quarta-feira, 20 de maio de 2020

Maurinho e as cobras


Maurinho Tutameia era um sujeito pacato, amado por todos e deu que seu dia, digo, sua noite chegou. Sentiu-se mal na sala, assistindo a qualquer coisa. A esposa levantou-se, cutucou o marido, deu um safanão para ver se reagia, e foi bater na casa do vizinho, Tião Remela.

Tião veio com sua bermuda de brim velha, larga e segura por uma corda, camiseta regata e uma sandália de cada par. Chamou pelo compadre, conferiu se ainda tinha pulso e sugeriu que a mulher chamasse a ambulância.

Trinta minutos depois davam entrada no hospital e ela reclamando que o cabelo estava desarrumado, não havia ainda tomado banho e estava sem a base, os cremes, e em batom conseguiu passar. - Ah! Maurinho, olha o estado com o qual tenho que acompanha-lo ao hospital, disse brava ao marido agonizante.

Naquela noite choveu torrencialmente, com relâmpagos, ventos e tragédias suburbanas. Às três e quinze da manhã recebeu o comunicado que o marido falecera.A primeira coisa que disse foi  .
- Morreu logo de madrugada, puxa vida, e logo com chuva, ele sabe que meu cabelo não combina com chuva..

Deu que ligou para a sua irmã:
- Tinha que ser, não é Lili? Tinha que dar trabalho desta forma, comentou a cunhada, fazendo a gente acordar numa hora destas. Não tem pele e cabelo que dê conta de chuva, vento e madrugada.

Depois ligou para a sua mãe:
- Mas olhe para o lado bom, Lili, ele está morto! Afirmou a sogra.

Só então lembrou da filha:
- Filhinha, estou arrasada, seu pai nos deixou...
- Vocês finalmente separaram?
- Sim, filha.
- Graças a Deus, mamãe, acho que ele demorou demorou demais por que te aguentar, não é???
- Filhinha, seu pai faleceu, está morto. estou no hospital.

Ligou para a sogra:
- Dona Filó, o Maurinho ... o Maurinho ...
- Morreu, não é Lili? Eu já esperava. Não me ouviu, não quis tomar soro antiofídico, agora pelo menos descansou.

É isto aí!

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