quinta-feira, 30 de abril de 2020

Quando a verdade for flama - Thiago de Mello


As colunas da injustiça
sei que só vão desabar
quando o meu povo, sabendo
que existe, souber achar
dentro da vida o caminho
que leva à libertação.
Vai tardar, mas saberá
que esse caminho começa
na dor que acende uma estrela
no centro da servidão.
De quem já sabe, o dever
(luz repartida) é dizer.
Quando a verdade for flama
nos olhos da multidão,
o que em nós hoje é palavra
no povo vai ser ação.

Quadro de Tarsila do Amaral:
"Operários" de 1933 – Óleo sobre tela (150 x 205 cm) . Acervo dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo (Palácio Boa Vista –  Campos do Jordão –  São Paulo –  Brasil)

Poema de Thiago de Melo:
Escritor e tradutor amazonense, com obras traduzidas para mais de trinta idiomas, é conhecido também como o poeta da floresta. Sua escrita é comprometida com as causas sociais e ambientais, especialmente, a conservação da Amazônia.
Perseguido durante o regime militar no Brasil, exilou-se no Chile por dez anos, porém não abandonou a escrita. Dentre suas obras mais conhecidas estão: Faz escuro mas eu canto (1965), A canção do amor armado (1966), Poesia comprometida com a minha e a tua vida (1975), Os estatutos do homem (1977) e Mormaço da floresta (1984). Em 1975, o livro Poesia comprometida com a minha e a tua vida foi premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte. Essa premiação possibilitou que o escritor fosse reconhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta pelos direitos humanos.

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