segunda-feira, 20 de abril de 2020

Uma pequena viagem ao interior.


Dia destes acordei estranho, e não era manhã, era noite ainda, ou melhor, já era noite de um dia zero, onde começou o que sempre achei ser lenda urbana, conto para despertar sorrisos. Acordei numa noite totalmente silenciosa. Tateei meu corpo, certifiquei que estava ali fisicamente, recorri a pensamentos lógicos como nome, idade, coisas que só eu sei, cálculos matemáticos simples, e verifiquei que eu era eu mesmo, e era noite.

Só então percebi que estava no campo aberto, o céu era o céu, mas as estrelas estavam numa posição diferenciada, não reconheci aquele céu. Duas luas clareavam o ambiente, uma prateada e a outra azulada. Havia um silêncio absoluto, você já experimentou um silêncio absoluto? Experimente entrar numa câmara anecoica, ou seja, uma cabine totalmente à prova de sons. Após alguns segundos ouvirá dois sons: um agudo, produzido por seu sistema nervoso, e outro grave, gerado pela circulação do sangue nas veias.

Pude ouvir também meus próprios batimentos cardíacos, os pulmões em atividade respiratória e até mesmo pequenos ruídos emitidos pelo estômago, e depois e algum tempo comecei a experimentar alucinações bizarras, outras prazerosas e outras assustadoras. E todas estas alucinações estavam lucidamente dentro da minha mente, não vinham do exterior. Algumas vezes gritei, outras chorei, outras fiquei aterrorizado.

Na medida que as alucinações avançavam, fui ficando calmo, percebi uma necessidade, o termo que encontro, de levitar. Levitei até a altura da copa de uma árvore que desconheço. Ali estabeleci contato com cinco seres interiores, sendo o primeiro o Medo, depois a Tristeza, depois a Alegria, depois veio a Raiva e por fim o Afeto. Cada um revelou-se dentro de mim, mostrou suas dores e suas conquistas.

Foi quando me dei conta que eram minhas emoções, e elas existem tanto quanto eu. Não se separam, não brigam entre si, não prejudicam umas às outras. Era minha vida que as fazia estabelecer parâmetros, uns bons, outros não tão bons. Foi uma noite intensa, longa, num céu que desconhecia, que habita dentro de mim, meu mundo particular, onde nunca estive. 

Voltei para refletir sobre estas coisas. Quantas vezes me feri por desrespeitar minhas emoções, quantas vezes errei por contrariar minha natureza humana? Nunca mais fui o mesmo.

É isto aí!


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