domingo, 6 de outubro de 2013

Soneto da devoção












Soneto da devoção (Vinícius de Moraes)





Essa mulher que se arremessa, fria


E lúbrica aos meus braços, e nos seios


Me arrebata e me beija e balbucia


Versos, votos de amor e nomes feios.





Essa mulher, flor de melancolia


Que se ri dos meus pálidos receios


A única entre todas a quem dei


Os carinhos que nunca a outra daria.





Essa mulher que a cada amor proclama


A miséria e a grandeza de quem ama


E guarda a marca dos meus dentes nela.





Essa mulher é um mundo! — uma cadela


Talvez... — mas na moldura de uma cama




Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

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