Fonte da Imagem: Steve Jobs (Steve Jobs / Divulgação/Apple)
Steve Jobs foi um personagem importante para a humanidade se preparar para o século XXI. desnecessário aqui ficar falando sobre uma pessoa que o mundo todo sabe quem é. Seu discurso em 2005, para os formandos da Universidade de Stanford, é uma aula de vida, didaticamente dividida em tres partes, que Jobs denomina de Histórias:
- A primeira história é sobre ligar os pontos.
- A segunda história é sobre amor e perda.
- A terceira história é sobre morte.
É a terceira história que manifesta minha admiração. Com a instalação de uma enfermidade crônica degenerativa, em 2010, foi desde então uma das maiores ações motivadoras da minha vida.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim:
“Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o
último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho
para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último
dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos
dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais
importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque
quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar
— caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão
para não seguir o seu coração.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu
conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já
está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da
manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu
nem sabia o que era um pâncreas.
Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de
câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis
semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que
é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às
suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10
anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à
tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha
garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma
agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado,
mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células
em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer
pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu
espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo
passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do
que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até
mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
Ainda assim, a morte é o destino que todos nós
compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser,
porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente
de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse
momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se
tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a
verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de
um outro alguém.
Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados
da vida de outras pessoas.
Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua
própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio
coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente
quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era
o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo
Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso
foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação.
Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o
Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e
sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já
tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados
de 70 e eu tinha a idade de vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior
ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse
aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
“Continue com fome, continue bobo.”
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome.
Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês
se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome.
Continuem bobos.
Obrigado.
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