizer-lhe que morava dentro de mim, na infância, um ser que voava, sorria, brincava para nunca mais deixar de ser feliz, dava cambalhotas, gargalhadas e travessuras.   

Havia o céu todo para conquistar, a Lua, as estrelas, o chão do terreiro para ser meu mundo e a infância infinita. Tudo isto estava ali, nas mãos inquietas de unhas sujas, nas solas dos pés ágeis, nas asas da imaginação, nos sonhos de resolução de todos os problemas. 

Havia desde as dores do mundo, passando pelos pais eternos, que nunca erravam, nunca mentiam, nunca faziam algo de maneira equivocada. Tinha a professora linda e apaixonante, a escola mágica, as amizades para sempre e a inocência.

Havia os amigos imaginários e a as super qualidades da minha identidade secreta salvadora do mundo. Sim, eu e este universo que existia dentro de mim éramos imbatíveis. Tinha a bola, os amigos pedra, as formigas e seus exércitos do mal, a corrida dos besouros, o banho gelado e o sono reparador. 

De uma maneira que só a vida explica, tudo isto agora faz sentido. Você é parte deste todo do mundo que habita em mim.

Fonte da Fotografia: Pinterest

É isto aí!

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Cartas avulsas XIII



Reino da Pitangueira, 22 de maio de 2024
Outono

A muito tempo não escrevo estas cartas livres sem preocupações outras que não seja a  de apenas escrever. Isto pode parecer estranho, mas estava envolvido num túnel de hiato passional isento dos pecados mortais - graças a Deus - aqueles que todo mundo sabe que existem mas talvez se lembre somente de um ou dois: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e soberba não estavam neste túnel. 

Falo do hiato passional como o período sabático que criamos ao alterarmos a rota de colisão da vida com nossos desejos, entrando numa estrada desconhecida, em fuga, e lá longe faz-se a saída numa rota alternativa supostamente mais segura. Enfim, o hiato passional é o período de cicatrização das dores feitas ou recebidas, não importa a origem, dor é dor, alegria é alegria e euforia passa rápido e vicia. 

Nesta manhã de temperatura baixa estava pensando nas músicas que permitiria tocar no meu velório. Sim, é um assunto que parece fúnebre, mas convenhamos, nunca vi e ouvi músicos e músicas de tamanha péssima qualidade como as que são divulgadas pela mídia em massa neste  século XXI, deixando os ouvintes intoxicados por lixo sonoro. Como meus descendentes explicarão aos seus descendentes  que nesta época o lixo muxical imperou na pátria amada, idolatrada salve salve.

E a chuva avança em várias partes do mundo desmatado e desaguado. Vai ser difícil as condições nos próximos cem anos, mas você poderá estar lá para relatar que conheceu árvores frutíferas, frondosas, regatos, córregos, corredeiras, cascatas, rios e lagoas. Lembrará das famosas sacolas de plástico e garrafas PET que entupiram até os oceanos. E tem gente que acha que só aquele artefato bélico, que faz devastação concomitante em massa, seria danoso.

Por hoje é só! Guarde esta carta num cofre, sei lá, pode ser interessante lermos daqui a 40 anos para rirmos um pouco. Ah, e as músicas para tocar no meu velório,  depois escolho, estou sem pressa.

Um abraço!