sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Nunca fuja dos seus problemas.

Chegou em casa metodicamente às vinte e uma horas. Encontrou a porta do apartamento apenas encostada, achou estranho, mas nada que fosse capaz de assustá-lo, pois já ocorrera em outras ocasiões. Entrou em silêncio e dirigiu-se ao quarto, e para espanto, surpresa e dissabor, a esposa dormia sob cobertas, candidamente aos braços do Oliveira, um idiota do quarto andar.

Voltou sobre os mesmos passos para não despertar os amantes. Saiu e nunca mais voltou. Entrou no carro aos prantos, dirigiu por umas três horas, parou numa cidadezinha discreta, onde tentou dormir e não conseguiu. Na manhã seguinte seguiu sem rumo para algum lugar onde pudesse se encontrar. Rumou para a Bahia, sem motivos que justificassem, pois detestava praia.

Uma semana parando aqui, ali e acolá até chegar em Jandaíra, na divisa com Sergipe. Aquietou-se numa pousada, onde conheceu Dasdô, uma morena estonteante, educada e o melhor, de boa prosa. Dasdô tinha acabado de enviuvar, estava ali sem rumo e sem presente, e ele querendo ficar sem passado. Aquilo podia dar futuro.

Passado uns seis meses resolveu retornar, para ajeitar as coisas, cuidar do divórcio, pegar suas coisas e sobretudo, livrar-se da ferida que acabou levando-o ao seu amor. Ao chegar ao prédio, o porteiro pediu que aguardasse, enquanto chamava pelo síndico. Uns vinte minutos se passaram, a polícia apareceu e o levou à delegacia, por duplo homicídio doloso, por motivação passional. 

Naquela noite que sumiu, o casal de amantes fora assassinado por sua arma, encontrada sob a cama. Nunca conseguiu provar inocência e a viúva do Oliveira, de posse de uma pequena fortuna de seguro, vendeu o patrimônio que acumularam e mudou-se para local incerto e não sabido. Seis anos depois, livre, volta para Jandaíra, aos braços de ... hummm, tem nada disto, ninguém volta ao que acabou.

É isto aí!



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