quarta-feira, 25 de outubro de 2023

A natureza das coisas (Accioly Neto)

Com Diogo Felipe







A Natureza Das Coisas
Em 2007, a composição “A natureza das coisas” de Accioly Neto foi gravada por Elba Ramalho no CD “Qual o assunto que mais lhe interessa”, lançado pelo selo Ramax, de propriedade da cantora. Depois disto disparou como sucesso com Flávio José.

Letra e Música: Accioly Neto
Cantor/Artista: Diogo Felipe
Fonte da Letra: Letras


Ô chá, lá, lá, lá, lá
Ô chá, lá, lá, lá, lá

Se avexe não...
Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada.

Se avexe não...
A lagarta rasteja
Até o dia em que cria asas.

Se avexe não...
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa.

Se avexe não...
Amanhã ela para
Na porta da tua casa

Se avexe não...
Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá...

Se avexe não...
Observe quem vai
Subindo a ladeira
Seja princesa, seja lavadeira...
Pra ir mais alto
Vai ter que suar.

Ô coisa boa é namorar,
Ô coisa boa é namorar.

Composição: Accioly Neto

terça-feira, 24 de outubro de 2023

N'algum lugar do presente seu nome é ausência.


Esqueci meu rosto, 
e das suas memórias 
n'algum lugar do presente, 
onde vivo desde sempre, 

Entre as desventuras, 
descobri seu corpo
suave gravado n'alma. 
Estava descalça e sorria. 

Não abstraí as partes, 
estão guardadas, acredito 
não sei onde abrigá-las-ia
n'alguma parte da história. 

Estava frágil e confusa
num corredor de sinapses.
De repente irrompe o tato
Senti sua mão afagar-me.

Foi quando estupidamente  
saltei bem do alto do nada,
e o tempo da queda livre
virou permanentemente dor 

Quando percebi incauto
uma contínua rotação
repetindo pensamentos 
com infindáveis voltas 

Num átimo da existência 
em relance de lucidez,
seu nome é ausência.
Neste instante acordo.

Ainda a mesma música, 
não, não sei dançar, desculpe,
ou não desculpe, me abrace
ou desenlace esta memória

É isto aí!

sábado, 21 de outubro de 2023

O Analista da Pitangueira e os abusos e absurdos do outro


- Sabe, doutor, desconfio que existe um outro eu que habita em mim  e que não gosta muito de quem eu sou. Às vezes me faz realizar coisas estranhas, dizer palavras fora da minha linguagem, atrasar para encontros, detonar meu relacionamento etc. etc. etc.

Quer falar sobre isto hoje?

- Não sei se consigo. Neste momento ele está me bloqueando na rede social presencial e também na virtual.

Entendo. Saiba que ao olhar para si, não encontrará você mesmo, mas o Outro que erigiu um ideal em sua história.

- Então eu é quem sou o outro que habita dentro de mim, ou sou parte deste todo como se fôssemos personalidades distintas num mesmo envelopamento humano?

Do ponto de vista da linha psicanalítica que sigo, como membro da Escola Real da Pitangueira de Análises, o outro que habita em você é o resultado das influências das relações que você estabeleceu com as pessoas ao longo da sua vida, especialmente na infância. Esse outro pode ser fonte de conflitos, traumas, desejos e angústias, mas também pode ajudar a se conhecer melhor e a curar as suas feridas. 

- E tem outras formas de entender este outro? A igreja, como ela vê isto?

Bem, há uma linha tênue e tensa, quando falamos sobre isto, entrando no campo  religioso. Existem as variáveis orientais, as variáveis do oriente médio e as que coabitam o ocidente, que é aquela que aceita tudo junto e misturado, com ilhas de excelência aqui e ali. Vou fazer um apanhado muito, mas muito superficial, sem entrar no mérito desta ou daquela doutrina, do campo ocidental, que de maneira geral diz mais ou menos assim: O outro que habita em você seria o pecado, que o afasta da vontade de Deus e o leva a fazer o mal que não quer. Esse outro é uma consequência da queda da humanidade e da sua natureza carnal, que precisa ser vencida pela graça de Deus e pela fé em Jesus Cristo. 

- O senhor acredita nisto?

É você o analisado aqui, retorno a pergunta a você.

- Perdoe-me doutor, data venia, em assim sendo, como tudo que eu disser poderá constituir elemento para a formação do convencimento de juízo sobre mim, rogo meu direito de permanecer calado. E, se me permite,  transfiro a pauta para uma pergunta que mais atende meus interesses neste momento: - há ou haveria uma terceira possibilidade mais, digamos assim, mais parecida comigo?

Bem, há a linha filosófica Existencialista, que não entro muito, pois temos divergência históricas,  onde o outro que habita em você é o reflexo da sua liberdade e da sua responsabilidade diante da sua existência. Esse outro é uma parte essencial do seu ser, que permite escolher quem você quer ser e como quer viver. Esse outro também o confronta com os limites e as possibilidades da sua condição humana, que é marcada pela angústia, pela solidão e pela morte. 

- Não teria uma forma mais fácil de coexistir com este outro eu em mim?

Veja bem, não há uma resposta única ou fácil para essa questão, pois coexistir com o outro em si mesmo envolve um processo de autoconhecimento, aceitação e transformação.

- E isto dói?

Muito, dói muito, mas só até achar o caminho que o conecte com sua essência, com seu propósito e com o sentido da sua existência. Estamos encerrando, posso agendar a próxima sessão?

- Pensando bem, até estou gostando do sujeito. Eu não virei, já me dei por satisfeito. 

Você é quem decide.

- Por favor, doutor, não seja ingênuo, não fui eu quem disse. Pode agendar e não se preocupe por que eu virei, e vou mostrar quem manda aqui.


É isto aí!


sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Sobre tudo que não falei naquele dia



Acabei de escrever
palavras ridículas
sobre você sorrir

Terminei o livro
que jamais li
sobre ser feliz

perdi a fé
agonizante
no amor plural.

a esperança 
com cliché
sempre acaba.

desaba tardia
num vazio
num nada

não indaga
não afaga,
dói luzidia.



É isto aí!







O velório e as conversas paralelas.

Fonte da imagem: LetsDraw.it

Não gosto de velórios, disse ele repetidas vezes, quase para si mesmo, enquanto caminhava por um tortuoso e ascendente percurso que só os arquitetos veem necessidade, da entrada do cemitério até a Capela Velório. Pensava initerruptamente a mesma ladainha - Não gosto, acho difícil ver a viúva ali chorando, os filhos cabisbaixos, pessoas tristes e o que me irrita é ver cerca de 80% dos presentes na parte externa do salão onde está o féretro, conversando sobre coisas outras, piadas, moda, política, futebol e outras obviedades da vida.

Chegou à praça de conversas atualizantes, atravessou todo o tumultuado território dos que fazem a visita social de cumprimento do dever cívico do velório ao morto. Duas mulheres falavam da viúva, outros falavam do jogo de ontem, outros riam de algo, outros eram mudos e alguns poucos com ares de pesar. Entrou no salão, praticamente vazio. Logo avistou a viúva, e enquanto se dirigia a ela, foi interrompido por uma desconhecida moça muito simpática, que o cumprimentou pelo nome. Sorriu, permitiu-se ser abraçado e seguiu até a viúva.

Ela ali praticamente só naquele lado do esquife. Cumprimentou-a, deu suas condolências sinceras. Não se falaram, eram anos de amizade, sabia o quanto ele significava para ela. Havia ali uma grande história de amor. Deu a volta na urna, e despediu-se do amigo com palavras amenas, de forma rápida e discreta. Percebeu que duas moças, muito bonitas, olhavam para ele de forma insistente. 

A mais bela aproximou-se, e ele ali começando a se empolgar. Ela não parava de sorrir. Apenas quarentas anos o separavam, refletiu, coisa pouca e irrelevante, pensou. Até que ela chegou perto, e ainda sorrindo, perguntou: 

- você lembra de mim?  

A experiência da vida o ensinou a sempre negar quando esta pergunta é feita. 

- Não, não lembro.  

Entreolharam-se as duas e disseram em uníssono:

- puxa vida, meu pai era seu grande amigo.

A experiência da vida o ensinou a nunca perguntar como está quem você não sabe quem é.

- Olha, sinto muito, mas não lembro de vocês.

O sorriso despareceu e saíram do alcance do diálogo. Deu de ombros e partiu, já cumprira sua missão social e admirado com a beleza das moças, mas vai ver que sei lá, vai ver nada.


É isto aí!


quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Mais alguma coisa, senhor?

Lembro que falei olhando nos olhos dela, mas acho que fechei os olhos quando ocultei meus reais sentimentos. Sempre fechei os olhos para todas as coisas que engoli a seco, como lágrimas e sentimentos angustiantes. Tem coisas que devemos falar e tem coisas que nunca devemos dizer. Fechei os olhos para sempre. 

Agora estou aqui nesta sala, sozinho, aguardando virem buscar o corpo. Olho para o corpo e me reconheço como uma pessoa boa, mas ao mesmo tempo, desconheço bondade feita por mim para fins próprios. Reconheço que não conheço um ato sequer que fiz a meu favor. A sala é fria, a mesa de aço inox é fria, as memórias efervescem, agora sou tudo ao mesmo tempo, e entrei num túnel imenso, que surgiu à minha frente.. 

Será que morri? Perguntei a uma moça que caminhava ao meu lado. Ela respondeu numa língua estranha, que por incrível que pareça entendi e soube exatamente o que disse - é claro, estúpido. Vi que ela também não conhecia minha língua, mas mesmo assim nos entendemos. Não sei quanto tempo andamos neste lugar claro, mas sem luzes. A sensação é que fizemos um trecho longo, com subidas íngremes e planos retos muito extensos. 

Passamos a andar de mãos dadas. Ela sorriu quando segurei sua mão. Eu senti uma emoção inigualável. Era uma energia incompreensível. 

Sentamos numa pedra dentre muitas existentes no caminho, não para descansar, mas pela ansiedade de chegarmos a algum lugar que não sabíamos o que significaria ou mesmo como é. Esperava anjos alados com faces redondas, mas por enquanto só esta moça com língua bárbara a não desistir de mim. Dormimos abraçados. Sonhei com ela, o mesmo olhar, o mesmo jeito, a mesma silhueta, a mesma moça que vi há duas semanas no restaurante.

Acordei no restaurante, ela em pé anotando meu pedido. Mais alguma coisa, senhor? 

- Sim, respondi, quero casar com você. Ela riu e respondeu na língua bárbara - é claro, estúpido!

É isto aí!


terça-feira, 17 de outubro de 2023

Verdades ocultas

 

Fonte da imagem: magazine - hd


Confesso

que apaixonei

pela Emilia Clarke.


O que mais

esperar das coisas 

mortais, efêmeras?


Agora, sei,

só resta, merecida,

a eternidade


Emilia Clarke

eu amo você

somos almas gêmeas.



Cena do filme Last Christmas (No Brasil - Uma Segunda Chance para Amar)
© 2019 Universal Studios. All Rights Reserved.
Cast: Emilia Clarke, Henry Golding, Michelle Yeoh, Emma Thompson
Produced By: Emma Thompson, Paul Feig, David Livingstone, Jessie Henderson
Directed By: Paul Feig

Fonte do vídeo: Emilia Clarke Last Christmas

Last Christmas (letra e música de George Michael)

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special

Once bitten and twice shy
I keep my distance, but you still catch my eye
Tell me baby, do you recognize me?
Well, it's been a year, it doesn't surprise me

Happy Christmas, I wrapped it up and sent it
With a note saying "I love you", I meant it
Now I know what a fool I've been
But if you kissed me now, I know you'd fool me again

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special

Ooh
Oh, oh, baby

A crowded room, friends with tired eyes
I'm hiding from you and your soul of ice
My God, I thought you were someone to rely on
Me? I guess I was a shoulder to cry on

A face on a lover with a fire in his heart
A man under cover, but you tore me apart
Oh, oh now I've found a real love
You'll never fool me again

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special, special

Last Christmas I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special
Special
A face on a lover with a fire in his heart (I gave you mine)
A man under cover but you tore him apart
Maybe next year I'll give it to someone
I'll give it to someone special

Special

So long

Fonte: Musixmatch
Compositores: George Michael
Letra de Last Christmas © Wham Music Limited (gb 2), Rydim Music Ltd., Rydim Music Ltd




Sobre o dia de amanhã



Quero envelhecer 
teu.
ateu,
pagão, 
cristão, 
fariseu
ou isso
ou aquilo
eternamente
no teu abraço 

É isto aí!

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Este receio de um poema (Ulla Hahn)


Esta saudade

de te chamar pelo nome

Este receio

de te chamar pelo nome


Esta saudade 

de manter a palavra

Este receio

de apenas manter a palavra


esta saudade de uma vida 

que não dê um poema 

este receio de um poema 

que antecipe a vida.


Autora: Ulla Hahn 

Tradução: Mundo dos Poemas 

Ulla Hahn (Brachthausen, 1945) é uma poetisa e escritora alemã. Estudou literatura, história e sociologia na Universidade de Colónia, e depois de trabalhar durante dois anos como jornalista, retomou os seus estudos, obtendo o doutoramento em literatura em 1975 na Universidade de Hamburgo. Após ter leccionado nas Universidades de Hamburgo, Bremen e Oldenburg, deixou a academia em 1979 para trabalhar como editora cultural na Rádio Bremen.  Tem tido um sucesso público robusto desde a sua colecção de poesia de estreia, Herz über Kopf ("The Heart Above the Head", 1981)] O seu estilo, lírico, tradicional e elegante, tem sido descrito como "rococó pós-revolucionário".

Nostalgia do Presente (Jorge Luis Borges)


Naquele preciso momento o homem disse:

«O que eu daria pela felicidade

de estar ao teu lado na Islândia

sob o grande dia imóvel

e de repartir o agora

como se reparte a música

ou o sabor de um fruto.»

Naquele preciso momento

o homem estava junto dela na Islândia.


Jorge Luis Borges, in "A Cifra"

Tradução de Fernando Pinto do Amaral

sábado, 14 de outubro de 2023

Tecnologias do fim do amor (Emanuel Aragão)



Fonte da Imagem: Medium . com
Autor do Vídeo: Emanuel Aragão
Data da publicação: 14 de out. de 2023

Emanuel Aragão: "Este é um vídeo sobre o Instagram e o fim da nossa possibilidade ser feliz. Ou o fim da nossa felicidade possível. De forma que ele é um vídeo também sobre o narcisismo. 


Para tornar-se Membro do Percurso da AUTOESCRITA: @emanuelaragaoautoescrita  

Para entrar em contato: emanuelaragaoreal@gmail.com

O link do canal da autoescrita no telegram: https://t.me/joinchat/UVM4KBzOWy15PzAW

O link do grupo no telegram: https://t.me/joinchat/F2HEx3GWL0JhiVT3

O site da associação de neuropsicanálise: NPSA  (português)


ÍNDICE DO VÍDEO:

00:00  APRESENTAÇÃO 
01:18  TECNOLOGIAS DO FIM DO AMOR 
01:45  O INSTAGRAM 
02:41  O QUE VOCÊS FAZEM NO INSTAGRAM? 
03:38  SURGIMENTO DO APP 
04:09  A VIDA TESTEMUNHADA 
05:05  ENGAJAMENTO 
05:57  EU SOU VISTO 
06:36  FOFOCA 
09:46  FRATURA NARCÍSICA 
11:42  ILUSÃO DE CENTRALIDADE 
13:04  IDEALIZAÇÃO DA VIDA 
16:22  O OLHAR DO OUTRO 
18:33  A MINHA OPINIÃO IMPORTA 
20:55  SELO AZUL 
22:36  UMA SATISFAÇÃO POSSÍVEL 
23:51  A MINHA RELAÇÃO COM O INSTAGRAM 
26:08  FILTROS 
27:15  O LIVRO 


Os vídeos que são citados:




02 - Sobre os afetos e necessidades emocionais
Manual mínimo do afetos:  • O MANUAL MÍNIMO DOS AFETOS | EMANUEL ...  


03 - Os sete afetos fundamentais:  • OS SETE AFETOS FUNDAMENTAIS  






06 - Sobre homeostase e alostase:  • EXPLICANDO  A DESESPERANÇA POR A + B ...  
      
       Homeostase e Alostase         :  • VOCÊ PERSEGUE A SUA PRÓPRIA SOLIDÃO? ...  









Textos importantes

Solms

Panksepp, sobre neurociência afetiva

Friston, sobre inferência ativa

Andy Clark, sobre processamento preditivo



VÍDEOS FUNDAMENTAIS DESTE CANAL:


A AUTOESCRITA   


Sobre os afetos / Manual mínimo do afetos: 


Os sete afetos fundamentais: 


Os princípios fundamentais da autoescrita: 


A devolução do Amor


Alto lá, este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Autor: Thiago Holanda Dantas
Fonte: Medium . com 
Data Publicação: 9 de agosto de 2018

Thiago é Teólogo, professor, licenciado em filosofia, missão e escritor de blog.
Contato: instagram.com/vanitasblog 

A revolução trazida pela internet e os aplicativos para namoro modificaram completamente o que se tinha como amor romântico. Essa mudança passa pelos antigos mitos e estórias de amor, culminando, na época atual, sendo desconstruído pela tecnologia. A época contemporânea é fortemente influenciada pelo advento de novas tecnologias, como os computadores, a internet e os smartphones . Essas novas mídias transformaram o ser humano em sua forma de demonstrar afeto e buscar o amor, o que acredita poder encontrar um par ideal através de um deslizar de dedos. Com essa facilidade e desprendimento, as relações amorosas, que antes foram iniciadas através da proximidade geográfica, amizade ou parentes, hoje têm sido ultrapassadas pelo uso da internet.

Tomando como exemplo o Tinder , um dos mais famosos aplicativos para namoro, que atingiu a impressionante marca de 20 bilhões de matches , ou transferências de casais, fazendo cerca de 26 milhões de transferências por dia, dos seus 50 milhões de usuários[1]. Com esses dados, será que o que se chama de amor romântico foi impactado?

Para Justin Garcia, pesquisador do Instituto de Pesquisa em Sexo, Gênero e Reprodução , da Universidade de Indiana, uma mudança nunca vista esta em curso:

Houve duas grandes transições no acasalamento heterossexual “nos últimos quatro milhões de anos”, diz ele. “primeiro foi em cerca de 10.000 a 15.000 anos atrás, na revolução agrícola, quando se tornou menos migratório e mais estável”, levando ao estabelecimento de casamento como um contrato cultural. “E a segunda grande transição é com o surgimento da Internet. [2]

Com a variedade de opções trazidas pela internet e os aplicativos para namoro online, acredita-se que há milhões de parceiros disponíveis para poder se relacionar, fazendo com que não tenha nenhum outro ser como prioridade ou peso para que possa estar “amarrado”, isso se traduz em relacionamentos de curto prazo, de acordo com David Buss:

Aplicativos como Tinder e OkCupid dão às pessoas a impressão de que existem milhares ou milhões de potenciais companheiros lá fora,(…) Uma dimensão disto é o impacto que tem sobre a psicologia dos homens. Quando há um excesso de mulheres, ou um excesso percebido de mulheres, todo o sistema de acasalamento tende a mudar na direção dos namoros de curto prazo. Os casamentos foram instáveis. Divórcios aumentam. Os homens não têm de se comprometer, então eles perseguem uma estratégia de acasalamento de curto prazo. Os homens estão fazendo essa mudança, e as mulheres são forçadas a ir junto com eles, a fim de combinar em tudo. [3]


SCOTT POLLACK: AMOR E TECNOLOGIA - 2011

Essa suposta ilusão de ter parceiro(a)s quase infinitos, tem tornado os relacionamentos amorosos complementares, não sendo necessária uma troca de conversa “física” para que se tenha algum tipo de intimidação sexual. Os seres se conectam e desconectam com a mesma facilidade de seus “pares” eletrônicos, assim revela a página oficial do Tinder dizendo: “Deslizar. Combinar. Conversar. Encontrar. Usar o Tinder é fácil e divertido — deslize para a direita para gostar de alguém, deslize para a esquerda para passar. Se alguém gosta de você de volta, é um match !”[4]. O site de namoro, coloca a combinação entre casais, como match , que tem o duplo significado na língua inglesa de combinação e uma partida ou jogo. Então, a dinâmica do aplicativo de namoro é ao mesmo tempo, realizando um encontro romântico e também um jogo amoroso.

Outra questão surge: será que a busca pelo par perfeito se transformará em apenas um jogo, simples como deslizar para a esquerda para rejeitar alguém e para a direita para aceitar? A descrição do aplicativo continua:

Inventamos o double opt-in para que duas pessoas somente combinem quando houver interesse mútuo. Sem estresse. Nenhuma incluída. Basta deslizar, combinar e conversar online com seus pares, depois sair do seu celular, encontrar-se no mundo real e lançar-se em algo novo.[5]

Além de ter transformado o encontro amoroso em um jogo, aplicativos de namoro como o Tinder , prometem o melhor dos mundos para os seres contemporâneos, encontros sem estresse ou isolados, sem qualquer tipo de comprometimento ou algo que frustrará o indivíduo. Ele promete resolver o problema de intimidade, sem intimidade. Toda a dinâmica ocorre no mundo virtual, para, se houver interesse de ambas as partes, esse “relacionamento” parte para o mundo real. Gerando alguns problemas que tentaremos observar.

Existem opiniões contrárias em relação a essa influência, por exemplo, a socióloga Eva Illouz, autora de Why Love Hurts (Por que o amor fere, sem publicação no Brasil), que aborda o tema do amor na pós-modernidade, e da influência da internet e do capitalismo no relacionamento afirmou em entrevista ao jornal britânico The Guardian , que,

Nossa cultura capitalista consumista mudou face aos nossos relacionamentos, tornando-os irreconhecíveis. A crescente opção de namoro na Internet encoraja as pessoas a agirem como “compradoras”, exigindo, comparando alternativas, tentando constantemente conseguir um negócio melhor e matar o instinto visceral e o acaso que sempre ajudaram os seres humanos a encontrar um(a) parceiro(a) ). Os homens adquiriram fobia a compromissos porque a ascensão do capitalismo os incentivou a ser independentes e egocêntricos.[6]

Segundo a autora, esses relacionamentos marcados pelo consumo capitalista, pela internet e principalmente a noção de diversas opções de parceiros, apresentam sofrimento, ao invés de felicidade. É esse modelo da sociedade tecno-capitalista de consumo, que faz com que aplicativos como o Tinder e outros sejam tão populares atualmente.

Por outro lado, o filósofo Byung-Chul Han, tem uma ideia diferente de Illouz:

Nos últimos tempos tem-se propagado o fim do amor. Hoje, o amor estaria desaparecendo por causa da infinita liberdade de escolha, da multiplicidade de opções e da coerção de otimização. Num mundo de possibilidades ilimitadas, o amor não tem vez. Acusa-se também o exaustor da paixão. Cuja causa, segundo Eva Illouz, em seu livro Warum Liebe weh tut (Por que o amor machuca), reside na racionalização do amor e na ampliação da tecnologia da escolha. Mas essas teorias sociológicas do amor não percebem que, hoje, está em curso algo que sufoca essencialmente o amor, bem mais do que a liberdade infinda ou as possibilidades ilimitadas. Não é apenas a oferta de outros outros que contribui para a crise do amor, mas a erosão do Outro, que por ora ocorre em todos os âmbitos da vida e caminha cada vez mais de mãos dadas com a narcisificação do si-mesmo.[7 ]

Para Han, não são as tecnologias que fizeram com que o amor romântico desaparecesse, mas sim, o desaparecimento do outro, tornando-se uma espécie de mercadorias. Há para Han um personagem narcísico, que está “engolindo” o outro ser, constituindo um relacionamento consigo mesmo. Não mais como um atópico, pois, o lugar que se dá o amor é o não-lugar, lá é onde o amor surge, onde o outro é mistério: ”Sócrates enquanto amante, chama-a de atopos. O outro que eu desejo (begehre) e me fascina é sem-lugar.”[8] É na negatividade do outro que o amor pode revelar-se e não na sua superexposição. Quando isso ocorre, ao invés de amor romântico, o amor torna-se pornográfico, pois: “O capitalismo acentua a pornografização da sociedade, expondo tudo como mercadorias e votando-o à hipervisibilidade. O que se busca é a otimização do valor expositivo, sendo que o capitalismo não conhece nenhum outro uso da sexualidade”[9]. A instantaneidade do outro e sua exposição, não se torna romântico, mas sim, pornográfico, uma relação “desejo-olho”, objetiva, sem espaço para que o outro seja distinto do ser narcisista.

Desta maneira, tanto de pontos de vista psicológico, filosófico, tecnológico ou até pelo consumo capitalista, o que se observa é um enfraquecimento do amor romântico na contemporaneidade, acarretando uma banalização das relações, tornando-se mero troca e descarte cada vez mais de forma acelerada e descomprometida.


BIOGRAFIA:


[1] Cf. Estatísticas do aplicativo Tinder . Disponível Em: < http://expandedramblings.com/index.php/tinder-statistics/> acesso em 6 jun. 18


[2] VENDAS, Nancy Jo. Tinder e o alvorecer do “Apocalipse do namoro .<http://www.vanityfair.com/culture/2015/08/tinder-hook-up-culture-end-of-dating> Acesso em 9 atrás. 2018


[3] Ibid.


[4] <https://www.help.tinder.com/hc/en-us/articles/115004647686-What-is-Tinder-> acesso em 6 jun.18


[5] Ibid.


[6] <https://www.cartacapital.com.br/cultura/o-amor-fere-mais-que-nunca-culpe-a-internet-eo-capitalismo> acesso em: 07 jun.18


[7] HAN, Byung-Chul. Agonia do Eros . Petrópolis: Vozes, 2017, pp.7–8


[8] HAN, 2017.p.8


[9] HAN, Byung-Chul. Sociedade da Transparência . Petrópolis: Vozes, 2015.p.59

Je ne regrette rien

 Je ne regrette rien

Non, je ne regrette rien é uma canção composta em 1956, com letra de Michel Vaucaire e melodia de Charles Dumont. Foi gravada pela primeira vez por Édith Piaf em 10 de novembro de 1960.

Piaf dedicou a sua gravação à Legião Estrangeira, que atuava, na época, na Guerra da Argélia (1956-1962).


Fonte Youtube: Flavia Penereiro                                                                                                            Data publicação:  5 de dez. de 2021


Non, rien de rien                            
Non, je ne regrette rien                    
Ni le bien qu'on m'a fait, 
ni le mal  
Tout ça m'est bien égal                   

Non, rien de rien                             
Non, je ne regrette rien                   
C'est payé, balayé, oublié               
Je me fous du passé

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux

Balayés mes amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro

Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal
Tout ça m'est bien égal

Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Car ma vie
Car mes joies
Aujourd'hui
Ça commence avec toi


Edith Piaf - Non, Je Ne Regrette Rien (Legendado) 19/12/2015.
Fonte Youtube: Arlete Embacher






Os 7 Princípios de Huna



Alto lá, este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Fonte imagem: Espaço Aloha
Fonte do Texto: WEMYSTIC


OS PRINCÍPIOS DE HUNA E A CONSCIÊNCIA UNIVERSAL

Os sete princípios de Huna são um ótimo começo para ativar o poder da consciência e transformar sua vida em algo mais evoluído e positivo em muitos níveis. Nós todos carregamos um imenso potencial, que pode fazer a diferença em nossas próprias vidas e na vida de diversas pessoas que encontramos e conhecemos ao longo de nossa existência.

Além disso, a consciência elevada de um indivíduo é capaz de influenciar a consciência de todo um coletivo, podendo alcançar abrangência universal. Bons pensamentos e boas ações, geram uma corrente do bem muito poderosa, que pode afastar toda a negatividade e maldade do mundo e dos seres humanos.

OS 7 PRINCÍPIOS DE HUNA

O termo Huna é utilizado desde os primórdios pelos nativos do Havaí e significa “conhecimento secreto” ou “segredo”. Vai muito além de uma expressão, exprime uma filosofia de vida em que o objetivo é entender as interações do lado espiritual e oculto de todas as coisas e fazer bom uso deste conhecimento.

Então, um significado mais amplo de Huna seria: conhecimento dos segredos da vida. Estes ensinamentos não ficaram restritos aos povos das ilhas polinésia e por meio de diversos autores, influenciaram o pensamento da Humanidade.

Conheça os 7 princípios de Huna e alcance uma consciência mais elevada.

OS 7 PRINCÍPIOS DE HUNA
 
IKE – O MUNDO É O QUE VOCÊ DESEJA QUE ELE SEJA.
Este ensinamento diz que nossos pensamentos criam a nossa realidade. Existe subjetividade em nossa percepção da realidade, que pode não ser verdadeira. Se alguém pensa que o mundo é repleto de maldade e ódio esta será a única realidade que irá enxergar e tudo que sair deste âmbito será ignorado. Todos nós temos o poder de transformar a realidade da forma que desejarmos. Se você enxergar o mundo de uma forma positiva, pode alterar não só a sua existência como a de todos que o cercam.

 
KALA – NÃO EXISTEM LIMITES.
Não existe começo ou fim de qualquer coisa em uma realidade, o que quer dizer que a natureza de tudo é ilimitada. Qualquer coisa é possível e o conhecimento interior também é infinito. Estará sempre em andamento um processo sem limites: ser e tornar-se. O todo é infinitamente possível, está acontecendo e irá acontecer, em suas infinitas formas. Esse conceito é incrível quando compreendido por uma mente humana.

 
MAKIA – A ENERGIA FLUI PARA ONDE A SUA ATENÇÃO VAI.
A concentração de sua atenção, será para onde seu fluxo de energia vai se dirigir. Enviar vibrações positivas, de cura e esperança terá sempre um bom efeito. Caso você faça o contrário, terá o efeito oposto. Os nossos pensamentos e vibrações de energias não influem apenas no meio em que vivemos, mas na consciência global como um todo. O segredo é manter uma mentalidade verdadeira, positiva, gentil e com respeito a todos. Quando um pensamento negativo e hostil vir, não se desespere, apenas deixe-o ir embora. Uma mente saudável vai espalhar energias positivas para todos os seres do planeta. Assim como a negatividade também pode se espalhar. O princípio sempre está no Eu.

 
MANA WA -AGORA É O MOMENTO DE PODER.
O “AGORA” possui um poder monumental. Viver e simplesmente existir no presente elimina os pensamentos que preveem possíveis problemas, ou relembrar acontecimentos dolorosos do passado. Tudo que está feito, já está e sempre será como tal. A paz espiritual será alcançada por aqueles que conseguirem viver no “AGORA”.

 
ALOHA – AMAR É SER “FELIZ COM”.
Amar é alcançar um poderoso estado de consciência. Quando experimentamos o amor, vivemosa apreciação de um sentimento de intensa gratidão. Você pode sentir amor por uma pessoa, casa, árvore, animal ou simplesmente pela existência. Se sentir feliz com algo é uma emoção que interconecta com O Tudo O Que É, e ao mesmo tempo eleva o seu próprio ser.

 
MANA – TODO O PODER VEM DO SEU INTERIOR.
Os seres humanos são uma verdadeira usina de energia. As mentes possuem mais poder do que nós julgamos. Possuímos o dom de destruir, criar, mudar, restaurar, movimentar, qualquer coisa é possível com o poder da mente. Encontrar a força interior torna as pessoas capazes de controlar o seu estado mental e espiritual, além de dar a oportunidade de compartilhar este poder com outros e construir relacionamentos simbióticos e satisfatórios.

 
PONO – A EFICÁCIA É A MEDIDA DA VERDADE.
Criar uma mudança positiva e benéfica para algo ou alguém é um exemplo de eficácia. Agir para gerar alguma melhoria demonstra sua verdadeira natureza. Isso vai causar uma reflexão efetiva sobre a verdade e a capa de falsa verdade ou entre a verdade e a ignorância da verdade. O mundo está cheio de boas intenções, mas falta pessoas que realmente façam ações em prol do bem. Ao invés de reclamar de um problema do seu bairro, se una com seus vizinhos para melhorar. Pequenas ações trazem grande mudanças.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

O que vem depois?



menti
e afora
a dor
morri

menti
ao sabor
idiota
de sofrer

menti
sem ter
motivos
claros

menti
e a vida
há muito
acabou

menti
e nunca
mais será
meu amor.

é isto aí!

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

O amor é uma coisa estranha


Vinha bem, sorrindo quando necessário, distraindo-se com formigas, baratas e gramíneas ao largo das frestas das calçadas tortas das ruas estreitas. De repente viu-se em fuga desesperada pela angústia que tentava acertá-lo com uma pederneira. Sentiu o primeiro impacto ainda na faixa de pedestres, pensou em gritar, pedir socorro mas saiu o nome dela. Saiu o nome dela ... logo o nome dela ...

O carro buzinou freneticamente, a moça de batom nude o acudiu chamando-o carinhosamente, tentava animá-lo mas ali no chão, trêmulo, preferiu a morte. Mas a merda toda que ela, a morte, nunca vem quando precisa. Levantou-se no reboliço do tráfego, andou trôpego, mal conseguindo mover os membros inferiores. Puxa vida, tinha que falar o nome dela, logo o nome dela ...

Na calçada, mais calmo ou melhor, menos tenso, sentiu o golpe na memória, o adeus, as merdas todas que fez, as merdas todas que vivenciou, experenciou, e aquelas que anexou ao seu linkedin. Tinha que falar o nome dela ... puxa vida, deve haver, há de existir - quem sabe? - uma maneira de nunca mais pensar nela. Endireitou-se, retornou macambuzio {à jornada épica de nunca amais pensar nela.   

Chegou em casa. e assim que fechou  a porta, chorou. Chorou, chorou, chorou e ao passar a mão no bolso da camisa, sentiu um papel. Pegou, abriu, era um número de celular. Respirou fundo  e ligou. Era a moça do batom nude. - Eu sei o que você está passando, disse ela, também sofro do mesmo mal. Então permitiu-se navegar por águas mais profundas e sua vida seguiu, andando a esmo e distraindo-se com formigas, baratas e gramíneas ao largo das frestas das calçadas tortas das ruas estreitas ... pensando nela ...


É isto aí!

A Bailarina e o Torvelinho


Dança leve
baila solta
esvoaçante
apaixonante

gira seu corpo 
em harmonias
ascendentes e
descendentes

Numa espiral
tal qual nos dias
sem os ventos, 
sol bem quente

a bailarina
rodopia em si
feito magia
de torvelinho.

É isto aí!



segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Eu tenho Fé!


Eu tenho Fé!

Eu tenho Fé de que um dia Judeus e Palestinos celebrarão a vida juntos, cantando e agradecendo a Deus por suas vidas.

Eu tenho Esperança de que este dia será abençoado por todo o Universo.

Eu tenho o desejo que que todos os filhos de Abraão, um dia, dar-se-ão as mãos e cantarão para agradar ao Senhor. 

Desejo muito, do fundo da minh'alma que Israel e Palestina selem a PAZ. Selem a fraternidade pelas crianças, pelos idosos, pelas mulheres grávidas, pelo Amor e Temor a Deus pela paz, pelo bem que ambas as nações representam na história do mundo. Ambas descendentes diretas de Abraão, o Pai da Fé.

Abracem a PAZ como se abraça a um filho, quando chegamos de uma longa viagem.

Abracem a PAZ como se dela viesse o sopro divino do Senhor.

Abracem a PAZ por que o mundo fica melhor assim.

Abraão foi o primeiro a crer nas promessas de Deus. Além de ser fiel no crer, Abraão o pai da fé, desenvolveu relacionamento profundo com o Senhor, a ponto de Deus chamá-lo de amigo. Sigamos o Pai da Fé, tenhamos um relacionamento profundo com o Senhor, e veremos que só  a PAZ nos engrandece. 

É isto aí!

domingo, 8 de outubro de 2023

O dia que fui abduzido.


A nave era imensa, da altura de um edifício de dez andares. Diria que do diâmetro das asas de um avião transoceânico, destes gigantes, e quanto à cor, era um imenso disco de cor indefinida, já que ela, segundo me explicaram, estava vinculada às várias intercorrências, principalmente as radiações cósmicas, responsáveis pelo fornecimento de energia, inesgotável no espaço sideral, e como os raios cósmicos são abundantes e altamente energéticos, viajam no espaço a velocidades próximas à da luz. 

Isto me foi contado por um suboficial que arrastava um espanhol macarrônico, enquanto éramos transportados por um fecho de luz prateada, sem piso nem teto nem paredes laterais, sem botões de comando , nada, só o vazio da luz nos conduzia em profundo silêncio, mas com um detalhe que só percebi mais tarde - não senti frio nem falta de ar - enquanto fazia a viagem desde o solo do meu quintal até o interior da espaçonave.

Fui encaminhado a uma espécie de consultório com inteligência artificial dirigido por uma médica cyborg, cuja parte humana era de uma mulher linda,  com o organismo dotado de partes cibernéticas, potencializadoras das  suas capacidades neuro-sensoriais , utilizando tecnologia de alta inteligência artificial, desconhecida por nós.

A médica mostrou-me duas micro cápsulas, fez sinal pra que eu deitasse e ficasse calmo. Com um tubo de pressão por ar comprimido, introduziu uma cápsula na narina esquerda e a seguir a outra no ouvido direito. Ouvi um zunido extremamente agudo e desmaiei. Não sei quanto tempo fiquei desacordado, mas ao voltar ao estado de consciência, estava num confortável quarto, com banheiro e vista panorâmica para o espaço. Tomei um banho, vesti a roupa que estava num cabide e sentei à cama, pois não vi porta ou mecanismo  para sair daquele compartimento. Adormeci.

Acordei com seis pessoas à minha volta e entendia tudo que falavam. O mais alto, cumprimentou-me e apresentou-se como o almirante júnior da nave. Deu as boas vindas e disse nome e patente os outros oficiais, sendo dois masculinos e três femininas. Convidou-me para almoçarmos, uma comida sem gosto, mas muito colorida, e em seguida passeamos nas partes autorizadas ou partes civis como afirmou..

E foi aí que perguntei: qual é a senha do wi-fi?

Só lembro de ter sido colocado num compartimento de luz e devolvido ao meu quintal.


É isto aí!

sábado, 7 de outubro de 2023

Sonhei com você, mas era outra você e eu não era nem eu nem seu. Sonho estranho.


Você está aqui há muito tempo? Não recordo de tê-la visto antes. Talvez passamos pela mesma rua, uma vez talvez. Talvez estávamos na mesma calçada, talvez. A questão que habita em mim é saber como não a vi quando poderia tê-la visto?
 
Desculpe o lugar comum, meio clichê, mas o que faz aqui uma moça tão linda? Não que seja proibido, não que seja ilegal, não que seja errado, não que seja isto, não que seja aquilo. Não que seja preconceito sob quaisquer atos ou espécime deles constituído. 

Como você é? Não me entenda mal ou não me entenda bem, apenas tenha paciência antes da réplica que terá. Escute, ouça, o que há de sedutor, de estranho, de atraente, de louco, de excessivamente normal ou repugnante ou plácido, ou tumultuado num lugar como este? Já perguntei seu nome? Não? É por que tive medo de ter seu nome já grafado na minha alma.

Você é real mesmo, de verdade crível? Tipo assim, sei lá, ao esmo, você é tangível? Digo, posso tocar você? Posso dizer e perguntar que você existe? Você tem arbítrio para desistir? Você desiste de desistir ou de existir? Você resiste, insiste ou desaparece do nada? Você vai embora e arrepende ou arrepende e vai embora?

Você consiste de carne, alma e mente? você desmente que amor há?

É isto aí! Ou não, nunca se sabe...


sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Como, quando e quanto sinto sua falta


Tem dia 
que o dia 
fica todo 
estranho, 

meio nublado, 
meio cinza, 
meio feio, 
meio triste.

só recente
a mente
percebeu 
que sou eu

o dia triste
a chuva
o vento frio
a saudade

então você 
estrela luzidia 
reluz e fia
minha memória.

É isto aí!



quinta-feira, 5 de outubro de 2023

todas as tensões


Fonte da Imagem: Enrique/Pixabay
Jornal Estado de Minas 03/07/2023


O tempo
está tenso
todos tensos 
todas as tensões
tensionam vidas
sacrificam vidas
aniquilam vidas
neste tempo
tenso
todo tenso
todos tensos
em todo o tempo

É isto aí!



O Grito


Alto lá
Este texto não é meu
Confesso que copiei e colei de duas fontes
Fonte da Imagem: Wikipédia
Fonte do Texto 1 : Wikipédia
Fonte do Texto 2 : Stoodi (Blog Stoodi)

Texto 1: Wikipédia

O Grito é uma série de quatro pinturas do norueguês Edvard Munch, 1893. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero. O plano de fundo é a doca do fiorde de Oslo ao pôr do sol

Autor: Edvard Munch

Data: 1893

Dimensões: 91 centímetro x 73,5 centímetro

Localização: Galeria Nacional (Noruega)

Técnica: Óleo sobre tela, Têmpera e Pastel sobre cartão


Texto 2: Stoodi (Blog Stoodi)

Quadro O grito (Edvard Munch)

Como a obra de arte é de origem norueguesa, o nome “O grito” é traduzido, sendo seu nome original Skrik. Vale ressaltar que essa pintura compõe uma série com outros três quadros, todos eles produzidos no final do século XIX pelo pintor norueguês Edvard Munch. Atualmente, os quatro quadros se encontram em Oslo, a capital da Noruega: dois no Museu Munch, um na Galeria Nacional e o outro como propriedade privada.

Em relação à sua análise, o quadro tem como plano de fundo o pôr do sol da doca de Oslofjord, em Oslo. Nele, o autor inseriu uma figura andrógina (algo que não é masculino nem feminino) sem cabelo, com uma forte expressão facial de grito e desenhada em cores frias. Tudo isso para evidenciar um momento de absoluta angústia, descrença existencial e dor acompanhada de um estado precário de saúde.

Outro ponto que merecer ser destacado no quadro é o desenho representado por linhas tortas, com intuito de dar ênfase ao clamor da figura, que emana um grito de socorro mesmo, como se as ondas sonoras saíssem de sua boca e contaminassem o ambiente ao redor. A angústia da personagem não está demonstrada apenas em seu grito, mas sim no embaralhado plano de fundo, o que sugere a distorção de mundo de uma pessoa que sofre.

Devido a todos esses elementos, um observador qualquer consegue identificar de forma quase que imediata e natural a angústia e a dor transmitidas pela figura, fato este que potencializa o impacto da obra, uma vez que propaga a sua mensagem por meio da sensibilização do público.

Poema

A versão do quadro de 1895 é a única que tem a moldura pintada pelo próprio Edvard Munch, contendo um poema que descreve de onde veio sua inspiração para desenvolver a obra.

O grito

Estava andando pela estrada com dois amigos

O sol se pondo com um céu vermelho sangue

Senti uma brisa de melancolia e parei

Paralisado, morto de cansaço…

… meus amigos continuaram andando — eu continuei parado

tremendo de ansiedade, senti o tremendo Grito da natureza.


Quem foi Edvard Munch?

Nascido em 1863 na capital da Noruega e falecido em 1944 em sua cidade natal, Edvard Munch foi um célebre pintor responsável pela obra mais famosa do movimento expressionista: O grito. Abordando em suas obras principalmente as temáticas morte e doença, estudou na Escola de Artes e Ofícios de Oslo e em Paris, onde foi muito influenciado pelas pinturas de Van Gogh e Gauguin.

Por ser um dos maiores expoentes do expressionismo, bem como por ser o pintor norueguês com maior visibilidade, foi criado em Oslo um museu exclusivo para suas obras. É importante frisar que o impacto de suas obras não foram restritos à época, visto que até hoje suas pinturas são estudadas e admiradas ao redor de todo o planeta.

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Papo de Esquina

- Eu digo que a honestidade está relacionada a dizer a verdade, mas os filósofos concordam que dizer a verdade - toda a verdade - é, às vezes, praticamente e teoricamente impossível, além de moralmente desnecessário ou até errado. 

- Entendo sua fala, mas a relação entre honestidade e verdade é muito mais sutil. Ser honesto envolve a capacidade de selecionar, de uma maneira que é sensível ao contexto, certos detalhes sobre nossas vidas. No mínimo, a honestidade exige uma compreensão de como nossas ações se encaixam ou não nas regras e expectativas da outra pessoa - qualquer pessoa com quem nos sentimos obrigados a relatar (inclusive a nós mesmos).

- Só que vocês estão esquecendo que a honestidade também está relacionada à autenticidade. Existe a relação entre honestidade e o eu. Ser honesto conosco parece ser uma parte essencial do que é preciso para ser autêntico. Somente aqueles que podem se enfrentar, com toda a sua peculiaridade, parecem capazes de desenvolver uma persona que é verdadeira consigo mesma - portanto, autêntica.

- Melhor refletir sobre tudo ou não pensar mais nisto. Muito complicado...

É isto aí!

Casos normais da vida


O quarto não era grande, mas confortável. Tinha um corredor de 25 centímetros que era o batente que dava para a área dia. Chamava área vip de noite; área vip elegante neon nas raves. Cada cômodo tinha uma lâmpada, só podia ser uma. Todo o palácio tinha três tomadas e a chave sempre caia.

A área dava para a saída e tinha anexos peculiares, a saber: banheiro conjugado lilás; cozinha de boneca claustrofóbica minimalista e lavanderia histérica sem varal, sem janela, sem passagem para Nárnia. Havia na parede uma elegante mesa basculante, de plástico, manca.

O vizinho mal humorado da frente fez uma puxadinha para o corredor até o limite da escada. A vizinha gostosinha, do lado esquerdo, fez um anexo nos degraus da escada e alugava por um aplicativo o espaço privilegiado, com vista para a praça, banheiro privativo e área de fumante.

Um dia, digo, numa noite calma e estrelada, a vizinha gostosinha bateu na minha porta, abri e entrou chorando. Fiquei com dó, fiquei com pena, achava ela gostosinha e levou dois anos para conversarmos sobre esta situação. Ela chorou e ficou mais um tempo, e depois chorou e ficou mais outro tempo.

Mês passado ela foi embora. Chorei prá caramba. Amanhã vou mudar daqui. De madrugada ela bateu na porta, eu abro, está assustada, machucada e chorando, me abraça, diz que me ama e pronto, saí antes de amanhecer o dia para levantar recursos para a nova vida. . Não sou sentimentalista, mas ela tinha mexido comigo. Voltei de noite, ela abriu a porta, estava linda. Pedi em casamento, disse não, não, não, fez sua mala e sumiu. Nunca mais vi.

É isto aí!

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Mal da Circunferência

 - Macleisson Maquilarem, quem é Macleisson Maquilarem?

- Pode entrar no consultório 3A, que o médico irá atendê-lo.

- Muito obrigado. Irei agora...

- O que o senhor está esperando?

- Nada, só uma coisa que me ateve os sentidos, mas já estou bem.

- Venha, vou levá-lo ao consultório. O médico está esperando.

- Bom dia, senhor Macleisson.

- Bom dia, a senhora é a secretaria do médico?

- Não, eu sou a médica. Algum problema?

- Sim ,muitos problemas, mas a senhora vai me examinar sem roupa?

- Se necessário, sim, mas vamos conversar primeiro, sente-se.

- (suando muito) Obrigado, vou sentar mesmo, estou precisando disto.

- Mas o que o trás aqui? O que está sentindo? 

- A senhora vai achar bobagem, mas eu ... eu ... é ... eu tenho um negócio diferente.

- Como assim diferente?

- O Seu Jatinho, é que o nome dele é Jatonaldo Ja do pai, seu Jair, To do pai Torres e Naldo da mãe Aguinaldalinda. A Dona Linda tinha certeza que era uma menina e aí ia chamar Jatonalda Linda, separado, já que a linda da mãe é junto. Mas aí nasceu o Seu Jatinho e, bem, acho que é isto. Mas o Nome dele todo é Jatonaldo Lindo das Torres Dojair.

- Bem, já que o senhor me apresentou o Sr Jatinho, onde que ele entra nesta história da sua vinda a esta unidade de saúde?

- Ah, é esqueci de onde entrava o Seu Jatinho. O caso é que amanheço confuso, saio pro pasto e esqueço do nome das vacas, aí azeda o leite, pois os bezerros ficam nervosos, aí o dia começa atazanado, aí descobri que estou pelado, aí dá vontade de ir na privada fazer as coisas, mas estou longe da casa, ai corro e aí não chego a tempo. Mas o caso é que só gosto de fazer em casa, na minha privada e de uns tempos para cá tenho feito no caminho. Até que o mato ficou até mais viçoso, sabe como é... mas aí chego em casa e não lembro por que corri tanto. Aí outro dia o Seu Jatinho teve lá em casa, ele é mascate de ervas medicinais, faz chá disto, daquilo, sabe muito o Seu Jatinho. Aí ele me examinou, bateu os ouvidos nas minhas costas, examinou as unhas dos meus pés e apertou uns pontos doloridos na minha orelha direita e depois na orelha ... na orelha .. na outra orelha e aí disse que eu padecia do Mal da Circunferência.

- Mal da Circunferência... interessante

- É doutora, ocorre quando o matuto fica rodeando nele mesmo sem sair do lugar, até mesmo para as caganças e mijanças que teimam em circunferenciar fora do centro.

- Bem, vou examinar o senhor, passarei uma bateria de exames e aguardo seu retorno.

- Mas assim sem passar nem uma cibalena sequer?

É isto aí!


domingo, 1 de outubro de 2023

Encontros estranhos

Fonte da imagem: Nosferatu, o vampiro da noite.
Direção: Werner Herzog
Roteiro Werner Herzog
Elenco: Klaus Kinski, Isabelle Adjani, Bruno Ganz


A RH - Nome?

O Anônimo- É... do que exatamente a senhorita quer um nome?

A RH   Ora, ora, um engraçadinho psicanalisado.

O Anônimo- Pelo visto somos dois os psicanalisados nesta sala. 

A RH - Saiba, senhor, que a introdução da linguagem cria uma separação entre as palavras e as coisas, num movimento que em termos lacanianos pode ser definido como uma transposição de registro.

O Anônimo- Sei disto e sei que além disso, por intermédio da simbolização, algo morre no real, onde a rigor tinha apenas ex-sistência que é um termo que Lacan toma por empréstimo a Heidegger, e emerge no simbólico, onde passa a fazer parte da realidade 

A RH - Isto mesmo, já que em Lacan difere do real enquanto registro. 

O Anônimo - Sabia que em Freud o ato fundador da ordem simbólica está ligado à morte?

A RH - Você ... você ... não me é estranho. Você faz terapia com o dr ...

O Anônimo - Por favor, não fale mais nada. Há em mim uma satisfação que almeja a pulsão de morte

A RH - É a pulsão das nossas vibrações. É o gozo, este impulso desenfreado para o prazer gerando repetição, excesso, desprazer, sensações devastadoras que estão colocando em xeque nosso equilíbrio humano.

O Anônimo - Que se dane o arco simbólico entre o real indiferenciado do gozo absoluto e o real indiferenciado da morte. Vou te beijar toda.

 A RH - Ai ai ai ui ui ui qual o seu ... no... qual o seu ... no ... ai aia ai me...aiai...


É isto aí!