quinta-feira, 14 de maio de 2020

O Mago da Pitangueira e o Caos


Eis que subo o Monte da Contemplação, o mais alto ponto geográfico do Reino, para encontrar-me com o Mago da Pitangueira. Geralmente abomina visitas, mas abre exceção desde que eu seja breve e pontual.

- Mestre, como venceremos esta batalha contra o mundo invisível dos microscópicos seres unicelulares?  

- Meu filho, esta batalha está perdida.

- Mas, Mestre, a tecnologia, as vacinas, a ciência?

- Diga-me, filho, quem veio primeiro - o ovo ou a ave?

- Hummm. Diga-me Mestre, e o amanhã? E a vida?

- Meu filho, há vida após a vida, mas não é esta a resposta que deseja. O amanhã como entende, não existe mais.

- Como assim, não existe mais?

- Meu filho, bastou esta pequenina mudança na rotina do mundo, para  trazer conseqüências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro, imprevisíveis e caóticas.

- Caóticas, Mestre? Então é caos?

- Sim, e daqui para frente todas as condições serão possíveis. O quantum energético deste ser microbiológico alterou o padrão comportamental do mundo, assim veremos cataclismos, tragédias, o terror no rosto de alguns e nas mãos de outros.

- Mas deve haver alguma saída, Mestre. E se isto tudo for mentira. E se for uma manobra de engenharia social?

- Meu filho, uma vez dada a largada do caos, independente da origem, é como acender o pavio que leva ao barril de pólvora. Enquanto todo o processo não for atravessado, destruído e reconstruído, não estará acabado. 

- Mas quem faria uma coisa destas, Mestre?

- Meu filho, só mãos humanas são capazes de acender um pavio ... só mãos humanas ...

- Gratidão, Mestre!

- Vá, meu filho, mas prepare-se para a dor que está batendo à porta.

É isto aí!

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Gratidão!