Dia destes subi a Colina do Saber, para encontrar-me com o Mestre da Pitangueira. Já tem bastante tempo que não faço este trajeto, e ainda veio a pandemia, a astronomia, a agronomia, a dicotomia, a monografia, a academia, a economia e aquilo tudo que mia que vem do planalto central, que acabaram forçando compulsoriamente o adiamento.
Arfando muito ao chegar ao topo, deparo com o Mestre sentado, olhando o infinito no horizonte, disperso, desligado deste mundo numa concentração tão intensa que parecia não respirar, mas os olhos brilhavam uma luz harmoniosa. Sentei numa pedra e aguardei meu momento de ser atendido.
Lentamente abriu os olhos e deparou com minha presença. Levantou-se e disse - fale.
Mestre, é possível amar única exclusivamente a mesma pessoa para sempre?
Olhou-me com certa desconfiança. Abaixou-se, pegou uma pedra do tamanho de uma bola de tênis. Sem dizer nada, deu três passos para a frente e arremessou-a colina abaixo.
Fiquei sem entender nada.
Veja, disse, aquela pedra tem a consciência cósmica de ser apenas um pedra. Estava aqui a milhões de anos, e precisou da manifestação humana para se mover para outro lugar, onde continuará sendo uma pedra, sem emoções e por consequência sem sentimentos.
Olhou-me fixamente nos olhos, aguardando um aceno de assentimento ou aquiescência, mas naquele momento, não sei que bobeira foi aquela, olhei de volta à luz dos seus olhos e repliquei - mas, Mestre, eu adoro as coxas dela.
Ele abaixou-se novamente e assim que percebi sua intenção, corri colina abaixo o mais rápido que pude, mas mesmo assim ainda levei umas três pedradas.
É isto aí!
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