sábado, 4 de outubro de 2014

Vai dormir

Na suíte:

Norberto, acorda Norberto, acorrrdaaa...

Hã.. hã... o que foi Amélia?

(sussurrando) Tem alguém aqui dentro do apartamento...

Hã.. como é que é? Alguém aqui dentro?

(sussurrando) fala baixo... pssssch... fala baixo.

Amélia, para de comer muito de noite. Você deve ter ouvido o som dos seus gases.

É assim? É assim? Então eu vou conferir, e provar que tem alguém aqui.

Vai dormir, Amélia. Quem vai entrar neste edifício de portaria tripla, segurança digital nos elevadores com vigilantes 24 horas? Pago um absurdo de condomínio e você acha que um meliante conseguiria passar por uma dúzia de pessoas, metade armada, entraria no prédio sem acionar os alarmes, acessaria o elevador com dezenas de câmeras por todos caminhos, sendo duas dentro dele, digitaria a senha correta de oito números e três letras depois do reconhecimento digital, chegaria ao décimo primeiro andar, conseguiria passar pelo sistema de sensores de movimento, desviaria das câmeras de segurança do andar, e por fim abriria nossa porta de dupla trava eletrônica de comando inteligente? E agora estaria andando aqui dentro? Sinceramente Amélia, este cara merece um prêmio.

É. Eu sei. Você escolheu a dedo este condomínio e me prendeu aqui para que ficasse seguro da sua masculinidade.

Mas o que é isto agora? Está discutindo relação às, que horas são?

Uma e quinze

Esta discutindo relação à uma e quinze, Amélia? Vai tomar um calmante, vai.

Não sei se devo responder a esta provocação falando sobre a sua ineficiente obrigação matrimonial.

Já acabou? Posso dormir agora?

Pode, vou sair e assistir Tv na sala, pode deixar que fecharei a porta do quarto e do corredor para não te acordar. É, quer saber? Você está certo. Devia estar sonhando mesmo. Vou tomar uma água e se encontrar o meliante vou dar um prêmio para ele.

Isto, vai mesmo e me deixa dormir.

Pode dormir, amor, volto logo.

Na cozinha:

Por quê demorou tanto?

Você que danou a fazer barulho e eu achei que tinha acordado o Norberto. Então tive que ter certeza de que voltaria a dormir.

Foi sem querer, pois na pressa para entrar, empurrei a porta com muita força, esbarrei na cadeira, cai segurando na mesa e para completar o susto, o vaso de flor quase foi ao chão, e se não fosse rápido, teria sido pior. Mas vem cá, me beija que isto tudo passa.

Você é muito bobinho, mas é o mais gostoso de todos os vizinhos... Arnaldo...ai, Arnaldo, não para, não para, não para não...

É isto aí!






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