sábado, 4 de abril de 2020

Em ritmo de fim de festa


Fim de festa. Tudo fora do lugar, a cabeça em desalinho com o corpo, a voz embargada. Saiu fechando as janelas, mandando os pensamentos adormecidos se moverem e fechou a porta. Chorou ali mesmo, imóvel, no  desconforto do adeus.

Levantou-se, recompôs os sentidos, foi na despensa e pegou uns sacos de lixo, recolheu tudo que era possível e foi acumulando num canto da cozinha. Seis sacos de histórias, contos, revelações, sonhos descartáveis, assuntos de diversas espécias, versos e controversos e outras coisas estranhas. Enfim, tudo o que há de saldo de uma festa de término melancólico e monocórdico.

Ela disse adeus com toda a  razão, teve pleno direito de dizer adeus. Teve todas as certezas do seu lado. Teve a convicção, teve o bom senso, teve a história ao seu lado, teve o tempo e a realidade apoiando sua tese, teve a paciência, a inteligência, a sensibilidade e o raciocínio lógico depondo ao seu favor. 

Fim de festa. Não dá para cobrar de quem está certa. Ela disse adeus e ele não sabia ainda onde ficará seu passado no futuro que indubitavelmente chegará. Lembrou de Sun Tzu afirmando que "Há momentos em que a maior sabedoria é parecer não saber nada". O problema é que de fato não sabia o que fazer. Pensou, pensou e num gesto de iluminação mandou Sun Tzu plantar batatas, só então sorriu da sua reflexão indômita

É isto aí!










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