quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Um caso de amor


Fonte gravura: Forró pé de Serra

Chegou no baile no avançar da hora. Baile na roça começa 19 hs e vai atééé 23 hs no máximo. Chegou aperreado, acabrunhado, abatido, prostrado, entristecido, ferido no amor-próprio, humilhado, transtornado e vexado. O cabra estava tão para baixo, mas tão para baixo que a testa parecia tocar chão.

Foi se achegando meio bisonho, se consertando no traje simples, sem muita confiança, pouca segurança, desequilibrado das firmezas quanto a si mesmo, muito tímido, acanhado e assustadiço. Não olhava para a frente, nem para os lados, nem para arriba nem para baixo. Naquela hora só tinha olhos para a caipirinha mais linda  dentre todas as prendas mais lindas do mundo.

Apeou do desconforto interior, chegou quase que por atração gravitacional bem pertinho, bem coladinho, bem pareado com Nisinha, a musa dos seus sonhos, das suas histórias e do seu coração. Agora tudo era paz e relaxamento - estava ali, do ladinho dela. Deu um volteio ligeiro no próprio eixo vertical e pronto, olhos nos olhos. 

Entreolharam-se, ela não se aguentando dentro do seu vestidinho de chita, ele se contorcendo de bem querer / mal querer, e naquele momento onde a coragem só se explica nos casos de amor, saiu de dentro da sua alma uma incontestável e verossímil frase autoexplicativa que custou-lhe anos para remir.  

Pegou trêmulo as mãozinhas calejadas da moça e falou a verdade que estava ali como prova do seu sentir -  Nisinha, eu quase não vim por causa da carreirinha, mas no súbito de não perder a prosa contigo, o espaço entre os barros diluídos e ardentes aumentou,  mas deu que ao adentrar no arraial, o bagulho nas tripas se encurtou e estou agora aqui para te dizer que estou frouxo, te amo, casa comigo, mas digo logo por que estou todo cagado neste momento como prova do meu amor por você ... 

Ela o tomou pelo braço, o levou até sua casa, cuidou do seu amor e viveram felizes para sempre!

É isto aí!

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