Este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Fonte: InformaçãoIncorrecta
12 Maio, 2020
"Não existe a verdade. “Verdade” é o que nós decidimos ser verdade. Somos nós que construimos a verdade. Então o que temos que fazer é só fixar as nossas prioridades e assumir as consequências das nossas escolhas. Temos que decidir quem somos, porque, caso contrário, alguém estará certamente a decidi-lo por nós."
Lembramos: a credibilidade é uma moeda que viaja sobre a emoção, não sobre a racionalidade. Importa? Sim, e muito, porque para entender o que se está a passar nestes meses, e também para tentar mudar o panorama, é necessário entender como funciona a “máquina Homem”. Isso é: nós.
Ponto um: ninguém muda de ideias por razões racionais, nunca, nem mesmo o Leitor ou eu. Estruturamos as razões racionais a posteriori, depois, quando já decidimos mudar de ideias, de modo a não nos sentirmos demasiado parvos. Mas a mudança é algo repentino, não pensado: é uma faisca que a seguir pretendemos fundamentar com a racionalidade. E se não encontrarmos suficiente racionalidade, somos nós próprios que a criamos.
Para começar uma mudança, tudo o que precisamos é um desconforto, algo que podemos chamar de “dor”. Nada de grave: uma dor leve, como uma dor de barriga. As pessoas fazem o resto sozinhas: como sabem muito bem aqueles que trabalham em processos de mudança perceptiva das massas, lutar para fornecer a informação perfeita para um ou outro grupo alvo é inútil. Aqueles que experimentam esta dor passam então à racionalidade e procuram eles próprios a informação que melhor os satisfaz, os dados que proporcionam o apoio adequado para a ideia que querem tornar deles.
É o mecanismo de “criação de motivações racionais”, o mesmo que utilizamos quando por exemplo escolhemos encerrar uma relação com uma pessoa: bastará exagerar qualquer mal-entendido para concluir que “somos demasiado diferentes” ou que “tentámos de todas as maneiras mas…”. Para outros serão necessárias razões mais marcantes ou mais profundas, tais como uma traição mais ou menos real ou problemas complicados e obscuros de compreensão e partilha das prioridades da vida.
Da mesma forma, para mudar de opinião sobre questões políticas, culturais, sociais ou de actualidade, algumas pessoas precisarão apenas de artigos cheios de pontos de exclamação e ícones coloridos. Outros vão precisar da palavra de alguém que amam até sem o conhecerem, mesmo que seja só porque ele chuta uma bola ou cozinha na televisão. Outros ainda terão de ler artigos de diários ou editoriais bem escritos e pensados. E há quem encontre estudos científicos, necessários, elogiados por Organismos Supremos, ou talvez censurados em todos os lados e escondidos pela BigPharma.
É assim que funciona boa parte da informação alternativa e dos media: trata-se duma escolha, passa-se a realidade pela peneira e retira-se apenas aquilo de que mais precisamos. É uma questão de gosto: o processo não muda, é sempre o mesmo. Todos precisamos apenas de justificar aquilo em que precisamos de acreditar, encontrando razões convincentes para acreditar.
Mas se não é fornecendo estudos, receitas, explicações e motivações lógicas que se é levado a acreditar em alguma coisa, então como se faz? Já todos viram como se faz: um Ministro da Saúde vai para a televisão e grita: “Morreram 270 crianças de Covid-19 em Londres no mês passado!”. Isso não é verdade, é uma mentira, mas o que é que isso importa? A mensagem visa estimular o medo atávico da doença, o instinto de proteger a prole, a necessidade de sentir-se seguro, o desejo perene de sentir que as “Grandes Forças” libertam do mal. Intercedem por nós, salvam-nos do apocalipse. Trata-se de uma mensagem absolutamente perfeita para a influência social. Credibilidade? Não é necessária.
Mas não é preciso ser Ministro da Saúde para desencadear o tal desconforto e catalisar uma mudança de perspectiva. Nas redes sociais, qualquer mensagem que se torne viral, por mais “verdadeira” ou “credível” que possa parecer, pode ter o mesmo efeito. Pode explorar os mesmos mecanismos, idênticos, de medo, rejeição, ternura, raiva, curiosidade, etc., para iniciar mudanças perceptivas, reelaborações da realidade e da identidade. Foi por isso que está a ser utilizada a censura: alguém sente que estamos a roubar-lhe o seu terreno de jogo.
Agora, porém, concentrem-se: não estou a falar apenas daquilo em que os outros acreditam, aqueles que lá estão, o público ingénuo, os analfabetos funcionais. Estou a falar de nós, o Leitor e eu, claro. Estou a falar de como é possível sentir-se seguro, fora da multidão porque “compreendemos” e “não nos deixamos influenciar”. Sim: sentimo-nos como superiores, mas com modéstia, reconhecemos que são eles, os que estão lá, que não entendem, não somos nós que somos mais inteligentes.
Sejamos realistas, é assim que funciona para o Leitor e para mim também. Funciona para todos porque somos animais com mecanismos que actuam segundo padrões bem conhecidos. A única verdadeira diferença é entre quem repara nisso e quem não repara. Enquanto não conseguirmos olhar para nós e admitir que somos iguais aos outros, continuaremos simplesmente a obedecer. Repito: obedecer. É este o perigo porque negar que o tal mecanismo actue também sobre nós significa considerar-se “superior” e não manipulável: é exactamente nesta altura que ficamos mais manipuláveis e vítimas do “esquema”.
Então: um banho de humildade? Mais do que isso, a chave é definir a nossa existência, a nossa identidade. Somos o que somos, nem melhores nem piores do que os outros. E, tal como os outros, estamos sempre expostos aos perigos da manipulação, nunca estamos imunes.
Dúvida: mas se todos podemos ser manipulados em qualquer altura, como é possível definir a nossa identidade? Onde fica a verdade não manipulada?
Surpresa: não existe a verdade. “Verdade” é o que nós decidimos ser verdade. Somos nós que construimos a verdade. Então o que temos que fazer é só fixar as nossas prioridades e assumir as consequências das nossas escolhas. Temos que decidir quem somos, porque, caso contrário, alguém estará certamente a decidi-lo por nós.
Ipse dixit.
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