domingo, 6 de outubro de 2013

A mulher que passa









A mulher que passa (Vinicius
de Moraes)





Meu Deus, eu quero a mulher que passa.


Seu dorso frio é um campo de lírios


Tem sete cores nos seus cabelos


Sete esperanças na boca fresca!





Oh! Como és linda, mulher que passas


Que me sacias e suplicias


Dentro das noites, dentro dos dias!





Teus sentimentos são poesia


Teus sofrimentos, melancolia.


Teus pêlos são relva boa


Fresca e macia.


Teus belos braços são cisnes mansos


Longe das vozes da ventania.





Meu Deus, eu quero a mulher que passa!





Como te adoro, mulher que passas


Que vens e passas, que me sacias


Dentro das noites, dentro dos dias!


Por que me faltas, se te procuro?


Por que me odeias quando te juro


Que te perdia se me encontravas


E me encontravas se te perdias?





Por que não voltas, mulher que passas?


Por que não enches a minha vida?


Por que não voltas, mulher querida


Sempre perdida, nunca encontrada?


Por que não voltas à minha vida


Para o que sofro não ser desgraça?





Meu Deus, eu quero a mulher que passa!


Eu quero-a agora, sem mais demora


A minha amada mulher que passa!





No santo nome do teu martírio


Do teu martírio que nunca cessa


Meu Deus, eu quero, quero depressa


A minha amada mulher que passa!





Que fica e passa, que pacifica


Que é tanto pura como devassa


Que bóia leve como cortiça


E tem raízes como a fumaça.


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