Mandou mensagem para que ela descesse, pois estava difícil arrumar vaga para estacionar. Chuva, frio e todos os carros da cidade estacionados na expiação relativa ao modo particular como se está executando esta luta entre seres unicelulares e seres pluricelulares equipados com polegar opositor e cérebro dotado de emoções, linguagem e percepções sensoriais.
No semáforo, ela respondeu que ele subisse, pois tinha uma surpresa que iria gostar muito. Leu a mensagem e logo excitou sua mente com a única possibilidade com a qual teria completo prazer em ser surpreendido. Achou uma vaga três quarteirões abaixo. Saiu, abriu o guarda-chuva e logo uma viatura travou na sua frente. Foi multado por não portar máscara. Voltou para o carro, refletiu sobre o assunto e resolveu colocar a cueca como máscara. Deu certo.
Subiu a ladeira molhando toda a roupa, pois na raiva esqueceu o guarda-chuva. Chegou na portaria e o seu João não abriu. Pediu que se identificasse. Falou o nome, o apartamento e a namorada que o aguardava. Seu João disse que estava enganado. Não havia ninguém ali com este nome. Tem, não tem, tem não tem, tirou a cueca da cabeça e só então seu João o reconheceu.
Abriu a porta e o indicou o elevador, e aproveitou para explicar como usar os palitos presos no isopor, ao lado da porta e o cuidado com os comandos, pois o elevador está agarrando em alguns andares. Mais calmo, tornou a pensar na surpresa. A porta abriu no andar anterior, a lâmpada do corredor queimada, bateu acampainha, ela abriu, o apartamento todo escuro e ali já iniciaram uma epopeia épica.
Tateou a saída duas horas depois, e ao descer buscou pelo celular, e não encontrando, voltou ao apartamento, com a roupa toda molhada e com a cueca mascarando a face. Desta vez o andar estava com luz e a sala estava iluminada. Ela abriu, fez uma leitura bizarra da situação estranha e chamou os pais dele que estavam ali para o seu aniversário. E foi assim que terminou o relacionamento.
É isto aí!
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