quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Uma valsa vienense ao seu adeus



Bateu com o martelo na ponta do dedo indicador da mão esquerda enquanto pregava um quadro horrível de alguém que detestava, na parede da memória, no corredor do pensamento. As lágrimas correram imediatamente, mas não gritou. Não valia a pena chorar nem sequer expressar outra emoção por aquela pessoa do retrato, não valia a pena chorar naquele corredor de más lembranças, nem por aquele infortuito pensamento nem pela pessoa do retrato.

Há muito tempo a história já acabara. Há muitos anos queria ir embora, mas continuou como um abajur abandonado no criado mudo da vida. Um amor não acaba, ele simplesmente nunca existiu, refletia da janela de frente para o vazio cinza dos fundos do prédio cinza desbotado em frente ao seu quarto. . 

Estava ficando cansado de sempre velar pela superação, sabe aquela história de que poderia ser uma história linda, se ... se ... não tem esta merda deste se, bradava aos pardais que sobrevoavam suas ideias. O coração ia da alma à boca aguardando o ponto final que nunca chegava. Jogara a toalha há muitos anos, e ela fingia não entender que a vida segue muito melhor sem a sua companhia. 

A verdade é que a verdade acaba sempre antes do fim, já que nunca sabemos o que a outra parte espera como próximo ato. Foi se moldando continuamente, mas às vezes desandava em completa solidão finalmente  decidiu não se diminuir mais para viver um flagelo surtado em aparente relacionamento normal. Não teve coragem de sair pela porta da sala, olhar nos olhos que lhe faziam mal. Fugiu furtivamente para dentro de si e nunca mais saiu de lá. 

Foi encontrado por uma patrulha de pensamentos bons, decentes e iluminados, quando faziam a ronda na fase Rem. Trouxeram-lhe à luz da razão. Acordou decidido, olhou para a pessoa inominável, disse adeus e partiu sem olhar para trás, quando ouviu o bradar do ódio - já vai tarde, seu idiota ... aquilo foi uma valsa vienense ao seu adeus.

É isto aí!




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